... de uma coleção de 18 cartas...
que se encontra em... http://luisantoniofreire.blogspot.com/
luisantoniofreire_two
...intro 1... jean-paul-sartre já dizia... "não vai dar certo..."
...meus caros amigos...
algo radicalmente diferente está acontecendo agora...
antes... no blog anterior...
tudo começava com o clássico...
... querido filho tauê...
... querido filho peter...
agora... não será mais possível...
começar o "blá-blá-blá" dessa forma...
bem que eu... no fundo... queria...
acho que é porque sempre tive muita dificuldade...
em mudar...
em me deslocar...
em experimentar algo novo...
e... esse "fenômeno" da super-inércia...
talvez explique... o porque de eu ter tentado...
nesses últimos dias... pensar numa "fórmula"...
onde eu pudesse manter o... ( já tradicional )...
... querido tauê...
... querido peter...
mas... o problema é que... neste caso...
eu estaria... "fazendo-de-conta"... que eu estava escrevendo só para eles dois...
quando... na verdade... eu estaria completamente-consciente...
de que... eu estava... na verdade... escrevendo num blog-público...
( e não para eles dois apenas... como foi... realmente o caso anterior...)
e... nessa tentativa de equacionar esse pequeno detalhe...
( da mudança... ou não... do tradicional... "querido tauê...querido peter"...)...
ou melhor... dentro de uma tentativa quase-que-obsessiva...
de pensar em alternativas que freiassem a nova realidade-histórica...
que impunha um novo endereçamento ao discurso blá-blá-bláziânico...
...considerei ainda...
a possibilidade de simular um discurso direcionado ao tauê e ao peter...
e... no entanto... sabendo que ele iria acabar sendo direcionado...
a um leque maior de pessoas...
tudo isso... para tentar conservar... o estado-de-coisas anterior...
é.... é a inércia...
é... a resistência à mudanças...
algumas pessoas tem mais...
outras menos...
--- --- ---
mas tal projeto... não iria dar certo...
me lembrei do jean-paul-sartre...
ele dizia que... é impossível alguém enganar-se a si próprio...
isso porque... neste caso...
o enganador e o enganado... são a mesma pessoa...
portanto... o enganado assiste... ( de camarote )...
ao que o enganador está planejando...
( já que são a mesma pessoa...)...
portanto... não há solução para o problema da conservação...
do... "querido tauê... querido peter..."...
infelizmente... vou ter que mudar...
vou ter que mudar para... "meus caros amigos"...
não tem jeito...
vou ser obrigado... dessa vez...
a encarar a realidade...
não estou escrevendo apenas para voce... tauê...
nem apenas para voce... peter...
estou... escrevendo para algumas outras pessoas simultaneamente...
e... isso é mais intenso...
consome mais... adrenalina...
o surf agora não está mais em waikiki...
está em sunset beach...
e... essa tensão...
deve provavelmente gerar...
uma perda-na-qualidade dos escritos blá-blá-bláziânicos...
antes quando eu escrevia só para voces...
eu estava num... porto-seguro...
estava escrevendo para pessoas ( voces )...
que eu me sinto... completamente à vontade...
agora... não sei mais...
para quem estou escrevendo...
e esse não-saber...
cria uma angústia...
e essa angústia...
deverá... provavelmente... gerar...
uma perda-de-qualidade no trabalho...
mas... vamos ver o que o tempo dirá...
na pior das hipóteses...
há sempre o botão "delete"...
para ser acionado...
até já...
tudo-de-bom...
um grande abraço...
...luis antonio....
algo radicalmente diferente está acontecendo agora...
antes... no blog anterior...
tudo começava com o clássico...
... querido filho tauê...
... querido filho peter...
agora... não será mais possível...
começar o "blá-blá-blá" dessa forma...
bem que eu... no fundo... queria...
acho que é porque sempre tive muita dificuldade...
em mudar...
em me deslocar...
em experimentar algo novo...
e... esse "fenômeno" da super-inércia...
talvez explique... o porque de eu ter tentado...
nesses últimos dias... pensar numa "fórmula"...
onde eu pudesse manter o... ( já tradicional )...
... querido tauê...
... querido peter...
mas... o problema é que... neste caso...
eu estaria... "fazendo-de-conta"... que eu estava escrevendo só para eles dois...
quando... na verdade... eu estaria completamente-consciente...
de que... eu estava... na verdade... escrevendo num blog-público...
( e não para eles dois apenas... como foi... realmente o caso anterior...)
e... nessa tentativa de equacionar esse pequeno detalhe...
( da mudança... ou não... do tradicional... "querido tauê...querido peter"...)...
ou melhor... dentro de uma tentativa quase-que-obsessiva...
de pensar em alternativas que freiassem a nova realidade-histórica...
que impunha um novo endereçamento ao discurso blá-blá-bláziânico...
...considerei ainda...
a possibilidade de simular um discurso direcionado ao tauê e ao peter...
e... no entanto... sabendo que ele iria acabar sendo direcionado...
a um leque maior de pessoas...
tudo isso... para tentar conservar... o estado-de-coisas anterior...
é.... é a inércia...
é... a resistência à mudanças...
algumas pessoas tem mais...
outras menos...
--- --- ---
mas tal projeto... não iria dar certo...
me lembrei do jean-paul-sartre...
ele dizia que... é impossível alguém enganar-se a si próprio...
isso porque... neste caso...
o enganador e o enganado... são a mesma pessoa...
portanto... o enganado assiste... ( de camarote )...
ao que o enganador está planejando...
( já que são a mesma pessoa...)...
portanto... não há solução para o problema da conservação...
do... "querido tauê... querido peter..."...
infelizmente... vou ter que mudar...
vou ter que mudar para... "meus caros amigos"...
não tem jeito...
vou ser obrigado... dessa vez...
a encarar a realidade...
não estou escrevendo apenas para voce... tauê...
nem apenas para voce... peter...
estou... escrevendo para algumas outras pessoas simultaneamente...
e... isso é mais intenso...
consome mais... adrenalina...
o surf agora não está mais em waikiki...
está em sunset beach...
e... essa tensão...
deve provavelmente gerar...
uma perda-na-qualidade dos escritos blá-blá-bláziânicos...
antes quando eu escrevia só para voces...
eu estava num... porto-seguro...
estava escrevendo para pessoas ( voces )...
que eu me sinto... completamente à vontade...
agora... não sei mais...
para quem estou escrevendo...
e esse não-saber...
cria uma angústia...
e essa angústia...
deverá... provavelmente... gerar...
uma perda-de-qualidade no trabalho...
mas... vamos ver o que o tempo dirá...
na pior das hipóteses...
há sempre o botão "delete"...
para ser acionado...
até já...
tudo-de-bom...
um grande abraço...
...luis antonio....
...intro 2... retornando ao "espírito-das-18-cartas"...
...
... oi... com'é que tá...?
... tudo tranquilo...?
... é... realmente...
... o que eu gostava mesmo... era do blog anterior... ( o das 18-cartas )...
lá eu estava com os pés-no-chão...
lá eu tinha um referencial...
o referencial da minha própria história...
tantas vezes "navegada" por minha mente...
na época em que eu caminhava...
dentro d'água...
dentro do piscinão natural de ala moana...
caminhada diária...
recomendada pela acupunturista...
que me ajudou a me curar da crise brabérrima do nervo ciático...
caminhada diária... antes da natação diária...
devagarinho... eu... minha amiga acupunturista... e... o mar...
devagarinho... dia após dia... interagindo com as células do corpo-humano...
devagarinho... realizando as reações físico-bio-químicas...
íamos... junto com uma alimentação saudável...
criando condições de uma melhora... gradativa...
até a cura total...
mas... durante a fase da crise braba...
eu não podia andar... e... não podia sentar...
me arrastava de táxi da pousada tipo hostel perto da faculdade...
pedia para me levar até a praia de ala-moana...
ia deitado no banco-de-trás...
me arrastava do táxi para a beira-d'água...
e lá... sim... tudo voltava ao normal...
com a gravidade-zero típica de quem está imerso na água...
tudo volta ao normal...
tudo se encaixa normalmente...
o disco da vértebra deslocada... parece que encontra seu caminho de volta para "casa"...
é realmente uma boa terapia...
para quem tem dores na coluna...
um banho de mar... ou piscina...
em suma... um lugar onde a gravidade...
não exista mais...
--- --- ---
e... voltando ao "menu-principal"...
ou seja... ao assunto do início desse texto...
sinto que...
a tendencia é a de que...
parece que tudo está tendendo a voltar...
ao espírito do blog-anterior...
ou seja... a um relato da história-da-minha-vida...
em outras palavras...
percebí... agora... nesse exato instante...
que não tenho muito talento para escritor-de-ficção... não...
meu negócio é...
continuar no "feijão-com-arroz"...
ou seja... no relato da história-da-minha-vida...
que é algo mais simples...
talvez... algo bem mais viável...
bem mais possível...
pois... ao relatar a história-da-minha-vida...
estou descrevendo algo que já existe... de concreto...
estou descrevendo algo que conheço bem...
... não só por tê-la vivenciado... ( é claro )...
... mas também.. por ter.... ao longo dos anos...
mastigado... curtído... refletído sobre ela..
.
...sempre que estou caminhando numa praia...
ou... sentado numa privada...
--- --- ---
portanto... tal história é um objeto...
onde... conheço bem...
... não só visualmente...
mas... também... por apalpá-la...
e... sentí-la como alguém sente... com o tato...
uma anatomia... um relêvo... uma textura...
--- --- ---
sendo assim...
... adeus à pretensão de querer ser...
um escritor-de-ficção...
conforme ficou demonstrado nesses dois primeiros rascunhos...
desse novo ciclo... ( ciclo "two"...?...)...
...o texto se direcionou... mais uma vez...
rumo ao terreno da auto-biografia...
...( no caso... à história do tratamento da crise-do-nervo-ciático )...
portanto... não vou insistir mais...
aceito... com prazer...
o retorno ao projeto anterior..
... ao projeto de uma espécie de auto-biografia...
.( sempre aberta à outras reflexões... é claro...)...
a diferença é que agora...
não estou sozinho apenas com o tauê... e o peter...
estou com vocês também...
presença que... ( confesso )...
às vezes me "assusta" um pouco...
mas... tudo bem...
muitas vezes o "monstro" não é tão monstruoso...
quanto parece...
--- --- ---
em resumo:
sinto um pouco a falta... da exclusividade que eu tinha...
com o tauê... e o peter... ( no ciclo anterior...)...
lá eu estava bem à vontade...
agora... sinto que... às vezes...
forças invisíveis... ficam... ocasionalmente... me sugerindo...
...que eu... "cale-a-boca"...
a barra agora é... um pouco mais...
..."barra-pesada"...
mas tudo bem...
a vida é um aprendizado...
quando é que eu...
ao respirar-fundo...
numa respiração-yogue-libertadora...
irei dar o passo...
...um passo mais psicológico do que concreto...
rumo a uma escrita dirigida à mais pessoas...?...
--- --- ---
sei que é assustador...
o mundo se revela... muitas vezes... de uma forma cruel...
...ameaçadora...
mas... ainda bem... que existe a yoga...
uma yoga que nos ajuda a respirar...
a lidar com esse mundo... tantas vezes inóspito...
... de uma forma gandhiana...
amorosa...
pacífica...
...perdoando aqueles que ainda não encontraram um caminho bom...
um caminho saudável...
... compreendendo o mundo...
tentando não nos alienarmos tanto...
tentando falar-baixinho...
amorosamente... com as pessoas que estão conosco...
esse papo está até parecendo um "sermão"...
portanto...
...calo minha boca...
para não criar conflito...
... com as...
...tais...
...forças-invisíveis...
que estão... ocasionalmente nos pedindo para... "calar-a-boca"...
... um grande abraço...
...luis antonio...
... oi... com'é que tá...?
... tudo tranquilo...?
... é... realmente...
... o que eu gostava mesmo... era do blog anterior... ( o das 18-cartas )...
lá eu estava com os pés-no-chão...
lá eu tinha um referencial...
o referencial da minha própria história...
tantas vezes "navegada" por minha mente...
na época em que eu caminhava...
dentro d'água...
dentro do piscinão natural de ala moana...
caminhada diária...
recomendada pela acupunturista...
que me ajudou a me curar da crise brabérrima do nervo ciático...
caminhada diária... antes da natação diária...
devagarinho... eu... minha amiga acupunturista... e... o mar...
devagarinho... dia após dia... interagindo com as células do corpo-humano...
devagarinho... realizando as reações físico-bio-químicas...
íamos... junto com uma alimentação saudável...
criando condições de uma melhora... gradativa...
até a cura total...
mas... durante a fase da crise braba...
eu não podia andar... e... não podia sentar...
me arrastava de táxi da pousada tipo hostel perto da faculdade...
pedia para me levar até a praia de ala-moana...
ia deitado no banco-de-trás...
me arrastava do táxi para a beira-d'água...
e lá... sim... tudo voltava ao normal...
com a gravidade-zero típica de quem está imerso na água...
tudo volta ao normal...
tudo se encaixa normalmente...
o disco da vértebra deslocada... parece que encontra seu caminho de volta para "casa"...
é realmente uma boa terapia...
para quem tem dores na coluna...
um banho de mar... ou piscina...
em suma... um lugar onde a gravidade...
não exista mais...
--- --- ---
e... voltando ao "menu-principal"...
ou seja... ao assunto do início desse texto...
sinto que...
a tendencia é a de que...
parece que tudo está tendendo a voltar...
ao espírito do blog-anterior...
ou seja... a um relato da história-da-minha-vida...
em outras palavras...
percebí... agora... nesse exato instante...
que não tenho muito talento para escritor-de-ficção... não...
meu negócio é...
continuar no "feijão-com-arroz"...
ou seja... no relato da história-da-minha-vida...
que é algo mais simples...
talvez... algo bem mais viável...
bem mais possível...
pois... ao relatar a história-da-minha-vida...
estou descrevendo algo que já existe... de concreto...
estou descrevendo algo que conheço bem...
... não só por tê-la vivenciado... ( é claro )...
... mas também.. por ter.... ao longo dos anos...
mastigado... curtído... refletído sobre ela..
.
...sempre que estou caminhando numa praia...
ou... sentado numa privada...
--- --- ---
portanto... tal história é um objeto...
onde... conheço bem...
... não só visualmente...
mas... também... por apalpá-la...
e... sentí-la como alguém sente... com o tato...
uma anatomia... um relêvo... uma textura...
--- --- ---
sendo assim...
... adeus à pretensão de querer ser...
um escritor-de-ficção...
conforme ficou demonstrado nesses dois primeiros rascunhos...
desse novo ciclo... ( ciclo "two"...?...)...
...o texto se direcionou... mais uma vez...
rumo ao terreno da auto-biografia...
...( no caso... à história do tratamento da crise-do-nervo-ciático )...
portanto... não vou insistir mais...
aceito... com prazer...
o retorno ao projeto anterior..
... ao projeto de uma espécie de auto-biografia...
.( sempre aberta à outras reflexões... é claro...)...
a diferença é que agora...
não estou sozinho apenas com o tauê... e o peter...
estou com vocês também...
presença que... ( confesso )...
às vezes me "assusta" um pouco...
mas... tudo bem...
muitas vezes o "monstro" não é tão monstruoso...
quanto parece...
--- --- ---
em resumo:
sinto um pouco a falta... da exclusividade que eu tinha...
com o tauê... e o peter... ( no ciclo anterior...)...
lá eu estava bem à vontade...
agora... sinto que... às vezes...
forças invisíveis... ficam... ocasionalmente... me sugerindo...
...que eu... "cale-a-boca"...
a barra agora é... um pouco mais...
..."barra-pesada"...
mas tudo bem...
a vida é um aprendizado...
quando é que eu...
ao respirar-fundo...
numa respiração-yogue-libertadora...
irei dar o passo...
...um passo mais psicológico do que concreto...
rumo a uma escrita dirigida à mais pessoas...?...
--- --- ---
sei que é assustador...
o mundo se revela... muitas vezes... de uma forma cruel...
...ameaçadora...
mas... ainda bem... que existe a yoga...
uma yoga que nos ajuda a respirar...
a lidar com esse mundo... tantas vezes inóspito...
... de uma forma gandhiana...
amorosa...
pacífica...
...perdoando aqueles que ainda não encontraram um caminho bom...
um caminho saudável...
... compreendendo o mundo...
tentando não nos alienarmos tanto...
tentando falar-baixinho...
amorosamente... com as pessoas que estão conosco...
esse papo está até parecendo um "sermão"...
portanto...
...calo minha boca...
para não criar conflito...
... com as...
...tais...
...forças-invisíveis...
que estão... ocasionalmente nos pedindo para... "calar-a-boca"...
... um grande abraço...
...luis antonio...
...intro 3... filosofando com carey stanford.. ..
... hello... everybody...
... ... dos 20 mil estudantes do sistema UH de ensino... lá da university of hawaii at manoa... pelo menos uma boa parte deles está bastante familiarizada com o nome... "carey stanford"...
... isso acontece pois carey... por ser diretora de todo o departamento que dá assistência-jurídica aos alunos estrangeiros... ( international students )... está sempre em contacto com eles...
... seja pessoalmente... dando orientações de como agir em relação à vistos... etc...
... seja... através de emails... onde está frequentemente em contacto com todo um número enorme dos... "international-students"...
--- --- ---
durante minha estadia lá... como estudante... primeiro de matemática... e... depois... de música...
eu... como todo estudante estrangeiro... estava... periodicamente em contacto com ela... no sentido de receber orientações relativas à renovação de visto... etc...
e... como muitos outros professores de lá...
a maneira com que carey se relacionava conosco...
era uma maneira bem amiga... informal...
sem... no entanto... deixar de ter...
uma postura... saudavelmente profissional...
sempre que era preciso...
sempre que era preciso... orientar...
no sentido de ajudar...... de compreender...
e... tentar dar o melhor de si...
rumo à solução de inúmeros problemas-burocráticos que...
porventura viessem a surgir... conosco...
..."massa" de "viajantes"...
perplexos com as várias faces do nosso querido... hawaii...
... faces essas... em sua grande maioria...
simplesmente... beirando a utopia...
em relação à beleza... e... qualidade-de-vida...
--- --- ---
ao chegar de volta ao brasil...
continuei trocando emails com carey...
... fato esse que demonstra... mais uma vez...
o espírito-saudável que a maioria dos professores ( ou orientadores )... de lá...
tem em relação aos seus alunos e... ex-alunos...
em um desses emails... ( que reproduzirei logo abaixo...)...
refletimos sobre o conceito da semelhança entre os conceitos de...
"pai"... e... "lei"...
"pai"... "lei"... "autoridade"...
... palavras... conceitos... que parecem ser...
de certa forma... às vezes... meio... interligados...
e... é mais-ou-menos... dentro desse contexto...
que a carta vai se desenvolvendo...
coloco aqui... uma cópia dela...
--- --- ---
hi... carey...
on the day that I was sitting on the stairs that lead to
the cafeteria
at the student-center main-building...
singing a sort of a beatles-song ( or similar )...
with the help of a simple... acoustic-guitar...
my eyes... suddenly... found you... walking up the stairs...
heading to the cafeteria...
it was lunch-time...
--- --- ---
I couldn't afford to distract my thoughts too much...
at that precise moment...
otherwise I might have lost the right-chords of the song...
but... still... in a fraction of a second...
my mind captured your picture...
walking up the stairs...
you... certainly... did see me...
and... discreetly... kept going your way...
as nothing different had happened...
--- --- ---
but... I felt a little bit... ashamed of myself...
I felt...
" well... she saw me...
doing this ( kind of )... weird thing...
playing guitar...
in a place...
in a situation...
which doesn´t fit too well...
with what people... normally do... here...
at a time like this one "...
but I had a good excuse ( to myself )...
of my ( abnormal ) behavior...
after all... I was simply...
... doing my homework...
after all...
I was ( formally ) enrolled on my second-degree-bachelor...
... I was enrolled on the music department...
--- --- ---
so... to me... I had this justification...
which gave to my... ( unconscious ) mind... the excuse...
the "self-authorization" to let myself act so
out-of-the-normal-alignment...
a self-permission... to be able to... ( finally )... express myself...
singing songs... whose lyrics... were related to a lot of things...
which were "stuck" inside me...
so... technically... I wasn't doing anything wrong...
if that ( imaginary ) "cop" asked me about my documents...
about my permission...
I would promptly tell him...
that I was just doing my homework...
( as everyone else does... sitting on those ( well-located )
steps...)...
--- --- ---
actually... I wasn't doing anything wrong...
I was at UH...
sitting on the steps...
sitting on a place...
which is supposed to be a place of socialization...
...of relaxation...
a place where it would welcome... anything civilized...
and... playing the guitar was not an un-civilized thing...
--- --- ---
but... in spite of having all this "arsenal" of
justifications to myself...
( for doing what I was doing...)...
even so...
I felt a little bit awkward when I saw you passing by...
and... in a very-good-manners-way...
you kept walking normally...
as nothing unusual was happening...
--- --- ---
maybe... my awkwardness towards your ( sudden ) presence...
was due to the link... that my mind had made... ( at that time )...
connecting you... to the figure of a "law"...
a "law" where it points-the-finger towards anything that is unusual...
...that is eccentric...
...that goes a little-bit... beyond the conventional "rules"...
in other words:...
what was "shaking-my-head" at that time...
was the figure of the concept of a "law"...
I mean:...
... of my father...
my father and the "law"... were synonyms...
(as opposed to my mother...)
my mother and the freedom...
my mother and the arts... were synonyms...
--- --- ---
coincidence or not... ( probably not )...
my father had passed away a few months before my
serenate-guitar-period...
at the stairs of the cafeteria...
my father passing away...
took away with him...
all the repressions that were still remaining...
on my unconscious mind...
from that point on...
I could do things that otherwise...
I wouldn´t dare to do...
( like... for instance...
singing at the cafeteria's steps...
during lunch time...
... a time where the entire UH...
passes through there...)
--- --- ---
my father had just passed away a few months before that
"serenate" phase...
but... during the previous three years...
probably it was because of him...
that I was trying to do my best... at the math department...
NOT because I wanted to show him...
how capable I could be in math...
BUT because... a completely different phenomenon was...
probably... happening:...
as I worked hard...
trying to prove all the details...
of the many abstract and complicated theorems...
I was also trying to... ( metaphorically )... prove to my father...
that my arguments were right...
( as opposed to his arguments )
so... actually... what was... probably happening... was that...
I was doing math ( proving theorems )...
in order to practice the hability to discuss with him...
as we can see...
my problem was ( always ) with my father...
( never with my mother )...
so... on those days...
there I was...
singing on the cafeteria stairs...
--- --- ---
I was being able to do that...
only because the walls of the dam...
which were holding the waters...
had gone...
so... the waters were able to flow...
maybe... in a dis-ordered way...
maybe... in an in-appropriate time...
but my willing to do it...
was too strong...
( after all...
I was already...
a... music "major"...
...minor...(?)
probably... pre-minor...)
=== === ===
... termina assim...
o tema desenvolvido nessa cartinha...
até a próxima...
tudo-de-bom...
um grande abraço...
...luis antonio...
...19... filosofando... part nineteen... ( chega de conversa-fiada )...
...
... pronto !... chega de conversa-fiada...
... e vamos ao que interessa...
esse papo introdutório ( do 1 ao 3 )...
provavelmente... não iria levar a nada...
ficou visível que nessa pequena sequencia introdutória...
está faltando um esqueleto...
uma estrutura que possa servir como referência... e... diretriz...
para uma narrativa global...
narrativa global esta...
que estava muito presente...
na nossa querida sequencia-de-cartas-de-1-a-18...
portanto... chega de conversa-fiada...
... e... vamos ao que interessa...
o público quer...
ou melhor... o público exige...
sex... drugs... and... rock-and-roll...
não... ... não é bem assim...
uma narrativa para ser coerente...
necessita ser baseada num fio-condutor...
--- --- ---
a sequencia introdutória estava muito solta...
no início... interagiu um pouquinho com o sartre...
...depois... com a "descoberta" de que não havia outra opção...
a não ser... retomar o projeto-original... de um rascunho-auto-biográfico...
e... finalmente... uma viagem... concreta-burocrática...
no seio da university-of-hawaii-at-manoa...
muita salada... des-coordenada...
que... obviamente... não iria levar a lugar nenhum...
... carecia realmente...
do nosso querido fio-condutor...
portanto... vamos recolocá-lo... de volta...
na nossa espinha-dorsal...
vamos lá...?
... Capítulo 19... ou melhor... filosofando... part nineteen...
--- --- ---
... há muito tempo atrás...
quando eu tinha uns 13... ou 14 anos-de-idade...
( bem na época do final do ciclo-de-cartas-de-1-a-18...)
eu... em casa... no meu quarto...
já morando na rua jota-carlos...
deitado na cama...
sonhei acordado...
tive um espécie de "insight"...
me sentia meio preso-psicologicamente...
sentia que a sociedade me oprimia-psicologicamente...
sentia que eu tinha um certo medo...
das pessoas...
sentia que a única maneira de eu me libertar...
de toda essa angústia...
era ter-a-coragem de "espremer-o-pus"...
ou seja...
abrir-o-jogo para todos...
abrir-o-jogo para o público...
como se estivesse espremendo meu próprio pus...
chegar na rua...
lá no clube-de-esquina da lagoa...
lá na turma do rocha-pinto...
( onde eu me sentia à vontade )...
e... "espremer-o-pus"...
ou seja... contar tudo em público...
... contar os ínfimos detalhes...
de tudo... dos pensamentos mais profundos...
mais íntimos...
... contar na rua...
... contar para o público...
seria a grande psico-terapia-libertadora...
( simples !...)
porém... seria necessário... muita coragem...
uma coragem diretamente proporcional...
à libertação...
a... "libertação"... e o... "abrir-me em público"...
seriam sinônimos...
tais pensamentos navegavam na minha mente...
deitado na cama...
no meu quarto... na rua jota-carlos...
--- --- ---
nessa época...
nesse mesmo quarto...
a música que ouvíamos era tocada por discos...
... aqueles que rodavam na vitrola...
coisas de antigamente...
naquela época não existia i-pod...
não existia computador...
a música que escutávamos era reproduzida...
pela agulha sob a qual deslizavam...
os finíssimos sulcos-do-disco... que giravam na vitrola...
em forma de uma espiral... quase infinita...
...convergindo... lentamente... rumo ao centro-do-disco...
a vitrola que eu tinha... era pequenininha...
daquelas que podiam funcionar tanto na pilha...
... como na eletricidade...
uma vitrolinha portátil... vermelha...
resolví colocar o sargent-peppers-lonely-heart-club-band...
dos beatles...
nesse álbum... existia uma faixa... ( track )...
que eu gostava-de-montão...
era o... lovely-rita-rita-maid...
eu gostava dessa música...
por causa da letra que conta a estória...
de uma fiscal-de-estacionamento......
... a rita-maid... ou seja... a empregada-rita...
que trabalhava com os "parking-meters"...
e se vestia com um uniforme...
que fazia com que ela se parecesse...
como uma espécie de... " military man "...
--- --- ---
eu achava interessante a parte da letra...
onde dizia...
"may I inquire discreetly...
when are you free to take some tea with me...?..."
em resumo...
eu achava a letra uma graça...
muito bem bolada...
só os beatles mesmo...
--- --- ---
mas... o que eu mais "curtia" nessa música...
era o solo-de-piano que um deles tocava...
logo depois que eles diziam... ritá...
( com um acento fortíssimo no "tá"...)
...vinha um solo-de-piano...
que eu achava... ( e ainda acho...)
o máximo...
--- --- ---
logo depois... encontrando por acaso...
minha mãe... no corredor...
falei:...
( eu )... " gostaria tanto de saber tocar piano "...
( ela ):... " conheço um professor-de-piano muito bom...
só que ele dá aula para concertistas...
... música clássica..."
( eu ):... " música clássica...?..."
( ela ):... " é... música clássica... para concertista...
se voce quiser... eu dou um telefonema para ele...
digo que você quer aprender...
( eu ):... "... tudo bem... "
--- --- ---
esse pequeno diálogo com minha mãe...
me fez pensar um pouco...
" pôxa... um professor de música clássica...
... interessante..."
fiquei curioso...
--- --- ---
meu pai tinha uma meia-dúzia de "long-plays" de música-clásica...
que ele havia comprado em boston...
na época em que estudou lá...
no MIT... massachusetts institute of technology...
durante o período de tres anos em que estivemos lá...
conforme descrito na coleção das 18 cartas do blog anterior...
aquela meia-dúzia de long-plays...
estava disponível para quem quisesse escutá-los...
guardadinha dentro do móvel-vitrola da sala...
só que ninguém escutava nada...
estava lá... bonitinha... organizada...
mas... algo sem grandes utilidades...
simplesmente ninguém se interessava...
--- --- ---
bem antes de eu ter o diálogo com minha mãe...
( acima descrito )... sobre a possibilidade de estudar piano...
... bem antes disso...
eu andava muito com um grande amigo meu...
do colégio militar....
o... richard...
e... por frequentar muito sua casa...
recebí dele... e de sua mãe...
uma influencia muito boa...
...muito positiva...
em relação à filosofia-ética...
...em relação à filosoffia do gandhi...
do buddha... dos grandes filósofos...
yoga... meditação... pranayama...
alimentação-integral... etc... etc...
tudo isso que está bem na moda... hoje-em-dia...
--- --- ---
só que naquela época...
tais assuntos... eram pouco difundidos...
pouca gente se "ligava' muito nesses assuntos...
... digamos... "exotéricos"...
mas... felizmente... graças ao richard...
e... à sua mãe...
fui introduzido nesse mundo...
...no mundo da yoga... ( física e espiritual )...
conhecimento esse... que me ajudou muito...
( e ainda ajuda )...
a lidar com as adversidades...
que estão... ocasionalmente surgindo...
na vida de todos nós...
--- --- ---
mas por que é que o richard...
entrou assim... de repente... no papo...?
justamente...
pelo fato de ele ter me introduzido...
no mundo-maravilhoso da yoga-espiritual...
nós... constantemente... nessa época...
costumávamos ir para a praia..
para um parque...
enfim... para um lugar onde houvesse...
um pouco de natureza...
e... costumávamos fazer yoga...
... meditação...
tentando silenciar a mente...
dos barulhos...
dos ruídos... desse mundo... "profano"...
--- --- ---
e... nessa de meditar...
surgiu... também... o interesse pelos discos...
do tipo... música-clássica-para-meditação...
...já que poderíamos usá-los como fundo-musical...
para nossos exercícios de pranayama...
--- --- ---
eu... em casa na sala da jota-carlos...
ao "descobrir" a meia-duziazinha de long-plays clássicos...
que meu pai havia comprado numa liquidação na época do MIT...
e... influenciado pela paz-de-espírito...
adquirida pelas... "meditações"...
...naturalmente...
ao ver tal coleção... meio abandonada...
no interior do móvel toca-discos da sala...
resolví... um dia... colocar um dos discos...
para ver do que se tratava...
--- --- ---
a coleção... conforme foi dito...
não era muito vasta...
tinha um long-play do chopin...
outro do tchaikovsky...
outro do brahms...
outro da quinta-sinfonia de beethoven...
um de vivalvi...
um de schumann
e... um que me chamou à atenção pelo título:
..."classical music for people who hate classical music"...
...que trazia pequenas amostras das grandes aberturas de ópera...
ou... alguns trechos de grandes sinfonias...
enfim...
oferecia alguns exemplos das peças mais conhecidas...
mais... "manjadas"... pelo público não muito especializado...
no repertório clássico...
--- --- ---
e eu... ao ver tal coleção...
naturalmente... fui experimentando......
devagarinho... cada disco daqueles...
não todos de uma só vez...
nem pensar...
pois... quem nunca ouviu uma música clássica...
não consegue saboreá-la logo assim...
de cara... de supetão...
...logo assim... na primeira tragada...
... no primeiro gole...
--- --- ---
a coisa se dá de uma forma lenta... gradativa...
ao colocar o disco pela primeira vez...
a música não me dizia nada...
... não me sensibilizava...
era algo que estava tocando na vitrola...
... algo meio sem sentido...
mas... eu era insistente...
depois da primeira rodada...
que era um escutar... sem-escutar...
assim que o disco chegava ao final...
eu dava um "replay"...
ou seja... re-posicionava a agulha para o início do disco...
tentava escutar umas duas vezes em seguida...
e depois... ia fazer algo diferente...
outras horas... outros dias...
insistia de novo...
esse processo de educar o ouvido rumo à música-clássica...
não exige muito tempo... ... não...
pois... a partir da terceira rodada...
já é possível começar a "entender" a música...
já é possível começar a sentir... a melodia...
a mensagem musical...
a linguagem...
o que o compositor estava querendo dizer...
a música... em si...
--- --- ---
a partir desse "mergulho" inicial...
percebí a riqueza desse tipo de música...
adorava colocar o concerto-número-1-para-piano-e-orquestra...
do tchaikovsky...
gostava da hora em que o piano entrava...
era uma peça longa...
com recursos musicais riquíssimos...
que me conduziam a uma viagem imaginária...
bastante diferente da que era experimentada...
ao escutar o solo alegre... dos beatles...
ao tocarem... lovely-rita-rita-maid...
--- --- ---
por isso...
quando minha mãe me falou...
...que o professor-de-piano...
era um professor de música-clássica...
para concertistas...
fiquei apenas escutando o que ela estava me dizendo...
( quando me perguntou se eu estava interessado nas aulas...)
e... quando eu disse... "tudo bem"...
não pensei muito mais... sobre o assunto...
poucos dias depois...
minha mãe chega pra mim...
...e diz:
..."falei com o professor...
combinamos para o dia tal... hora tal..."...
esperei o dia agendado... chegar...
tranquilo... sem pensar muito no assunto...
porém... com uma "pontinha-de-curiosidade"...
devido ao fato de... minha mãe ter agendado uma primeira-aula...
com... segundo ela...
... " um professor muito bom...
...um professor de música-clássica..."
fiquei... tranquilo...
aguardando o dia tal... da hora tal...
para pegar o...
largo-da-glória_leblon...
o.... são-salvador_leblon...
o... urca_leblon...
ou... o... cosme-velho_ leblon...
...que me levariam à primeira-aula...
... com o professor-de-piano...
--- --- ---
ao pegar o ônibus...
com seu endereço anotado numa folha-de-papel...
não me passou pela cabeça...
que... a partir dessa primeira aula......
minha visão-de-mundo...
iria se transformar...
iria se enriquecer...
ao receber dele... aulas...
que não falavam só de música...
... mas da vida... em geral...
o professor-de-piano...
teve uma enorme influência em minha vida...
ao ponto de eu o considerar...
hoje-em-dia...
como meu... segundo pai...
--- --- ---
paro por aqui...
desejando... a você... tudo-de-bom...
um grande abraço...
...luis antonio...
... pronto !... chega de conversa-fiada...
... e vamos ao que interessa...
esse papo introdutório ( do 1 ao 3 )...
provavelmente... não iria levar a nada...
ficou visível que nessa pequena sequencia introdutória...
está faltando um esqueleto...
uma estrutura que possa servir como referência... e... diretriz...
para uma narrativa global...
narrativa global esta...
que estava muito presente...
na nossa querida sequencia-de-cartas-de-1-a-18...
portanto... chega de conversa-fiada...
... e... vamos ao que interessa...
o público quer...
ou melhor... o público exige...
sex... drugs... and... rock-and-roll...
não... ... não é bem assim...
uma narrativa para ser coerente...
necessita ser baseada num fio-condutor...
--- --- ---
a sequencia introdutória estava muito solta...
no início... interagiu um pouquinho com o sartre...
...depois... com a "descoberta" de que não havia outra opção...
a não ser... retomar o projeto-original... de um rascunho-auto-biográfico...
e... finalmente... uma viagem... concreta-burocrática...
no seio da university-of-hawaii-at-manoa...
muita salada... des-coordenada...
que... obviamente... não iria levar a lugar nenhum...
... carecia realmente...
do nosso querido fio-condutor...
portanto... vamos recolocá-lo... de volta...
na nossa espinha-dorsal...
vamos lá...?
... Capítulo 19... ou melhor... filosofando... part nineteen...
--- --- ---
... há muito tempo atrás...
quando eu tinha uns 13... ou 14 anos-de-idade...
( bem na época do final do ciclo-de-cartas-de-1-a-18...)
eu... em casa... no meu quarto...
já morando na rua jota-carlos...
deitado na cama...
sonhei acordado...
tive um espécie de "insight"...
me sentia meio preso-psicologicamente...
sentia que a sociedade me oprimia-psicologicamente...
sentia que eu tinha um certo medo...
das pessoas...
sentia que a única maneira de eu me libertar...
de toda essa angústia...
era ter-a-coragem de "espremer-o-pus"...
ou seja...
abrir-o-jogo para todos...
abrir-o-jogo para o público...
como se estivesse espremendo meu próprio pus...
chegar na rua...
lá no clube-de-esquina da lagoa...
lá na turma do rocha-pinto...
( onde eu me sentia à vontade )...
e... "espremer-o-pus"...
ou seja... contar tudo em público...
... contar os ínfimos detalhes...
de tudo... dos pensamentos mais profundos...
mais íntimos...
... contar na rua...
... contar para o público...
seria a grande psico-terapia-libertadora...
( simples !...)
porém... seria necessário... muita coragem...
uma coragem diretamente proporcional...
à libertação...
a... "libertação"... e o... "abrir-me em público"...
seriam sinônimos...
tais pensamentos navegavam na minha mente...
deitado na cama...
no meu quarto... na rua jota-carlos...
--- --- ---
nessa época...
nesse mesmo quarto...
a música que ouvíamos era tocada por discos...
... aqueles que rodavam na vitrola...
coisas de antigamente...
naquela época não existia i-pod...
não existia computador...
a música que escutávamos era reproduzida...
pela agulha sob a qual deslizavam...
os finíssimos sulcos-do-disco... que giravam na vitrola...
em forma de uma espiral... quase infinita...
...convergindo... lentamente... rumo ao centro-do-disco...
a vitrola que eu tinha... era pequenininha...
daquelas que podiam funcionar tanto na pilha...
... como na eletricidade...
uma vitrolinha portátil... vermelha...
resolví colocar o sargent-peppers-lonely-heart-club-band...
dos beatles...
nesse álbum... existia uma faixa... ( track )...
que eu gostava-de-montão...
era o... lovely-rita-rita-maid...
eu gostava dessa música...
por causa da letra que conta a estória...
de uma fiscal-de-estacionamento......
... a rita-maid... ou seja... a empregada-rita...
que trabalhava com os "parking-meters"...
e se vestia com um uniforme...
que fazia com que ela se parecesse...
como uma espécie de... " military man "...
--- --- ---
eu achava interessante a parte da letra...
onde dizia...
"may I inquire discreetly...
when are you free to take some tea with me...?..."
em resumo...
eu achava a letra uma graça...
muito bem bolada...
só os beatles mesmo...
--- --- ---
mas... o que eu mais "curtia" nessa música...
era o solo-de-piano que um deles tocava...
logo depois que eles diziam... ritá...
( com um acento fortíssimo no "tá"...)
...vinha um solo-de-piano...
que eu achava... ( e ainda acho...)
o máximo...
--- --- ---
logo depois... encontrando por acaso...
minha mãe... no corredor...
falei:...
( eu )... " gostaria tanto de saber tocar piano "...
( ela ):... " conheço um professor-de-piano muito bom...
só que ele dá aula para concertistas...
... música clássica..."
( eu ):... " música clássica...?..."
( ela ):... " é... música clássica... para concertista...
se voce quiser... eu dou um telefonema para ele...
digo que você quer aprender...
( eu ):... "... tudo bem... "
--- --- ---
esse pequeno diálogo com minha mãe...
me fez pensar um pouco...
" pôxa... um professor de música clássica...
... interessante..."
fiquei curioso...
--- --- ---
meu pai tinha uma meia-dúzia de "long-plays" de música-clásica...
que ele havia comprado em boston...
na época em que estudou lá...
no MIT... massachusetts institute of technology...
durante o período de tres anos em que estivemos lá...
conforme descrito na coleção das 18 cartas do blog anterior...
aquela meia-dúzia de long-plays...
estava disponível para quem quisesse escutá-los...
guardadinha dentro do móvel-vitrola da sala...
só que ninguém escutava nada...
estava lá... bonitinha... organizada...
mas... algo sem grandes utilidades...
simplesmente ninguém se interessava...
--- --- ---
bem antes de eu ter o diálogo com minha mãe...
( acima descrito )... sobre a possibilidade de estudar piano...
... bem antes disso...
eu andava muito com um grande amigo meu...
do colégio militar....
o... richard...
e... por frequentar muito sua casa...
recebí dele... e de sua mãe...
uma influencia muito boa...
...muito positiva...
em relação à filosofia-ética...
...em relação à filosoffia do gandhi...
do buddha... dos grandes filósofos...
yoga... meditação... pranayama...
alimentação-integral... etc... etc...
tudo isso que está bem na moda... hoje-em-dia...
--- --- ---
só que naquela época...
tais assuntos... eram pouco difundidos...
pouca gente se "ligava' muito nesses assuntos...
... digamos... "exotéricos"...
mas... felizmente... graças ao richard...
e... à sua mãe...
fui introduzido nesse mundo...
...no mundo da yoga... ( física e espiritual )...
conhecimento esse... que me ajudou muito...
( e ainda ajuda )...
a lidar com as adversidades...
que estão... ocasionalmente surgindo...
na vida de todos nós...
--- --- ---
mas por que é que o richard...
entrou assim... de repente... no papo...?
justamente...
pelo fato de ele ter me introduzido...
no mundo-maravilhoso da yoga-espiritual...
nós... constantemente... nessa época...
costumávamos ir para a praia..
para um parque...
enfim... para um lugar onde houvesse...
um pouco de natureza...
e... costumávamos fazer yoga...
... meditação...
tentando silenciar a mente...
dos barulhos...
dos ruídos... desse mundo... "profano"...
--- --- ---
e... nessa de meditar...
surgiu... também... o interesse pelos discos...
do tipo... música-clássica-para-meditação...
...já que poderíamos usá-los como fundo-musical...
para nossos exercícios de pranayama...
--- --- ---
eu... em casa na sala da jota-carlos...
ao "descobrir" a meia-duziazinha de long-plays clássicos...
que meu pai havia comprado numa liquidação na época do MIT...
e... influenciado pela paz-de-espírito...
adquirida pelas... "meditações"...
...naturalmente...
ao ver tal coleção... meio abandonada...
no interior do móvel toca-discos da sala...
resolví... um dia... colocar um dos discos...
para ver do que se tratava...
--- --- ---
a coleção... conforme foi dito...
não era muito vasta...
tinha um long-play do chopin...
outro do tchaikovsky...
outro do brahms...
outro da quinta-sinfonia de beethoven...
um de vivalvi...
um de schumann
e... um que me chamou à atenção pelo título:
..."classical music for people who hate classical music"...
...que trazia pequenas amostras das grandes aberturas de ópera...
ou... alguns trechos de grandes sinfonias...
enfim...
oferecia alguns exemplos das peças mais conhecidas...
mais... "manjadas"... pelo público não muito especializado...
no repertório clássico...
--- --- ---
e eu... ao ver tal coleção...
naturalmente... fui experimentando......
devagarinho... cada disco daqueles...
não todos de uma só vez...
nem pensar...
pois... quem nunca ouviu uma música clássica...
não consegue saboreá-la logo assim...
de cara... de supetão...
...logo assim... na primeira tragada...
... no primeiro gole...
--- --- ---
a coisa se dá de uma forma lenta... gradativa...
ao colocar o disco pela primeira vez...
a música não me dizia nada...
... não me sensibilizava...
era algo que estava tocando na vitrola...
... algo meio sem sentido...
mas... eu era insistente...
depois da primeira rodada...
que era um escutar... sem-escutar...
assim que o disco chegava ao final...
eu dava um "replay"...
ou seja... re-posicionava a agulha para o início do disco...
tentava escutar umas duas vezes em seguida...
e depois... ia fazer algo diferente...
outras horas... outros dias...
insistia de novo...
esse processo de educar o ouvido rumo à música-clássica...
não exige muito tempo... ... não...
pois... a partir da terceira rodada...
já é possível começar a "entender" a música...
já é possível começar a sentir... a melodia...
a mensagem musical...
a linguagem...
o que o compositor estava querendo dizer...
a música... em si...
--- --- ---
a partir desse "mergulho" inicial...
percebí a riqueza desse tipo de música...
adorava colocar o concerto-número-1-para-piano-e-orquestra...
do tchaikovsky...
gostava da hora em que o piano entrava...
era uma peça longa...
com recursos musicais riquíssimos...
que me conduziam a uma viagem imaginária...
bastante diferente da que era experimentada...
ao escutar o solo alegre... dos beatles...
ao tocarem... lovely-rita-rita-maid...
--- --- ---
por isso...
quando minha mãe me falou...
...que o professor-de-piano...
era um professor de música-clássica...
para concertistas...
fiquei apenas escutando o que ela estava me dizendo...
( quando me perguntou se eu estava interessado nas aulas...)
e... quando eu disse... "tudo bem"...
não pensei muito mais... sobre o assunto...
poucos dias depois...
minha mãe chega pra mim...
...e diz:
..."falei com o professor...
combinamos para o dia tal... hora tal..."...
esperei o dia agendado... chegar...
tranquilo... sem pensar muito no assunto...
porém... com uma "pontinha-de-curiosidade"...
devido ao fato de... minha mãe ter agendado uma primeira-aula...
com... segundo ela...
... " um professor muito bom...
...um professor de música-clássica..."
fiquei... tranquilo...
aguardando o dia tal... da hora tal...
para pegar o...
largo-da-glória_leblon...
o.... são-salvador_leblon...
o... urca_leblon...
ou... o... cosme-velho_ leblon...
...que me levariam à primeira-aula...
... com o professor-de-piano...
--- --- ---
ao pegar o ônibus...
com seu endereço anotado numa folha-de-papel...
não me passou pela cabeça...
que... a partir dessa primeira aula......
minha visão-de-mundo...
iria se transformar...
iria se enriquecer...
ao receber dele... aulas...
que não falavam só de música...
... mas da vida... em geral...
o professor-de-piano...
teve uma enorme influência em minha vida...
ao ponto de eu o considerar...
hoje-em-dia...
como meu... segundo pai...
--- --- ---
paro por aqui...
desejando... a você... tudo-de-bom...
um grande abraço...
...luis antonio...
...20... filosofando... part twenty...
... todo mundo de uma forma ou de outra...
já ouviu falar que... normalmente...
numa turma-de-escola... onde existem meninas e meninos...
de 14 anos-de-idade...
... a tendência é a de que... em geral...
as meninas tenham uma maturidade muito mais desenvolvida...
do que seus colegas do sexo masculino...
embora tenham todos... a mesma idade...
por isso... a tendência é de que elas procurem se relacionar...
seja na esfera da amizade... ou na esfera romântica...
com rapazes um pouco mais velhos...
... tipo... digamos... uns 18 anos...
eu... com 18 anos... morava na rua jota-carlos...
em companhia do meu pai... minha mãe...
minha irmã mais velha ana emília...
minha irmã mais nova clarice...
e meu irmão caçula tuípe...
nessa época eu tinha passado o ano anterior...
fazendo vestibular no curso vetor...
(... um daqueles cursinhos típicos em copacabana...)
... um curso intensivo...
... nunca aprendi tanta matemática e física...
concentradamente... em um só ano...
o estudo era intenso...
mas eu gostava...
( sempre gostei de matemática...)
à noite... quando fazia um céu estrelado...
colocava uma esteira na cobertura...
e dormia... olhando as estrelas...
antes de imergir no sono profundo...
ainda ficava visualizando linhas retas que as uniam...
formando bissetrizes... mediatrizes...
formas geométricas que as aulas-de-geometria...
junto com seus exercícios euclidianos...
tinham invadido minha cabeça...
durante o ambiente "intensivão"... do curso vetor...
meus olhos... merecidamente... descansavam...
repousando o olhar nas estrelas...
embora as demonstrações dos teoremas-da-geometria-plana...
insistissem em interferir na contemplação de tamanha beleza natural:
... o céu estrelado...
--- --- ---
o registro oficial para o exame de vestibular...
permitia que o candidato colocasse sua preferência...
em termos de prioridade...
por exemplo... poderíamos colocar:
fundão ( UFRJ )............. como primeira prioridade...
PUC.......................................... segunda prioridade...
niterói ( UFF ).......................... terceira prioridade...
gama filho................................. quarta prioridade... etc...
e... além disso poderíamos optar pelo semestre...
( iniciando a faculdade no primeiro... ou segundo semestre )...
--- --- ---
como eu estava cansadíssimo...
exausto... do rítmo intensivissíssimo...
ao qual havia me submetido...
no curso preparatório...
coloquei em primeira opção...
começar a faculdade...
na PUC-2
ou seja... na PUC- do-segundo-semestre...
com isso... teria tempo suficiente...
para me recuperar da "maratona" que foi...
o curso vetor...
ficaria um semestre inteiro...
sem fazer nada...
apenas descansando...
surfando... etc...
enfim... tratando de re-estabelecer...
o meu equilíbrio-normal...
meu equilíbrio-natural...
e foi exatamente isso que aconteceu...
passei em primeiro lugar para a PUC - segundo-semestre...
--- --- ---
esse papo de ter passado em "primeiro-lugar" para a PUC...
é meio relativo...
pois se eu tivesse colocado como primeira opção... PUC - primeiro-semestre...
jamais iria obter tal classificação...
meu colega do curso vetor que tirou o primeiro-lugar na PUC - primeiro-semestre...
obteve uma contagem-de-pontos em torno dos 39 000 pontos...
... enquanto que eu obtive algo em torno dos 35 000 pontos...
conclusão... esse papo de "primeiro-lugar" é meio relativo...
--- --- ---
mas... nem por isso... deixou de ser uma "curtição"...
o curso-vetor colocou sua propaganda nos jornais...
em letras garrafais...
fulaninho......... primeiro-lugar na UFF...
sicraninho....... segundo-lugar na gama-filho...
e... por aí a fora...
obviamente comprei uma meia-dúzia de duas ou três cópias do jornal...
para guardar na minha pasta de "curriculum-vitae"...
... medida-preventiva essa... que me foi muito útil...
... poucos meses depois...
--- --- ---
meu professor-de-piano falava:
... " muito bom... luis... parabéns...
você é um cara espetacular... inteligente... estudioso...
esse resultado que você obteve é consequência de você...
não foi sorte... não... ...não foi nada disso...
você... é que é um cara sensacional...
que construiu... no dia-a-dia... esse resultado "...
--- --- ---
eu... escutando todos aqueles elogios...
meio tenso... sem saber bem... o que dizer... dizia:
... " é acho que eu não tenho muito mérito... não...
o que eu fiz...
foi uma consequência natural daquilo que meus pais me deram...
eles me deram condições de eu... metodicamente...
ir me preparando...
desde há muito tempo... talvez...
desde a época do cursinho-de-admissão ao ginasial...
( o professor )... " tá vendo...?... espetacular... muito bom...
concordo... você... não está se "gabando"...
de ter tirado o primeiro-lugar...
você... humildemente percebe... que recebeu as
condições necessárias para alcançar esse resultado...
genial... luis... gostei da sua observação "...
--- --- ---
e eu... louco para que a aula pudesse se direcionar...
para a prática do piano em si...
ao invés de dar um "toque' direto no professor...
para que investíssemos mais tempo... na prática-do-piano...
...eu... timidamente... esperava que ele se "tocasse"...
e decidisse por si-próprio...
a pedir que eu tocasse o "pictures at an exhibition" do mussorgsky...
para que ele pudesse então...
fazer seus preciosos comentários...
suas preciosas observações...
suas preciosas... críticas-construtivas:
..." olha... nesse trecho aqui...
eu faria um super-pianíssimo...
cantaria um pouco com a mão-direita...
para diferenciar dessa outra melodia...
... " e ali... eu faria uma pausa bem repentina...
para dar o contraste que a tonalidade...
desse acorde-dissonante... está pedindo..."...
aulas preciosas...
minha mãe tinha razão...
" o professor é muito bom "...
e eu... ao receber todas aquelas aulas...
de altíssimo nível...
percebia... que existiam mundos...
bem diferentes...
mundos onde existia um estudo-da-sensibilidade...
que eu jamais iria imaginar...
pois eu vinha de uma família...
onde a ênfase acadêmica era voltada para as ciências-exatas...
não havia um conhecimento mais profundo...
nas outras áreas do conhecimento...
e... lá... recebendo os ensinamentos do professor...
tive a oportunidade de perceber que...
existia todo um mundo refinadíssimo...
que era o mundo das artes-finas...
como o da leitura musical...
e do estudo da música erudita...
um mundo ainda... bem desconhecido... para mim...
mas que... já conseguia pré-sentir... a sua existência...
--- --- ---
conforme havíamos mencionado no "part-19"...
o professor não ensinava apenas música...
ele era para mim... como um segundo-pai...
..."... luis... o que você acha de trabalhar nesse semestre...
( já que você optou por começar a PUC só em agosto...?...
..."... ah... vale-a-pena... vai te dar experiência...
vai te colocar diante do mundo...
você se sentirá mais em sintonia...
com a própria sociedade em que vivemos...
..."... você vai se desenvolver ainda mais... rapaz..."...
--- --- ---
e... tudo isso era falado com a voz doce...
a voz melódica...
classificação feita por ele próprio...
quando enfatizava a importância de todos nós...
falarmos com uma voz... doce...
e... a voz doce se inseria perfeitamente...
em toda a teoria musical...
da expressividade melódica... etc...
--- --- ---
dito-e-feito...
a maioria dos conselhos que vinham do professor-de-piano...
eu... tranquilamente... assinava-em-baixo...
em casa... comecei a dar uma lida nos classificados...
procurando emprego...
... " precisa-se de vendedores de livros "...
fui lá...
preenchi a ficha...
mandaram voltar outro dia...
--- --- ---
na semana seguinte...
aula de piano...
comentei que havia tentado um emprego...
de vendedor-de-livros...
então... ele ponderou:
... "... você... luiz... seria um ótimo professor...
quando uma vez eu te perguntei por que é que...
um número-negativo multiplicado por um outro número-negativo...
dá um número positivo...
"... e... quando você disse que era como se fosse o avesso-do-avesso...
"... percebi que você tem uma ótima vocação para professor...
"... por que não tenta arrumar um emprego como professor...?
"... você poderia começar sendo... professor-particular..."...
--- --- ---
a partir daí... comecei a ir nas escolas...
para entregar meu currículo... telefone...
oferecendo meus serviços de...
professor-particular-de-matemática...
choveu alunos...
passava o dia dando aula...
cobrava barato...
tipo... 20 reais-a-hora... se fosse nos dias de hoje...
eu ia na casa dos alunos...
em botafogo... humaitá... copacabana...
o pessoal gostava das aulas...
--- --- ---
influenciado pelo professor-de-piano...
eu passava do horário...
ao invés de dar a aula de 1-hora-exata...
dava uma esticadinha para 1-hora-e-meia...
... às vezes... 2-horas...
pois não queríamos dar um tom às aulas...
que lembrasse uma concepção do mundo...
... exageradamente... capitalista...
ao ponto de "cronometrarmos"...
cada minuto de aula...
--- --- ---
fico por aqui...
pois o cronômetro...
avisa que...
... passou da hora...
até já...
tudo-de-bom...
um grande abraço...
...luis antonio...
já ouviu falar que... normalmente...
numa turma-de-escola... onde existem meninas e meninos...
de 14 anos-de-idade...
... a tendência é a de que... em geral...
as meninas tenham uma maturidade muito mais desenvolvida...
do que seus colegas do sexo masculino...
embora tenham todos... a mesma idade...
por isso... a tendência é de que elas procurem se relacionar...
seja na esfera da amizade... ou na esfera romântica...
com rapazes um pouco mais velhos...
... tipo... digamos... uns 18 anos...
eu... com 18 anos... morava na rua jota-carlos...
em companhia do meu pai... minha mãe...
minha irmã mais velha ana emília...
minha irmã mais nova clarice...
e meu irmão caçula tuípe...
nessa época eu tinha passado o ano anterior...
fazendo vestibular no curso vetor...
(... um daqueles cursinhos típicos em copacabana...)
... um curso intensivo...
... nunca aprendi tanta matemática e física...
concentradamente... em um só ano...
o estudo era intenso...
mas eu gostava...
( sempre gostei de matemática...)
à noite... quando fazia um céu estrelado...
colocava uma esteira na cobertura...
e dormia... olhando as estrelas...
antes de imergir no sono profundo...
ainda ficava visualizando linhas retas que as uniam...
formando bissetrizes... mediatrizes...
formas geométricas que as aulas-de-geometria...
junto com seus exercícios euclidianos...
tinham invadido minha cabeça...
durante o ambiente "intensivão"... do curso vetor...
meus olhos... merecidamente... descansavam...
repousando o olhar nas estrelas...
embora as demonstrações dos teoremas-da-geometria-plana...
insistissem em interferir na contemplação de tamanha beleza natural:
... o céu estrelado...
--- --- ---
o registro oficial para o exame de vestibular...
permitia que o candidato colocasse sua preferência...
em termos de prioridade...
por exemplo... poderíamos colocar:
fundão ( UFRJ )............. como primeira prioridade...
PUC.......................................... segunda prioridade...
niterói ( UFF ).......................... terceira prioridade...
gama filho................................. quarta prioridade... etc...
e... além disso poderíamos optar pelo semestre...
( iniciando a faculdade no primeiro... ou segundo semestre )...
--- --- ---
como eu estava cansadíssimo...
exausto... do rítmo intensivissíssimo...
ao qual havia me submetido...
no curso preparatório...
coloquei em primeira opção...
começar a faculdade...
na PUC-2
ou seja... na PUC- do-segundo-semestre...
com isso... teria tempo suficiente...
para me recuperar da "maratona" que foi...
o curso vetor...
ficaria um semestre inteiro...
sem fazer nada...
apenas descansando...
surfando... etc...
enfim... tratando de re-estabelecer...
o meu equilíbrio-normal...
meu equilíbrio-natural...
e foi exatamente isso que aconteceu...
passei em primeiro lugar para a PUC - segundo-semestre...
--- --- ---
esse papo de ter passado em "primeiro-lugar" para a PUC...
é meio relativo...
pois se eu tivesse colocado como primeira opção... PUC - primeiro-semestre...
jamais iria obter tal classificação...
meu colega do curso vetor que tirou o primeiro-lugar na PUC - primeiro-semestre...
obteve uma contagem-de-pontos em torno dos 39 000 pontos...
... enquanto que eu obtive algo em torno dos 35 000 pontos...
conclusão... esse papo de "primeiro-lugar" é meio relativo...
--- --- ---
mas... nem por isso... deixou de ser uma "curtição"...
o curso-vetor colocou sua propaganda nos jornais...
em letras garrafais...
fulaninho......... primeiro-lugar na UFF...
sicraninho....... segundo-lugar na gama-filho...
e... por aí a fora...
obviamente comprei uma meia-dúzia de duas ou três cópias do jornal...
para guardar na minha pasta de "curriculum-vitae"...
... medida-preventiva essa... que me foi muito útil...
... poucos meses depois...
--- --- ---
meu professor-de-piano falava:
... " muito bom... luis... parabéns...
você é um cara espetacular... inteligente... estudioso...
esse resultado que você obteve é consequência de você...
não foi sorte... não... ...não foi nada disso...
você... é que é um cara sensacional...
que construiu... no dia-a-dia... esse resultado "...
--- --- ---
eu... escutando todos aqueles elogios...
meio tenso... sem saber bem... o que dizer... dizia:
... " é acho que eu não tenho muito mérito... não...
o que eu fiz...
foi uma consequência natural daquilo que meus pais me deram...
eles me deram condições de eu... metodicamente...
ir me preparando...
desde há muito tempo... talvez...
desde a época do cursinho-de-admissão ao ginasial...
( o professor )... " tá vendo...?... espetacular... muito bom...
concordo... você... não está se "gabando"...
de ter tirado o primeiro-lugar...
você... humildemente percebe... que recebeu as
condições necessárias para alcançar esse resultado...
genial... luis... gostei da sua observação "...
--- --- ---
e eu... louco para que a aula pudesse se direcionar...
para a prática do piano em si...
ao invés de dar um "toque' direto no professor...
para que investíssemos mais tempo... na prática-do-piano...
...eu... timidamente... esperava que ele se "tocasse"...
e decidisse por si-próprio...
a pedir que eu tocasse o "pictures at an exhibition" do mussorgsky...
para que ele pudesse então...
fazer seus preciosos comentários...
suas preciosas observações...
suas preciosas... críticas-construtivas:
..." olha... nesse trecho aqui...
eu faria um super-pianíssimo...
cantaria um pouco com a mão-direita...
para diferenciar dessa outra melodia...
... " e ali... eu faria uma pausa bem repentina...
para dar o contraste que a tonalidade...
desse acorde-dissonante... está pedindo..."...
aulas preciosas...
minha mãe tinha razão...
" o professor é muito bom "...
e eu... ao receber todas aquelas aulas...
de altíssimo nível...
percebia... que existiam mundos...
bem diferentes...
mundos onde existia um estudo-da-sensibilidade...
que eu jamais iria imaginar...
pois eu vinha de uma família...
onde a ênfase acadêmica era voltada para as ciências-exatas...
não havia um conhecimento mais profundo...
nas outras áreas do conhecimento...
e... lá... recebendo os ensinamentos do professor...
tive a oportunidade de perceber que...
existia todo um mundo refinadíssimo...
que era o mundo das artes-finas...
como o da leitura musical...
e do estudo da música erudita...
um mundo ainda... bem desconhecido... para mim...
mas que... já conseguia pré-sentir... a sua existência...
--- --- ---
conforme havíamos mencionado no "part-19"...
o professor não ensinava apenas música...
ele era para mim... como um segundo-pai...
..."... luis... o que você acha de trabalhar nesse semestre...
( já que você optou por começar a PUC só em agosto...?...
..."... ah... vale-a-pena... vai te dar experiência...
vai te colocar diante do mundo...
você se sentirá mais em sintonia...
com a própria sociedade em que vivemos...
..."... você vai se desenvolver ainda mais... rapaz..."...
--- --- ---
e... tudo isso era falado com a voz doce...
a voz melódica...
classificação feita por ele próprio...
quando enfatizava a importância de todos nós...
falarmos com uma voz... doce...
e... a voz doce se inseria perfeitamente...
em toda a teoria musical...
da expressividade melódica... etc...
--- --- ---
dito-e-feito...
a maioria dos conselhos que vinham do professor-de-piano...
eu... tranquilamente... assinava-em-baixo...
em casa... comecei a dar uma lida nos classificados...
procurando emprego...
... " precisa-se de vendedores de livros "...
fui lá...
preenchi a ficha...
mandaram voltar outro dia...
--- --- ---
na semana seguinte...
aula de piano...
comentei que havia tentado um emprego...
de vendedor-de-livros...
então... ele ponderou:
... "... você... luiz... seria um ótimo professor...
quando uma vez eu te perguntei por que é que...
um número-negativo multiplicado por um outro número-negativo...
dá um número positivo...
"... e... quando você disse que era como se fosse o avesso-do-avesso...
"... percebi que você tem uma ótima vocação para professor...
"... por que não tenta arrumar um emprego como professor...?
"... você poderia começar sendo... professor-particular..."...
--- --- ---
a partir daí... comecei a ir nas escolas...
para entregar meu currículo... telefone...
oferecendo meus serviços de...
professor-particular-de-matemática...
choveu alunos...
passava o dia dando aula...
cobrava barato...
tipo... 20 reais-a-hora... se fosse nos dias de hoje...
eu ia na casa dos alunos...
em botafogo... humaitá... copacabana...
o pessoal gostava das aulas...
--- --- ---
influenciado pelo professor-de-piano...
eu passava do horário...
ao invés de dar a aula de 1-hora-exata...
dava uma esticadinha para 1-hora-e-meia...
... às vezes... 2-horas...
pois não queríamos dar um tom às aulas...
que lembrasse uma concepção do mundo...
... exageradamente... capitalista...
ao ponto de "cronometrarmos"...
cada minuto de aula...
--- --- ---
fico por aqui...
pois o cronômetro...
avisa que...
... passou da hora...
até já...
tudo-de-bom...
um grande abraço...
...luis antonio...
...21... filosofando... part twenty-one...
Com as boas influências vindas da filosofia gandhiana...
que havia aprendido com o richard...
(... mencionado no "part-19"...)...
... adicionadas aos novos-horizontes...
que lentamente iam se revelando...
graças ao professor-de-piano......
... eu sentia que as condições eram favoráveis...
que as coisas estavam acontecendo...
meio sem grandes planejamentos...
que a vida estava me conduzindo...
numa direção onde...
eu... nem sempre tinha... o controle do leme...
mas que... por sorte...
os ventos estavam me levando...
para lugares bons...
para lugares... saudáveis...
--- --- ---
ao visitar cada apartamento dos inúmeros alunos-particulares...
que me chamavam para ajudá-los em matemática...
... percebia a diversidade de universos existentes...
em cada um daqueles espaços...
mas... nada disso era importante...
o fundamental naquelas visitas...
era a interação que eu tinha... com cada aluno...
tão diferentes um dos outros...
cada um com sua particularidade...
com sua personalidade...
e... todos me recebiam bem...
normalmente a mãe... me oferecia um copo d'água...
a aula acontecia usando folhas-de-rascunho...
cada um com sua deficiência...
cada aluno com sua beleza-intrinsica...
a beleza de ser... um ser-humano...
um ser... querendo aprender...
querendo se desenvolver...
pedindo ajuda a um outro... ser-humano...
--- --- ---
profissão belíssima...
a de um professor-particular...
o professor-de-piano tinha razão...
a decisão de trabalhar dando aulas...
foi... realmente... bem melhor do que...
ter me lançado ao primeiro chamado do caderno-de-classificados...
ou seja... me candidatar à vaga de... vendedor-de-livros...
--- --- ---
... para que as aulas pudessem acontecer...
era necessário uma certa preparação preliminar...
em termos de uma certa infra-estrutura de "marketing"...
"marketing" seria provavelmente...
uma palavra um tanto sofisticada...
para traduzir algo bem mais simples...
o que era feito era simplesmente uma divulgação bem artesanal...
que consistia na colocação de um super-mini-cartaz...
dando meu nome e telefone...
o anúncio era colocado nos quadros-de-avisos das escolas...
ou então nos cadernos-de-telefones-úteis...
lá... da secretaria da escola...
--- --- ---
tudo isso era feito...
percorrendo meia-dúzia de escolas da área...
o colégio anglo-americano... na praia de botafogo...
fazia parte desse itinerário de "marketing"...
ao chegar lá...
me pediram para falar com um dos diretores...
ele me perguntou:
" você tem experiência em dar aulas...?..."...
expliquei que sim...
já estava dando aulas já... há algum tempo...
... que tinha tirado primeiro-lugar no vestibular...
ele me pergunta:
" você tem provas disso que você está dizendo...?..."...
--- --- ---
abro aquele tipo de pastinha-de-cartolina-retangular-cor-de-rosa...
com aqueles dois elastiquinhos-pretos nas duas pontas...
... retiro o caderno do jornal-dos-sports...
cuja última-página exibia a propaganda do curso-vetor...
divulgando o nome dos alunos que obtiveram...
o primeiro-lugar... o segundo-lugar... etc...
nas diversas faculdades...
e... ao deslocar o jornal do meu colo... para sua escrivaninha...
percebo que ele nem se dá ao trabalho de verificar...
se meu nome estava lá... ou não...
vai logo decidindo:
" vou lhe dar as turmas de dependência "...
( hoje... seriam as turmas de recuperação )...
--- --- ---
ele me passou o horário das aulas...
falou que poderia começar na segunda feira...
falou também... para eu tirar a carteira-de-trabalho...
e que a entregasse ao departamento-pessoal...
nos despedimos...
e... em casa... comecei a preparar as aulas...
para tamanha tarefa...
um tarefa de extrema responsabilidade...
ou seja... dar aulas num colégio...
numa turma...
... mesmo sabendo que era apenas...
... uma mini-turma de dependência...
--- --- ---
em casa... ao fazer o planejamento-das-aulas...
eu tinha como referencial...
o nível-de-estudo que estava acostumado a lidar...
no curso-vetor...
baseando-me neste referencial...
caprichei nos rascunhos que seriam a preparação-das-aulas...
--- --- ---
segunda-feira...
chego cedo no meu novo trabalho...
pergunto onde é a sala-da-dependência...
a secretária me leva lá...
espero o relógio marcar o início do primeiro-tempo...
naquela manhã...
espero mais um pouco...
ninguém aparece...
--- --- ---
depois... me explicam que é assim mesmo...
as turmas de dependência têm poucos alunos...
--- --- ---
no segundo-tempo aparecem uns dois alunos...
dou aquela aula-caprichada...
tranquilo...
não foi tão mal assim...
penso comigo mesmo... ( já no ônibus de volta...)
" até que não foi tão difícil assim...
nem era preciso me preocupar tanto... em preparar as aulas...
pois... o nível é bem tranquilo... bem básico..."
--- --- ---
mas... nem por isso... deixava de caprichar nas aulas...
tinha muito o que falar...
muito o que explicar...
havia todo um mundo de teoremas interessantes...
para apresentar aos alunos...
demonstrações sobre os teoremas de trigonometria...
... da geometria-analítica...
eu gostava das demonstrações...
porque... elas apresentavam uma linha-de-raciocínio...
que conduziam à tese-principal...
e... com isso... a vantagem era dupla...
primeiro... porque o aluno não precisava decorar a fórmula...
( que era a tese da demonstração )...
segundo... porque... ao observar a demonstração...
tínhamos a oportunidade de sentir... em detalhes...
o mecanismo da argumentação matemática...
que no fundo... era uma sequencia lógica de passos...
e... com isso.... estaríamos exercitando a capacidade de pensar...
--- --- ---
empolgado com a filosofia-das-demonstrações...
acabava deixando os poucos alunos das turmas-de-dependência...
um pouco perplexos... um pouco curiosos...
em ver um professor tão diferente...
... com um cabelo longo...
encaracolado...
com chumaços volumosos...
descansando sobre os ombros...
--- --- ---
afinal... era o ano de 1972...
o cabelo enorme... nos ombros...
já era algo conhecido...
não era uma novidade tão grande assim...
era um estilo que muitos de nós já havíamos adotado...
--- --- ---
ainda era algo exótico...
mas... nem tanto...
--- --- ---
e... ao ver um professor com 18 anos-de-idade...
com o cabelo nos ombros...
empolgado com as demonstraçõeszinhas dos teoreminhas da trigonometria...
e da geometria-analítica...
... tudo parecia uma espécie de "folclore" interessante e bem-vindo...
ao colégio anglo-americano...
... que... sem dores-de-consciência...
acolhia os alunos que não conseguiam passar no andrews...
a poucos metros de distância...
no quarteirão vizinho...
em resumo...
o andrews era o colégio dos estudiosos...
... filhos da alta-society...
... o anglo-americano... era o colégio da vagabundagem...
( que também pertencia ... à mesma "society"...)
--- --- ---
a diferença é que os primeiros...
tiveram a sorte de ter uma... certa base-acadêmica...
... enquanto que os segundos...
por um motivo... ou outro...
não tiveram a mesma sorte...
eu apenas... observava o fenômeno...
sem nenhum julgamento...
tentava ensinar no anglo...
como se estivesse numa escola qualquer...
para mim... não existia diferença...
em termos de consideração para com o aluno...
o desenvolvimento individual...
o progresso em relação a si mesmo...
era o que interessava...
mas... o contraste entre as duas escolas era visível...
embora ambas... lidassem com o mesmo tipo-de-classe-social...
paro por aqui...
mandando meu abraço para os dois...
para a turma dos estudiosos...
e... para a turma da vagabundagem...
pois ambos visavam...
um objetivo comum:
... a felicidade...
um grande abraço...
...luis antonio...
que havia aprendido com o richard...
(... mencionado no "part-19"...)...
... adicionadas aos novos-horizontes...
que lentamente iam se revelando...
graças ao professor-de-piano......
... eu sentia que as condições eram favoráveis...
que as coisas estavam acontecendo...
meio sem grandes planejamentos...
que a vida estava me conduzindo...
numa direção onde...
eu... nem sempre tinha... o controle do leme...
mas que... por sorte...
os ventos estavam me levando...
para lugares bons...
para lugares... saudáveis...
--- --- ---
ao visitar cada apartamento dos inúmeros alunos-particulares...
que me chamavam para ajudá-los em matemática...
... percebia a diversidade de universos existentes...
em cada um daqueles espaços...
mas... nada disso era importante...
o fundamental naquelas visitas...
era a interação que eu tinha... com cada aluno...
tão diferentes um dos outros...
cada um com sua particularidade...
com sua personalidade...
e... todos me recebiam bem...
normalmente a mãe... me oferecia um copo d'água...
a aula acontecia usando folhas-de-rascunho...
cada um com sua deficiência...
cada aluno com sua beleza-intrinsica...
a beleza de ser... um ser-humano...
um ser... querendo aprender...
querendo se desenvolver...
pedindo ajuda a um outro... ser-humano...
--- --- ---
profissão belíssima...
a de um professor-particular...
o professor-de-piano tinha razão...
a decisão de trabalhar dando aulas...
foi... realmente... bem melhor do que...
ter me lançado ao primeiro chamado do caderno-de-classificados...
ou seja... me candidatar à vaga de... vendedor-de-livros...
--- --- ---
... para que as aulas pudessem acontecer...
era necessário uma certa preparação preliminar...
em termos de uma certa infra-estrutura de "marketing"...
"marketing" seria provavelmente...
uma palavra um tanto sofisticada...
para traduzir algo bem mais simples...
o que era feito era simplesmente uma divulgação bem artesanal...
que consistia na colocação de um super-mini-cartaz...
dando meu nome e telefone...
o anúncio era colocado nos quadros-de-avisos das escolas...
ou então nos cadernos-de-telefones-úteis...
lá... da secretaria da escola...
--- --- ---
tudo isso era feito...
percorrendo meia-dúzia de escolas da área...
o colégio anglo-americano... na praia de botafogo...
fazia parte desse itinerário de "marketing"...
ao chegar lá...
me pediram para falar com um dos diretores...
ele me perguntou:
" você tem experiência em dar aulas...?..."...
expliquei que sim...
já estava dando aulas já... há algum tempo...
... que tinha tirado primeiro-lugar no vestibular...
ele me pergunta:
" você tem provas disso que você está dizendo...?..."...
--- --- ---
abro aquele tipo de pastinha-de-cartolina-retangular-cor-de-rosa...
com aqueles dois elastiquinhos-pretos nas duas pontas...
... retiro o caderno do jornal-dos-sports...
cuja última-página exibia a propaganda do curso-vetor...
divulgando o nome dos alunos que obtiveram...
o primeiro-lugar... o segundo-lugar... etc...
nas diversas faculdades...
e... ao deslocar o jornal do meu colo... para sua escrivaninha...
percebo que ele nem se dá ao trabalho de verificar...
se meu nome estava lá... ou não...
vai logo decidindo:
" vou lhe dar as turmas de dependência "...
( hoje... seriam as turmas de recuperação )...
--- --- ---
ele me passou o horário das aulas...
falou que poderia começar na segunda feira...
falou também... para eu tirar a carteira-de-trabalho...
e que a entregasse ao departamento-pessoal...
nos despedimos...
e... em casa... comecei a preparar as aulas...
para tamanha tarefa...
um tarefa de extrema responsabilidade...
ou seja... dar aulas num colégio...
numa turma...
... mesmo sabendo que era apenas...
... uma mini-turma de dependência...
--- --- ---
em casa... ao fazer o planejamento-das-aulas...
eu tinha como referencial...
o nível-de-estudo que estava acostumado a lidar...
no curso-vetor...
baseando-me neste referencial...
caprichei nos rascunhos que seriam a preparação-das-aulas...
--- --- ---
segunda-feira...
chego cedo no meu novo trabalho...
pergunto onde é a sala-da-dependência...
a secretária me leva lá...
espero o relógio marcar o início do primeiro-tempo...
naquela manhã...
espero mais um pouco...
ninguém aparece...
--- --- ---
depois... me explicam que é assim mesmo...
as turmas de dependência têm poucos alunos...
--- --- ---
no segundo-tempo aparecem uns dois alunos...
dou aquela aula-caprichada...
tranquilo...
não foi tão mal assim...
penso comigo mesmo... ( já no ônibus de volta...)
" até que não foi tão difícil assim...
nem era preciso me preocupar tanto... em preparar as aulas...
pois... o nível é bem tranquilo... bem básico..."
--- --- ---
mas... nem por isso... deixava de caprichar nas aulas...
tinha muito o que falar...
muito o que explicar...
havia todo um mundo de teoremas interessantes...
para apresentar aos alunos...
demonstrações sobre os teoremas de trigonometria...
... da geometria-analítica...
eu gostava das demonstrações...
porque... elas apresentavam uma linha-de-raciocínio...
que conduziam à tese-principal...
e... com isso... a vantagem era dupla...
primeiro... porque o aluno não precisava decorar a fórmula...
( que era a tese da demonstração )...
segundo... porque... ao observar a demonstração...
tínhamos a oportunidade de sentir... em detalhes...
o mecanismo da argumentação matemática...
que no fundo... era uma sequencia lógica de passos...
e... com isso.... estaríamos exercitando a capacidade de pensar...
--- --- ---
empolgado com a filosofia-das-demonstrações...
acabava deixando os poucos alunos das turmas-de-dependência...
um pouco perplexos... um pouco curiosos...
em ver um professor tão diferente...
... com um cabelo longo...
encaracolado...
com chumaços volumosos...
descansando sobre os ombros...
--- --- ---
afinal... era o ano de 1972...
o cabelo enorme... nos ombros...
já era algo conhecido...
não era uma novidade tão grande assim...
era um estilo que muitos de nós já havíamos adotado...
--- --- ---
ainda era algo exótico...
mas... nem tanto...
--- --- ---
e... ao ver um professor com 18 anos-de-idade...
com o cabelo nos ombros...
empolgado com as demonstraçõeszinhas dos teoreminhas da trigonometria...
e da geometria-analítica...
... tudo parecia uma espécie de "folclore" interessante e bem-vindo...
ao colégio anglo-americano...
... que... sem dores-de-consciência...
acolhia os alunos que não conseguiam passar no andrews...
a poucos metros de distância...
no quarteirão vizinho...
em resumo...
o andrews era o colégio dos estudiosos...
... filhos da alta-society...
... o anglo-americano... era o colégio da vagabundagem...
( que também pertencia ... à mesma "society"...)
--- --- ---
a diferença é que os primeiros...
tiveram a sorte de ter uma... certa base-acadêmica...
... enquanto que os segundos...
por um motivo... ou outro...
não tiveram a mesma sorte...
eu apenas... observava o fenômeno...
sem nenhum julgamento...
tentava ensinar no anglo...
como se estivesse numa escola qualquer...
para mim... não existia diferença...
em termos de consideração para com o aluno...
o desenvolvimento individual...
o progresso em relação a si mesmo...
era o que interessava...
mas... o contraste entre as duas escolas era visível...
embora ambas... lidassem com o mesmo tipo-de-classe-social...
paro por aqui...
mandando meu abraço para os dois...
para a turma dos estudiosos...
e... para a turma da vagabundagem...
pois ambos visavam...
um objetivo comum:
... a felicidade...
um grande abraço...
...luis antonio...
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