...
... pronto !... chega de conversa-fiada...
... e vamos ao que interessa...
esse papo introdutório ( do 1 ao 3 )...
provavelmente... não iria levar a nada...
ficou visível que nessa pequena sequencia introdutória...
está faltando um esqueleto...
uma estrutura que possa servir como referência... e... diretriz...
para uma narrativa global...
narrativa global esta...
que estava muito presente...
na nossa querida sequencia-de-cartas-de-1-a-18...
portanto... chega de conversa-fiada...
... e... vamos ao que interessa...
o público quer...
ou melhor... o público exige...
sex... drugs... and... rock-and-roll...
não... ... não é bem assim...
uma narrativa para ser coerente...
necessita ser baseada num fio-condutor...
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a sequencia introdutória estava muito solta...
no início... interagiu um pouquinho com o sartre...
...depois... com a "descoberta" de que não havia outra opção...
a não ser... retomar o projeto-original... de um rascunho-auto-biográfico...
e... finalmente... uma viagem... concreta-burocrática...
no seio da university-of-hawaii-at-manoa...
muita salada... des-coordenada...
que... obviamente... não iria levar a lugar nenhum...
... carecia realmente...
do nosso querido fio-condutor...
portanto... vamos recolocá-lo... de volta...
na nossa espinha-dorsal...
vamos lá...?
... Capítulo 19... ou melhor... filosofando... part nineteen...
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... há muito tempo atrás...
quando eu tinha uns 13... ou 14 anos-de-idade...
( bem na época do final do ciclo-de-cartas-de-1-a-18...)
eu... em casa... no meu quarto...
já morando na rua jota-carlos...
deitado na cama...
sonhei acordado...
tive um espécie de "insight"...
me sentia meio preso-psicologicamente...
sentia que a sociedade me oprimia-psicologicamente...
sentia que eu tinha um certo medo...
das pessoas...
sentia que a única maneira de eu me libertar...
de toda essa angústia...
era ter-a-coragem de "espremer-o-pus"...
ou seja...
abrir-o-jogo para todos...
abrir-o-jogo para o público...
como se estivesse espremendo meu próprio pus...
chegar na rua...
lá no clube-de-esquina da lagoa...
lá na turma do rocha-pinto...
( onde eu me sentia à vontade )...
e... "espremer-o-pus"...
ou seja... contar tudo em público...
... contar os ínfimos detalhes...
de tudo... dos pensamentos mais profundos...
mais íntimos...
... contar na rua...
... contar para o público...
seria a grande psico-terapia-libertadora...
( simples !...)
porém... seria necessário... muita coragem...
uma coragem diretamente proporcional...
à libertação...
a... "libertação"... e o... "abrir-me em público"...
seriam sinônimos...
tais pensamentos navegavam na minha mente...
deitado na cama...
no meu quarto... na rua jota-carlos...
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nessa época...
nesse mesmo quarto...
a música que ouvíamos era tocada por discos...
... aqueles que rodavam na vitrola...
coisas de antigamente...
naquela época não existia i-pod...
não existia computador...
a música que escutávamos era reproduzida...
pela agulha sob a qual deslizavam...
os finíssimos sulcos-do-disco... que giravam na vitrola...
em forma de uma espiral... quase infinita...
...convergindo... lentamente... rumo ao centro-do-disco...
a vitrola que eu tinha... era pequenininha...
daquelas que podiam funcionar tanto na pilha...
... como na eletricidade...
uma vitrolinha portátil... vermelha...
resolví colocar o sargent-peppers-lonely-heart-club-band...
dos beatles...
nesse álbum... existia uma faixa... ( track )...
que eu gostava-de-montão...
era o... lovely-rita-rita-maid...
eu gostava dessa música...
por causa da letra que conta a estória...
de uma fiscal-de-estacionamento......
... a rita-maid... ou seja... a empregada-rita...
que trabalhava com os "parking-meters"...
e se vestia com um uniforme...
que fazia com que ela se parecesse...
como uma espécie de... " military man "...
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eu achava interessante a parte da letra...
onde dizia...
"may I inquire discreetly...
when are you free to take some tea with me...?..."
em resumo...
eu achava a letra uma graça...
muito bem bolada...
só os beatles mesmo...
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mas... o que eu mais "curtia" nessa música...
era o solo-de-piano que um deles tocava...
logo depois que eles diziam... ritá...
( com um acento fortíssimo no "tá"...)
...vinha um solo-de-piano...
que eu achava... ( e ainda acho...)
o máximo...
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logo depois... encontrando por acaso...
minha mãe... no corredor...
falei:...
( eu )... " gostaria tanto de saber tocar piano "...
( ela ):... " conheço um professor-de-piano muito bom...
só que ele dá aula para concertistas...
... música clássica..."
( eu ):... " música clássica...?..."
( ela ):... " é... música clássica... para concertista...
se voce quiser... eu dou um telefonema para ele...
digo que você quer aprender...
( eu ):... "... tudo bem... "
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esse pequeno diálogo com minha mãe...
me fez pensar um pouco...
" pôxa... um professor de música clássica...
... interessante..."
fiquei curioso...
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meu pai tinha uma meia-dúzia de "long-plays" de música-clásica...
que ele havia comprado em boston...
na época em que estudou lá...
no MIT... massachusetts institute of technology...
durante o período de tres anos em que estivemos lá...
conforme descrito na coleção das 18 cartas do blog anterior...
aquela meia-dúzia de long-plays...
estava disponível para quem quisesse escutá-los...
guardadinha dentro do móvel-vitrola da sala...
só que ninguém escutava nada...
estava lá... bonitinha... organizada...
mas... algo sem grandes utilidades...
simplesmente ninguém se interessava...
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bem antes de eu ter o diálogo com minha mãe...
( acima descrito )... sobre a possibilidade de estudar piano...
... bem antes disso...
eu andava muito com um grande amigo meu...
do colégio militar....
o... richard...
e... por frequentar muito sua casa...
recebí dele... e de sua mãe...
uma influencia muito boa...
...muito positiva...
em relação à filosofia-ética...
...em relação à filosoffia do gandhi...
do buddha... dos grandes filósofos...
yoga... meditação... pranayama...
alimentação-integral... etc... etc...
tudo isso que está bem na moda... hoje-em-dia...
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só que naquela época...
tais assuntos... eram pouco difundidos...
pouca gente se "ligava' muito nesses assuntos...
... digamos... "exotéricos"...
mas... felizmente... graças ao richard...
e... à sua mãe...
fui introduzido nesse mundo...
...no mundo da yoga... ( física e espiritual )...
conhecimento esse... que me ajudou muito...
( e ainda ajuda )...
a lidar com as adversidades...
que estão... ocasionalmente surgindo...
na vida de todos nós...
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mas por que é que o richard...
entrou assim... de repente... no papo...?
justamente...
pelo fato de ele ter me introduzido...
no mundo-maravilhoso da yoga-espiritual...
nós... constantemente... nessa época...
costumávamos ir para a praia..
para um parque...
enfim... para um lugar onde houvesse...
um pouco de natureza...
e... costumávamos fazer yoga...
... meditação...
tentando silenciar a mente...
dos barulhos...
dos ruídos... desse mundo... "profano"...
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e... nessa de meditar...
surgiu... também... o interesse pelos discos...
do tipo... música-clássica-para-meditação...
...já que poderíamos usá-los como fundo-musical...
para nossos exercícios de pranayama...
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eu... em casa na sala da jota-carlos...
ao "descobrir" a meia-duziazinha de long-plays clássicos...
que meu pai havia comprado numa liquidação na época do MIT...
e... influenciado pela paz-de-espírito...
adquirida pelas... "meditações"...
...naturalmente...
ao ver tal coleção... meio abandonada...
no interior do móvel toca-discos da sala...
resolví... um dia... colocar um dos discos...
para ver do que se tratava...
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a coleção... conforme foi dito...
não era muito vasta...
tinha um long-play do chopin...
outro do tchaikovsky...
outro do brahms...
outro da quinta-sinfonia de beethoven...
um de vivalvi...
um de schumann
e... um que me chamou à atenção pelo título:
..."classical music for people who hate classical music"...
...que trazia pequenas amostras das grandes aberturas de ópera...
ou... alguns trechos de grandes sinfonias...
enfim...
oferecia alguns exemplos das peças mais conhecidas...
mais... "manjadas"... pelo público não muito especializado...
no repertório clássico...
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e eu... ao ver tal coleção...
naturalmente... fui experimentando......
devagarinho... cada disco daqueles...
não todos de uma só vez...
nem pensar...
pois... quem nunca ouviu uma música clássica...
não consegue saboreá-la logo assim...
de cara... de supetão...
...logo assim... na primeira tragada...
... no primeiro gole...
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a coisa se dá de uma forma lenta... gradativa...
ao colocar o disco pela primeira vez...
a música não me dizia nada...
... não me sensibilizava...
era algo que estava tocando na vitrola...
... algo meio sem sentido...
mas... eu era insistente...
depois da primeira rodada...
que era um escutar... sem-escutar...
assim que o disco chegava ao final...
eu dava um "replay"...
ou seja... re-posicionava a agulha para o início do disco...
tentava escutar umas duas vezes em seguida...
e depois... ia fazer algo diferente...
outras horas... outros dias...
insistia de novo...
esse processo de educar o ouvido rumo à música-clássica...
não exige muito tempo... ... não...
pois... a partir da terceira rodada...
já é possível começar a "entender" a música...
já é possível começar a sentir... a melodia...
a mensagem musical...
a linguagem...
o que o compositor estava querendo dizer...
a música... em si...
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a partir desse "mergulho" inicial...
percebí a riqueza desse tipo de música...
adorava colocar o concerto-número-1-para-piano-e-orquestra...
do tchaikovsky...
gostava da hora em que o piano entrava...
era uma peça longa...
com recursos musicais riquíssimos...
que me conduziam a uma viagem imaginária...
bastante diferente da que era experimentada...
ao escutar o solo alegre... dos beatles...
ao tocarem... lovely-rita-rita-maid...
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por isso...
quando minha mãe me falou...
...que o professor-de-piano...
era um professor de música-clássica...
para concertistas...
fiquei apenas escutando o que ela estava me dizendo...
( quando me perguntou se eu estava interessado nas aulas...)
e... quando eu disse... "tudo bem"...
não pensei muito mais... sobre o assunto...
poucos dias depois...
minha mãe chega pra mim...
...e diz:
..."falei com o professor...
combinamos para o dia tal... hora tal..."...
esperei o dia agendado... chegar...
tranquilo... sem pensar muito no assunto...
porém... com uma "pontinha-de-curiosidade"...
devido ao fato de... minha mãe ter agendado uma primeira-aula...
com... segundo ela...
... " um professor muito bom...
...um professor de música-clássica..."
fiquei... tranquilo...
aguardando o dia tal... da hora tal...
para pegar o...
largo-da-glória_leblon...
o.... são-salvador_leblon...
o... urca_leblon...
ou... o... cosme-velho_ leblon...
...que me levariam à primeira-aula...
... com o professor-de-piano...
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ao pegar o ônibus...
com seu endereço anotado numa folha-de-papel...
não me passou pela cabeça...
que... a partir dessa primeira aula......
minha visão-de-mundo...
iria se transformar...
iria se enriquecer...
ao receber dele... aulas...
que não falavam só de música...
... mas da vida... em geral...
o professor-de-piano...
teve uma enorme influência em minha vida...
ao ponto de eu o considerar...
hoje-em-dia...
como meu... segundo pai...
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paro por aqui...
desejando... a você... tudo-de-bom...
um grande abraço...
...luis antonio...