Tentando fazer uma re-leitura sobre o texto "part-22"...
vemos que ele aborda alguns pontos que merecem...
uma certa atenção...
1... existe um grande medo de rejeição...
2... se existe um grande medo de rejeição...
existe... da mesma forma...
uma grande necessidade de aceitação...
3... existe o problema da verdade...
de assumir a sua verdade...
de entender que a sua verdade... não é vergonhosa...
4... existe o êrro... na linha-lógica-do-raciocínio...
em achar que tal verdade...
implica necessariamente na condenação pela sociedade...
em relação à pessoa considerada...
( no caso... eu... daquela época....)
5... existe uma falta-de-conhecimento da realidade-social...
e... para isso... ( para se ter esse conhecimento )...
seria necessário ter uma orientação... uma educação...
em termos do que é uma sociologia básica...
o que é uma sociedade... etc...
( e para esse fim... o estudo da história poderia ajudar... muito )...
6... mas... apesar de todas essas considerações preliminares...
existe sim... uma hora em que é necessário uma decisão...
em relação ao seu posicionamento político...
( e... obviamente... tal posicionamento será melhor decidido...
na medida em que haja...
o tal preparo mencionado no ítem anterior...)
7... acontece que... muitas vezes... esse posicionamento é cobrado...
de uma maneira um pouco... violenta demais...
no sentido de... existir uma certa postura de quem cobra...
como se dissesse:
... " e aí... cara... qual é a sua..."
8... esse tipo de... digamos... espécie de "camisa-de-fôrça"...
a qual nos vemos... algumas vezes... pressionados...
por quem está nos cobrando ( o tal posicionamento )...
acaba fazendo com que... nada dê certo...
tudo acaba virando um caos...
a tal verdade verdadeira da ética-gandhiana...
que gostaríamos que existisse na atmosfera...
passa a ser algo inexistente...
tudo passa a ficar... meio "emperrado"...
as coisas não fluem... como poderiam fluir...
9... no meu caso... acho que... o que houve...
foi que eu acabei sendo vítima...
da minha própria ignorância...
ao desconhecer os elementos básicos...
do mecanismo de uma engrenagem-social...
e... das relações humanas...
agarrei-me desesperadamente a uma lógica...
que... infelizmente... continha êrros crônicos...
10... felizmente... ninguém foi atingido... pelo meu êrro-lógico...
a não ser... eu mesmo...
e... talvez... meus amigos...
por terem tido uma amizade comigo...
que poderia ter sido... mais plena...
--- --- ---
em resumo...
o próprio texto-em-si... ( "part-22" )...
serve... não só como uma espécie de catarse...
mas também como um exercício de reflexão...
no sentido de tentarmos mergulhar mais profundamente...
nas questões ligadas à...
uma relação entre as pessoas...
baseadas na verdade...
... numa verdade profunda...
eu diria até... (...quem sabe...?...)
numa verdade-gandhiana...
( o que... infelizmente não existiu...
.... na estória recém contada...)
um grande abraço...
...luis antonio...
...22.2... a possibilidade... e a impossibilidade...
Está parecendo que existem... basicamente... dois tipos de filosofias...
parece que não sobrou nem mais uma gota sequer de gasolina...
no fundo do tanque...
para se transformar no torque que fará com que os pneus...
possam girar...
empurrando o asfalto para trás...
--- --- ---
... cumpriu sua "missão"...
--- --- ---
--- --- ---
1... as bla-bla-blá-ziânicas... que... ( confesso )... não as desprezo... não...
até que... às vezes... eu as "curto"...
2... e as verdadeiras...
como por exemplo... as do tipo de... jean-paul-sartre...
que dizia coisas como...
"... sou meu passado...
... na medida em que...
...é impossível não sê-lo...
"... sou meu futuro...
... na medida em que...
... é sempre possível... não sê-lo..."
--- --- ---
quer dizer... na medida em que o gráfico da nossa vida...
vai caminhando para a direita...
( assim como o grafico de um "software"...
... que está num processo de "download"...)
i...............................p.............f
onde o ponto ""i" é o ponto-inicial do processo... ( ou seja... o nascimento )...
... o ponto "f"... o ponto-final do processo... ( ou seja... o falecimento )...
e... o ponto "p"... o momento presente...
... na medida em que o tempo passa...
"p" vai se deslocando... lentamente para a direita...
a distância entre "i" e "p" vai crescendo...
e a distância entre "p" e "f" vai diminuindo...
... o passado... ( representado no gráfico pelo segmento "ip"...)...
é algo que não admite mais... a possibilidade de mudança...
é algo fixo... dado...
é impossível modificar o passado...
... e o futuro... ( representado pelo segmento "pf"...)...
é algo que admite uma possibilidade de mudança ( ao projeto-futuro )...
só que...
como esse segmento "pf" está sempre diminuindo... ( ao longo do tempo...)...
vai chegar um momento... onde "p" estará tão próximo de "f"...
( o momento em que estamos no "leito-da-morte" )...
que o segmento "pf" será praticamente... zero...
então... neste caso...
a possibilidade de mudança em relação ao nosso projeto-futuro...
passa a ser... praticamente zero...
... enquanto que... por outro lado...
o segmento "ip" encontra-se... a todo momento...
sólido... fixo... determinado...
"sacramentado" dentro de sua imobilidade:
--- " é impossível não-ser meu passado "...
--- --- ---
no "leito-da-morte"...
o ponto "p" está quase no final da sua trajetória...
deixando para trás...
o segmento "ip"...
... fixo...
... sem possibilidade de mudanças...
enquanto que o segmento "pf"...
( aquele que poderia ainda... de certa forma...
ser criativo...
... no sentido de criar algo novo...
... diferente...)...
... se vê com seus minutos...
... com suas possibilidades...
... contadas...
--- --- ---
..." sou meu passado...
... na medida em que é...
... impossível não sê-lo...
..." sou meu futuro...
... na medida em que é...
... sempre possível... não sê-lo..."
--- --- ---
graaande sartre...
eu "curto" o sartre...
... suas metáforas... suas explicações...
--- --- ---
e... voltando ao tema-principal desses rascunhos...
ou seja... uma tentativa de um rascunho auto-biográfico...
... neste exato momento...
perdi... ( um pouco )... a vontade... de continuar...
me deu um desânimo...
... é como se...
tudo o que eu tivesse-pra-contar...
fosse realizado-de-uma-só-vez...
fosse consumido...
detonado...
aniquilado
raspado a última-migalha-de-arroz-do-prato...
parece que não sobrou nem mais uma gota sequer de gasolina...
no fundo do tanque...
para se transformar no torque que fará com que os pneus...
possam girar...
empurrando o asfalto para trás...
--- --- ---
durante o processo...
que se deu... nesses últimos dias...
que se deu... nesses últimos dias...
de apertar os botões-do-teclado...
transferindo os zeros-e-uns da minha memória...
... para a do computador...
... parece que... depois disso...
não há muito mais... o que contar...
parece que... a finalidade dos escritos bla-bla-blá-ziânicos...
chegou ao seu fim...
ao seu objetivo...
à sua revelação última...
... cumpriu sua "missão"...
--- --- ---
... mas... não existe... nisso tudo...
uma espécie de ponto-final... não...
muito provavelmente...
novos bla-bla-blás.. virão...
--- --- ---
mas... confesso...
depois do "botar-pra-fora"...
desses últimos dias...
me sinto...
simultaneamente... aliviado... e... exausto...
vou ser obrigado a ir surfar...
... no hawaii...?
( impossível não ser meu passado...)
... não !..
dessa vez vai ser aqui mesmo...
nem no passado... nem no futuro...
mas... no presente... sartriano...
até já...
alguém tem uma parafina aí...?
... uma "wax"...?
um grande abraço...
...luis antonio...
...22.3... uma seleção de filmes...
Se eu tivesse que fazer uma seleção de filmes...
hoje...
a seleção seria a seguinte...
( vou colocar uma numeração-zinha...
apenas para facilitar a leitura...
... tal numeração não tem relação nenhuma...
...com... ordem-de-preferência...
... prioridade... ou coisa-parecida...)
( a classificação... oscila...
... às vezes é por diretor...
... outras vezes por ator... atriz...
... não existe uma regra pré-estabelecida...
... quanto a isso...)...
então vamos lá...
1... truffaut...
... la mariée était en noir...
... l'histoire d'adéle h....
... les deux anglaises et le continent...
... l'homme qui aimait les femmes...
... la femme d'à côté...
2... alain delon e romy schneider...
... la piscine...
... christine...
3... jean-louis trintignant e romy schneider...
... le train...
4... jeanne moreau...
... moderato cantabile...
... les amants...
5... pierre granier-deferre...
... le chat...
... la veuve couderc...
6... luchino visconti...
... l'innocente...
... la caduta degli dei...
... ludwig...
... lo straniero...
... belíssima...
7... glauber rocha...
... deus e o diabo na terra do sol...
8... cacá diegues...
... quilombo...
9... giuseppe tornatore...
... malèna...
10... jacques demy...
... les parapluies de cherbourg...
11... jean-paul belmondo...
... à bout de souffle...
12... claude berri
... jean de florette...
... manon des sources...
13... billy wilder...
... the apartment...
14... henri- georges clouzot...
... le salaire de la peur...
15... ashutosh gowariker...
... lagaan...
... swades: we the people...
... what's your raashee...
16... aamir khan...
... 3 idiots...
17... zhang yimou...
... lanternas vermelhas...
... ju dou...
... to live...
18... werner herzog...
... fitzcarraldo...
... aguirre... a cólera dos deuses...
19... éric rohmer...
... l'anglaise et le duc...
... la collectionneuse...
... pauline à la plage...
... conte de printemps...
... l'ami de mon amie...
... le genou de claire...
... conte d'eté...
20... david lean...
... a passage to india...
21... klaus kirschner...
... mozart: a childhood chronicle...
--- --- ---
agora...
vamos supor que eu já tenha baixado toda essa coleção...
através do sistema "peer-to-peer"...
ou seja... bit-torrent... etc...
vamos supor que eu já estivesse com essa coleção-zinha...
arquivada num external-hard-drive desses... que existem por aí...
se você me perguntasse qual o filme...
que eu iria "rodar"...
nesse exato momento...
eu diria...
...seria o... "what's your raashee"...
do ashutosh gowariker...
essa turma da índia...
está simplesmente... "arrepiando"...
na confecção de filmes de altíssimo nível...
e... esse filme... em particular... ( "what's your raashee" )...
eu re-assistiria... nesse momento...
porque... fiquei com a música-da-apresentação...
na cabeça...
um jazz-zinho... muito... muito... legalzinho...
... sem contar com a dança...
o visual... a fotografia... a estória...
é... realmente...
essa turma está... simplesmente... "arrepiando"...
a turma tem jeito mesmo... pra coisa...
uma nova linguagem-cinematográfica...
se bem que adoro também...
os outros...
e... como adoro...
me despeço...
desejando... tudo-de-bom... pra você...
um grande abraço...
...luis antonio...
hoje...
a seleção seria a seguinte...
( vou colocar uma numeração-zinha...
apenas para facilitar a leitura...
... tal numeração não tem relação nenhuma...
...com... ordem-de-preferência...
... prioridade... ou coisa-parecida...)
( a classificação... oscila...
... às vezes é por diretor...
... outras vezes por ator... atriz...
... não existe uma regra pré-estabelecida...
... quanto a isso...)...
então vamos lá...
1... truffaut...
... la mariée était en noir...
... l'histoire d'adéle h....
... les deux anglaises et le continent...
... l'homme qui aimait les femmes...
... la femme d'à côté...
2... alain delon e romy schneider...
... la piscine...
... christine...
3... jean-louis trintignant e romy schneider...
... le train...
4... jeanne moreau...
... moderato cantabile...
... les amants...
5... pierre granier-deferre...
... le chat...
... la veuve couderc...
6... luchino visconti...
... l'innocente...
... la caduta degli dei...
... ludwig...
... lo straniero...
... belíssima...
7... glauber rocha...
... deus e o diabo na terra do sol...
8... cacá diegues...
... quilombo...
9... giuseppe tornatore...
... malèna...
10... jacques demy...
... les parapluies de cherbourg...
11... jean-paul belmondo...
... à bout de souffle...
12... claude berri
... jean de florette...
... manon des sources...
13... billy wilder...
... the apartment...
14... henri- georges clouzot...
... le salaire de la peur...
15... ashutosh gowariker...
... lagaan...
... swades: we the people...
... what's your raashee...
16... aamir khan...
... 3 idiots...
17... zhang yimou...
... lanternas vermelhas...
... ju dou...
... to live...
18... werner herzog...
... fitzcarraldo...
... aguirre... a cólera dos deuses...
19... éric rohmer...
... l'anglaise et le duc...
... la collectionneuse...
... pauline à la plage...
... conte de printemps...
... l'ami de mon amie...
... le genou de claire...
... conte d'eté...
20... david lean...
... a passage to india...
21... klaus kirschner...
... mozart: a childhood chronicle...
--- --- ---
agora...
vamos supor que eu já tenha baixado toda essa coleção...
através do sistema "peer-to-peer"...
ou seja... bit-torrent... etc...
vamos supor que eu já estivesse com essa coleção-zinha...
arquivada num external-hard-drive desses... que existem por aí...
se você me perguntasse qual o filme...
que eu iria "rodar"...
nesse exato momento...
eu diria...
...seria o... "what's your raashee"...
do ashutosh gowariker...
essa turma da índia...
está simplesmente... "arrepiando"...
na confecção de filmes de altíssimo nível...
e... esse filme... em particular... ( "what's your raashee" )...
eu re-assistiria... nesse momento...
porque... fiquei com a música-da-apresentação...
na cabeça...
um jazz-zinho... muito... muito... legalzinho...
... sem contar com a dança...
o visual... a fotografia... a estória...
é... realmente...
essa turma está... simplesmente... "arrepiando"...
a turma tem jeito mesmo... pra coisa...
uma nova linguagem-cinematográfica...
se bem que adoro também...
os outros...
e... como adoro...
me despeço...
desejando... tudo-de-bom... pra você...
um grande abraço...
...luis antonio...
...23... filosofando... part twenty-three...
Há algum tempinho atrás...
estávamos falando sobre o novo emprego...
que ( acidentalmente ) aconteceu... no colégio anglo-americano...
quando... ao ir colocar um anúncio de professor-particular... no quadro-de-avisos...
o diretor me chama para dar aulas... nas turmas-de-dependência...
não imaginava eu... que...
enormes mudanças na minha vida...
iriam ocorrer nesse primeiro-semestre de 1972...
um semestre que... teoricamente deveria ser...
uma época dedicada ao descanso...
um descanso necessário... que eu havia imposto a mim mesmo...
ao fazer a opção "PUC-segundo-semestre"...
no ato da inscrição para o vestibular...
um semestre... teoricamente programado para o descanso...
mas que foi lentamente se transformando...
num período de intensas atividades e mudanças...
... graças aos repentinos acontecimentos inesperados...
que surgiram durante essa época...
--- --- ---
no decorrer do primeiro mês de aulas...
enquanto realizava meu trabalhinho...
ensinando nas turmas-de-dependência...
... o diretor sentiu que poderia contar comigo...
para atuar como professor nas turmas regulares...
e... nessa época... acontece do professor-titular-de-matemática...
responsável pela maioria das turmas do segundo-grau...
... vir a falecer...
--- --- ---
no dia seguinte... o diretor me chama...
e me comunica que vai querer que eu dê aulas na turmas-regulares...
que estão necessitando urgentemente...
de um professor-de-matemática...
fala para eu comprar um jaleco...
e pede para o despachante do colégio...
providenciar junto à secretaria de educação...
uma carteirinha que dá uma autorização provisória para lecionar...
--- --- ---
de repente... me vejo dentro de um enorme jaleco...
imerso no seio de uma sala-de-aula com 50 alunos...
tudo bem...
começo a explicar as fórmulas-da-equação-da-reta...
mas... acontece que...
pouquíssimos alunos prestam atenção...
a "zona" é geral...
... uma bagunça generalizada...
--- --- ---
percebo que... além de professor...
teria que ser uma espécie de ator...
... fazer algo que atraísse a atenção da turma...
teria que usar a criatividade...
... para não deixar o caos tomar conta...
--- --- ---
a sorte é que...
para alívio geral...
a campainha tocava... anunciando o final da aula...
os alunos se mandavam para o recreio...
e eu... continuava tentando terminar...
... as explicações inacabadas...
para a meia-dúzia de três ou quatro alunos...
interessados em continuar participando das explicações...
--- --- ---
alguns brincavam comigo...
dizendo que eu estava parecendo um açougueiro...
com aquele jaleco enorme...
cujo comprimento atingia os joelhos...
( a maioria dos professores usava um jaleco mais discreto...
... daqueles... cujo comprimento atingia apenas a cintura...)
--- --- ---
a primeira semana foi meio...
... bastante louca...
as aulas bem tumultuadas...
mas com o tempo... a coisa foi se acalmando...
fui desenvolvendo técnicas melhores...
técnicas que faziam a matéria ser compreendida...
de uma maneira mais fácil...
os alunos ao se acostumarem com meu jeito-de-ser...
... com meu jeito-de-dar-aula...
muitos deles... acabavam se interessando...
... o ambiente ia se tornando bem mais tranquilo...
as aulas... bem mais estáveis...
--- --- ---
o grande paradoxo... era a questão da idade....
às vezes... o óbvio nos escapa...
e... essa questão da idade não me chamava a atenção...
... até o dia em que um dos alunos...
chegou para mim... e falou:
" mestre... eu tenho 19 anos...
...quantos anos você tem...?..."
( eu )... " dezoito "...
( ele )... " verdade...?... não acredito...
me mostra... me mostra um documento... ( ou coisa parecida )..."
... tirei do bolso-traseiro-da-calça... minha carteira-de-identidade...
... e mostrei a ele que eu tinha...
realmente... 18 anos...
a conclusão desse breve diálogo....
é a de que ficamos... eu... e ele...
meio perplexos com tudo isso...
( o fato de ele ter 19 anos...
era um fato... completamente normal...)
( no segundo-grau é bem natural...
que um aluno tenha 19 anos...)
o que era um pouco anormal...
era o fato de um cara de 18 anos...
dar aula para uma turma de 50 alunos do segundo-grau...
mas... tudo bem...
a coisa estava funcionando bem...
o diretor estava satisfeito...
os alunos estavam satisfeitos...
eu estava satisfeito...
um semestre intenso...
aquele primeiro semestre de 1972...
--- --- ---
eu... solteiro... ainda sem namorada...
com 18 anos... me vejo... de repente...
no meio da rapaziada do anglo...
( detalhe: do anglo... não do andrews...)...
(... um detalhe que faz uma diferença...
... mas no fundo... no fundo...
... uma diferença que não é tão "diferente" assim...)
( para maiores informações...
basta dar uma re-lida num desses textos anteriores...)
e... voltando ao "menu-principal"...
estávamos dizendo que...
eu... solteiro... ainda sem namorada...
com 18 anos... me vejo.... de repente...
no meio da rapaziada do anglo...
... com aquele jaleco enorme...
com o cabelo nos ombros...
tal qual a famosa capa do "long-play" do caetano...
na época em que morou em londres...
a garotada... ou melhor...
a rapaziada do anglo... gostava de mim...
"curtia" o professor jovem de cabelos-híppie...
que gostava de matemática...
... " professor gente-boa...
não reprime... não dá sermão...
dá suas aulinhas numa boa...
tentando explicar da melhor forma possível "...
--- --- ---
já no final da manhã...
eu... dirigindo-me para o carrinho-estilo-antigo... MG-1951...
que acabara de comprar...
graças a meu novo salário-de-professor...
... vejo que uma das minhas alunas... a verinha...
quer falar comigo...
( ela )... " professor... vai ter hoje à noite...
um encontro lá no centro-da-cidade...
um encontro sobre a "eubiose"...
que é um centro de filosofia...
você gostaria de ir...?...
vai sim... você vai gostar..."
( eu )... " tudo bem... qual é o endereço...?..."
--- --- ---
ao chegar lá... à noite...
assistimos à palestra:
eu... verinha... o gúti...
... e a fabiana...
terminada a palestra...
levo a verinha e o gúti para a casa deles... em vila isabel...
e a fabiana resolve ir comigo em casa...
para escutarmos discos...
... do pink floyd... ou do steppenwolf...
para apreciarmos o solo-de-piano da faixa...
... " for ladies only "....
--- --- ---
a fabiana... nessa época... tinha cabelos cacheados...
e eram cachos incríveis...
daqueles que nasciam lá...
num par simétrico de super-ganchos...
paralelos ao plano-sagital da cabeça...
( ou seja... paralelos àquela linha-imaginária...
que vai do centro-da-testa à nuca... )
os cachos nasciam lá.... perto da testa...
brotando dos dois super-grampos...
e... caiam suavemente pelas laterais do rosto e da cabeça...
até acariciarem seu maxilar inferior...
era um "visual" único...
aqueles cachos eram...
a "marca-registrada" da fabiana...
e... reciprocamente...
a fabiana não seria a fabiana...
se não fossem aqueles cachos...
geometricamente tubulares e perfeitos...
--- --- ---
a fabiana era muito mais do que seus cabelos cacheados...
a fabiana adorava conversar...
não aquela conversa onde um só fala...
mas aquela conversa onde ela quer saber quem eu sou...
... minhas experiencias... meus sentimentos...
e... ao relatar tais sentimentos...
ela ia ligando à observações de episódios...
que também aconteciam em sua vida...
e... nessa viagem recíproca...
íamos saboreando a felicidade de compartilhar experiencias em comum...
através da fala...
... do carinho...
... da interação-sem-barreiras...
e... a comunicação-verbal...
o mútuo contar-estórias...
era um dos grandes alicerces...
dessa nossa amizade...
desse nosso romance...
onde não só as almas se inter-encaixavam...
como também... os corpos...
nosso histórico encontro nunca mais terminou...
"eu-e-a-fabiana"... foi... é... e... sempre será...
um eterno... casamento-espiritual...
--- --- ---
nessa época... muitas coisas aconteceram...
meio por-acaso... meio acidentalmente:
... meu professor-de-piano...
... o emprego no anglo...
... o encontro com a fabiana...
--- --- ---
e... o testemunho ocular de todos esses acontecimentos...
era o MG-1951... original...
que pertencia ao mecânico silva...
da oficina da rua real-grandeza... em botafogo...
seu silva... que não precisava mais do carro...
para ir pescar... aos domingos... no recreio-dos-bandeirantes...
... resolveu anunciá-lo pelo valor que hoje...
seria equivalente a 2 mil reais...
tal negociação só foi possível...
graças à mudança no meu salário do anglo...
de 300 para 1600...
decorrente do acréscimo repentino da carga-horária...
causado... por sua vez... pela adição das turmas-regulares...
às já existentes turmas-de-dependência...
--- --- ---
o MG verde...
mantido durante anos pelo seu silva...
assistia com seu olhar amigo...
... quase humano...
à realidade do dia-a-dia...
... dando carona para mim...
e para a fabiana...
... viajando conosco...
por cada palmo do asfalto das ruas do rio-de-janeiro...
... botafogo... vila isabel... jacarepaguá...
e... até petrópolis conseguimos chegar...
... graças à luz do pisca-pisca...
que iluminava o caminho... de uma forma sutil...
no momento em que o farol principal...
... resolveu descansar...
--- --- ---
anos depois...
décadas depois...
depois de um longo intervalo...
encontro com a fabiana...
na porta do metrô do largo-da-carioca...
me leva para conhecer seu marido...
em seu apartamento no grajaú...
depois de longas conversas... e... longas memórias...
a fabiana fala:
" bebê... ( meu apelido naquela época... era bebê...)
tenho uma coisa para te mostrar "...
abre a bolsa...
pega a carteira...
de dentro da carteira...
puxa uma foto colorida...
... era a foto do MG...
... só o MG...
sem ninguém por perto...
... o MG... com seus dois faróis...
olhando com doçura...
para a câmera...
um MG com alma...
um MG que viu...
o ano de 1972 passar...
até já...
um grande abraço...
...luis antonio...
estávamos falando sobre o novo emprego...
que ( acidentalmente ) aconteceu... no colégio anglo-americano...
quando... ao ir colocar um anúncio de professor-particular... no quadro-de-avisos...
o diretor me chama para dar aulas... nas turmas-de-dependência...
não imaginava eu... que...
enormes mudanças na minha vida...
iriam ocorrer nesse primeiro-semestre de 1972...
um semestre que... teoricamente deveria ser...
uma época dedicada ao descanso...
um descanso necessário... que eu havia imposto a mim mesmo...
ao fazer a opção "PUC-segundo-semestre"...
no ato da inscrição para o vestibular...
um semestre... teoricamente programado para o descanso...
mas que foi lentamente se transformando...
num período de intensas atividades e mudanças...
... graças aos repentinos acontecimentos inesperados...
que surgiram durante essa época...
--- --- ---
no decorrer do primeiro mês de aulas...
enquanto realizava meu trabalhinho...
ensinando nas turmas-de-dependência...
... o diretor sentiu que poderia contar comigo...
para atuar como professor nas turmas regulares...
e... nessa época... acontece do professor-titular-de-matemática...
responsável pela maioria das turmas do segundo-grau...
... vir a falecer...
--- --- ---
no dia seguinte... o diretor me chama...
e me comunica que vai querer que eu dê aulas na turmas-regulares...
que estão necessitando urgentemente...
de um professor-de-matemática...
fala para eu comprar um jaleco...
e pede para o despachante do colégio...
providenciar junto à secretaria de educação...
uma carteirinha que dá uma autorização provisória para lecionar...
--- --- ---
de repente... me vejo dentro de um enorme jaleco...
imerso no seio de uma sala-de-aula com 50 alunos...
tudo bem...
começo a explicar as fórmulas-da-equação-da-reta...
mas... acontece que...
pouquíssimos alunos prestam atenção...
a "zona" é geral...
... uma bagunça generalizada...
--- --- ---
percebo que... além de professor...
teria que ser uma espécie de ator...
... fazer algo que atraísse a atenção da turma...
teria que usar a criatividade...
... para não deixar o caos tomar conta...
--- --- ---
a sorte é que...
para alívio geral...
a campainha tocava... anunciando o final da aula...
os alunos se mandavam para o recreio...
e eu... continuava tentando terminar...
... as explicações inacabadas...
para a meia-dúzia de três ou quatro alunos...
interessados em continuar participando das explicações...
--- --- ---
alguns brincavam comigo...
dizendo que eu estava parecendo um açougueiro...
com aquele jaleco enorme...
cujo comprimento atingia os joelhos...
( a maioria dos professores usava um jaleco mais discreto...
... daqueles... cujo comprimento atingia apenas a cintura...)
--- --- ---
a primeira semana foi meio...
... bastante louca...
as aulas bem tumultuadas...
mas com o tempo... a coisa foi se acalmando...
fui desenvolvendo técnicas melhores...
técnicas que faziam a matéria ser compreendida...
de uma maneira mais fácil...
os alunos ao se acostumarem com meu jeito-de-ser...
... com meu jeito-de-dar-aula...
muitos deles... acabavam se interessando...
... o ambiente ia se tornando bem mais tranquilo...
as aulas... bem mais estáveis...
--- --- ---
o grande paradoxo... era a questão da idade....
às vezes... o óbvio nos escapa...
e... essa questão da idade não me chamava a atenção...
... até o dia em que um dos alunos...
chegou para mim... e falou:
" mestre... eu tenho 19 anos...
...quantos anos você tem...?..."
( eu )... " dezoito "...
( ele )... " verdade...?... não acredito...
me mostra... me mostra um documento... ( ou coisa parecida )..."
... tirei do bolso-traseiro-da-calça... minha carteira-de-identidade...
... e mostrei a ele que eu tinha...
realmente... 18 anos...
a conclusão desse breve diálogo....
é a de que ficamos... eu... e ele...
meio perplexos com tudo isso...
( o fato de ele ter 19 anos...
era um fato... completamente normal...)
( no segundo-grau é bem natural...
que um aluno tenha 19 anos...)
o que era um pouco anormal...
era o fato de um cara de 18 anos...
dar aula para uma turma de 50 alunos do segundo-grau...
mas... tudo bem...
a coisa estava funcionando bem...
o diretor estava satisfeito...
os alunos estavam satisfeitos...
eu estava satisfeito...
um semestre intenso...
aquele primeiro semestre de 1972...
--- --- ---
eu... solteiro... ainda sem namorada...
com 18 anos... me vejo... de repente...
no meio da rapaziada do anglo...
( detalhe: do anglo... não do andrews...)...
(... um detalhe que faz uma diferença...
... mas no fundo... no fundo...
... uma diferença que não é tão "diferente" assim...)
( para maiores informações...
basta dar uma re-lida num desses textos anteriores...)
e... voltando ao "menu-principal"...
estávamos dizendo que...
eu... solteiro... ainda sem namorada...
com 18 anos... me vejo.... de repente...
no meio da rapaziada do anglo...
... com aquele jaleco enorme...
com o cabelo nos ombros...
tal qual a famosa capa do "long-play" do caetano...
na época em que morou em londres...
a garotada... ou melhor...
a rapaziada do anglo... gostava de mim...
"curtia" o professor jovem de cabelos-híppie...
que gostava de matemática...
... " professor gente-boa...
não reprime... não dá sermão...
dá suas aulinhas numa boa...
tentando explicar da melhor forma possível "...
--- --- ---
já no final da manhã...
eu... dirigindo-me para o carrinho-estilo-antigo... MG-1951...
que acabara de comprar...
graças a meu novo salário-de-professor...
... vejo que uma das minhas alunas... a verinha...
quer falar comigo...
( ela )... " professor... vai ter hoje à noite...
um encontro lá no centro-da-cidade...
um encontro sobre a "eubiose"...
que é um centro de filosofia...
você gostaria de ir...?...
vai sim... você vai gostar..."
( eu )... " tudo bem... qual é o endereço...?..."
--- --- ---
ao chegar lá... à noite...
assistimos à palestra:
eu... verinha... o gúti...
... e a fabiana...
terminada a palestra...
levo a verinha e o gúti para a casa deles... em vila isabel...
e a fabiana resolve ir comigo em casa...
para escutarmos discos...
... do pink floyd... ou do steppenwolf...
para apreciarmos o solo-de-piano da faixa...
... " for ladies only "....
--- --- ---
a fabiana... nessa época... tinha cabelos cacheados...
e eram cachos incríveis...
daqueles que nasciam lá...
num par simétrico de super-ganchos...
paralelos ao plano-sagital da cabeça...
( ou seja... paralelos àquela linha-imaginária...
que vai do centro-da-testa à nuca... )
os cachos nasciam lá.... perto da testa...
brotando dos dois super-grampos...
e... caiam suavemente pelas laterais do rosto e da cabeça...
até acariciarem seu maxilar inferior...
era um "visual" único...
aqueles cachos eram...
a "marca-registrada" da fabiana...
e... reciprocamente...
a fabiana não seria a fabiana...
se não fossem aqueles cachos...
geometricamente tubulares e perfeitos...
--- --- ---
a fabiana era muito mais do que seus cabelos cacheados...
a fabiana adorava conversar...
não aquela conversa onde um só fala...
mas aquela conversa onde ela quer saber quem eu sou...
... minhas experiencias... meus sentimentos...
e... ao relatar tais sentimentos...
ela ia ligando à observações de episódios...
que também aconteciam em sua vida...
e... nessa viagem recíproca...
íamos saboreando a felicidade de compartilhar experiencias em comum...
através da fala...
... do carinho...
... da interação-sem-barreiras...
e... a comunicação-verbal...
o mútuo contar-estórias...
era um dos grandes alicerces...
dessa nossa amizade...
desse nosso romance...
onde não só as almas se inter-encaixavam...
como também... os corpos...
nosso histórico encontro nunca mais terminou...
"eu-e-a-fabiana"... foi... é... e... sempre será...
um eterno... casamento-espiritual...
--- --- ---
nessa época... muitas coisas aconteceram...
meio por-acaso... meio acidentalmente:
... meu professor-de-piano...
... o emprego no anglo...
... o encontro com a fabiana...
--- --- ---
e... o testemunho ocular de todos esses acontecimentos...
era o MG-1951... original...
que pertencia ao mecânico silva...
da oficina da rua real-grandeza... em botafogo...
seu silva... que não precisava mais do carro...
para ir pescar... aos domingos... no recreio-dos-bandeirantes...
... resolveu anunciá-lo pelo valor que hoje...
seria equivalente a 2 mil reais...
tal negociação só foi possível...
graças à mudança no meu salário do anglo...
de 300 para 1600...
decorrente do acréscimo repentino da carga-horária...
causado... por sua vez... pela adição das turmas-regulares...
às já existentes turmas-de-dependência...
--- --- ---
o MG verde...
mantido durante anos pelo seu silva...
assistia com seu olhar amigo...
... quase humano...
à realidade do dia-a-dia...
... dando carona para mim...
e para a fabiana...
... viajando conosco...
por cada palmo do asfalto das ruas do rio-de-janeiro...
... botafogo... vila isabel... jacarepaguá...
e... até petrópolis conseguimos chegar...
... graças à luz do pisca-pisca...
que iluminava o caminho... de uma forma sutil...
no momento em que o farol principal...
... resolveu descansar...
--- --- ---
anos depois...
décadas depois...
depois de um longo intervalo...
encontro com a fabiana...
na porta do metrô do largo-da-carioca...
me leva para conhecer seu marido...
em seu apartamento no grajaú...
depois de longas conversas... e... longas memórias...
a fabiana fala:
" bebê... ( meu apelido naquela época... era bebê...)
tenho uma coisa para te mostrar "...
abre a bolsa...
pega a carteira...
de dentro da carteira...
puxa uma foto colorida...
... era a foto do MG...
... só o MG...
sem ninguém por perto...
... o MG... com seus dois faróis...
olhando com doçura...
para a câmera...
um MG com alma...
um MG que viu...
o ano de 1972 passar...
até já...
um grande abraço...
...luis antonio...
...24... filosofando... part twenty-four...
Já que o relato de uma história não precisa...
... necessariamente... seguir uma linha temporal...
... uma linha-cronológica...
... podemos dar uns passinhos para trás... nessa linha-do-tempo...
e... colocar uma pequena lente-de-aumento...
sobre o ano-anterior...
ou seja... sobre o ano de 1971...
... antes de "acontecer" o anglo...
... antes de "acontecer" a fabiana...
mas já "tendo-acontecido"... ( desde 1969...)... o professor-de-piano...
junto com suas aulas de altíssimo nível...
tanto do ponto-de-vista da técnica do piano-em-si...
como do ponto-de-vista cultural...
e... mais importante ainda:
do ponto-de-vista de uma real educação...
... ao descortinar... perante meus olhos...
uma nova visão-de-mundo...
--- --- ---
muito bem... estamos nós... no ano de 1971...
--- --- ---
a estrutura do esqueleto-de-concreto-armado...
que sustentava o prédio do curso-vetor...
na avenida nossa-senhora-de-copacabana...
quase na esquina...
diametralmente oposta à do cine roxy...
... deveria ser uma estrutura extremamente forte...
.... extremamente bem construída...
pois... todos os dias...
o prédio recebia em seu interior...
uma fração significativa... da população-jovem-carioca...
cada andar possuía duas salas-de-aulas... tamanho-gigante...
cada uma... com capacidade para uns 100 alunos...
ou seja... aproximadamente 200 por andar...
digamos que houvessem uns 6 andares...
nessas condições...
neste caso...
seriam mais de mil seres-humanos...
uniformemente distribuídos...
e sustentados pela estrutura-do-prédio...
parabéns... à firma-de-engenharia...
que o construiu...
não sei como aguentava...
tanta gente... ao mesmo tempo...
--- --- ---
comprimidos no meio dessa densidade populacional...
tentávamos anotar as fórmulas físicas...
as reações químicas...
as demonstrações matemáticas...
que constituíam cerca de 90% dos assuntos trabalhados...
quando um professor de geografia-econômica...
ou de português... era... eventualmente convidado...
para dar algumas aulas-extras...
... era um alívio para todos nós...
podermos contemplar uma área-do-conhecimento...
um pouco menos árida...
um pouco menos técnica...
o professor de português...
ao fazer algumas digressões...
sobre a história-da-música...
resolvia... no meio de seu relato...
incluir ao vivo...
exemplos do que seria...
uma finalização de um trecho de uma ópera-dramática...
enchia seus pulmões de ar...
e reproduzia... a todo volume...
numa voz... afinadíssima...
os acordes-finais de alguma ópera-famosa...
--- --- ---
a turma delirava...
para nós... receber um professor assim...
era um alívio...
era um refresco... para a maioria de nós...
cansados... exaustos... saturados...
com o excesso de fórmulas...
... da matemática...
... da física...
...e ... da química...
no recreio... aquela massa-humana...
se deslocava através do acesso-pela-escada...
rumo à poluição da avenida-nossa-senhora-de-copacabana...
para fazer um lanche...
ou descansar os olhos... no horizonte azul lá da praia...
uma rotina diária...
de certa forma... massacrante...
mas que... por outro lado...
nos permitia trabalhar um conhecimento-acadêmico...
numa intensidade... jamais experimentada...
--- --- ---
um pouco antes de iniciar o ano dessa "maratona"...
que seria o vestibular...
minha mãe...
muito sabiamente...
muito preventivamente...
muito objetivamente...
já havia se informado...
já havia tomado-conhecimento...
das "fofocas" relativas à política-de-distribuição das bolsas-de-estudo...
lá do curso-vetor...
descobriu que eles dariam bolsa-integral...
a quem participasse da turma-especial IME-ITA...
( instituto-militar-de-engenharia... instituto-tecnológico-da-aeronáutica...)
ou seja...
para os alunos que tivessem suficiente "back-ground" acadêmico...
para poder acompanhar o rítmo da tal turma-especial...
um dos diretores do curso...
responsável pela distribuição das bolsas-integrais...
era também... um cara prático e objetivo...
ao invés de fazer um exame-de-seleção... burocrático...
para ver quem merecia... ( ou não )...
as tais bolsas-integrais...
ele... muito sabiamente... percebeu que...
bastaria para isso... aceitar os interessados...
que viessem do colégio-militar... ou do santo-inácio...
e... embora eu tenha largado o colégio-militar...
em meados da quarta-série-ginasial... para ir pro andrews...
mesmo assim...
fui aceito na tal turma-especial...
--- --- ---
e... não foi só um ganho...
em termos de bolsa-de-estudos...
foi também um ganho... valiosíssimo...
em termos de uma super-qualidade-de-ensino...
bem superior... à das turmas-normais...
os professores eram excelentes...
o nível dos alunos também...
respirávamos uma atmosfera de muita sintonia acadêmica....
de muito interesse... por parte de todos...
o estímulo ao estudo era muito saudável...
embora... exageradamente intenso...
--- --- ---
mas... por que todo esse bla-bla-blá sobre o curso vetor...?...
porque... as aulas-de-piano continuavam...
e eu... dentro do espírito super-pragmático do curso-vetor...
percebia que havia uma certa dissonância-tonal...
entre as melodias exercitadas no ambiente-exagerado das ciências-exatas...
e minhas abençoadas aulinhas-de-piano...
onde eu desenvolvia com o professor...
as sutilezas da sonoridade de algumas músicas de chopin...
... beethoven... etc...
--- --- ---
em uma dessas aulas...
pressionado pela carga-diária dos exercícios-de-matemática...
falei pro professor:
( eu )...: " acho que vou ter que interromper as aulas-de-piano...
por causa do vestibular... "
( ele )...: " pois é... não sei se eu faria isso...
pois a concepção moderna do "descansar"...
não é ficar parado sem fazer nada...
a concepção moderna do descansar...
seria aquela onde nós mudamos-de-atividade...
quer fazer quinhentos exercícios de matemática...?...
ótimo... vamos lá... fazemos os quinhentos exercícios...
e... de repentemente... colocamos o calção-de-banho...
e damos um mergulho-na-praia...
uma corridinha na praia...
agora... com o relógio no pulso...
... estamos correndo no calçadão...
mas com o relógio no pulso...
quinze minutinhos... vinte minutos no máximo...
seria apenas para "quebrar"...
a tarefa metódica dos quinhentos-exercícios...
apenas para dar uma "interrompidazinha"...
um contraste àquilo que estávamos nos concentrando...
... ao que estávamos focalizando...
essa seria a concepção moderna do descanso:
a mudança de atividade...
seria o grande descanso...
depois da breve interrupção...
aí sim... aí volta... volta aos estudos...
e... nesse caso... o estudo vai render ainda mais...
pois a mente experimentou...
um banho-de-contraste...
pequeno...
mas o suficiente para revigorar..."
--- --- ---
tal metáfora foi suficiente para que eu percebesse...
que... continuar no piano...
seria uma boa decisão...
realmente... o professor tinha razão...
seus argumentos... sua metáfora...
me convenceram...
e... se... naquela época...
eu já sentia os benefícios dessa escolha...
hoje em dia... confirmo nos meus pensamentos...
como foi acertado...
como foi feliz...
o fato de tê-lo escutado...
em sua argumentação...
em sua linha-de-raciocínio:
para contra-balancear o excesso-excessivo...
da super-exagerada quantidade-excessiva...
do esquema-quase-neurótico...
... do... curso-vetor...
... as aulas-de-piano...
... só poderiam me fazer bem...
como de fato me fizeram...
pois além da técnica-do-piano...
existia um educador... ( com letras-maiúsculas...)
constantemente me contando metáforas...
metáforas essas que me ajudavam...
a me orientar...
nessa época conturbada...
do curso-vetor...
e da ditadura-militar...
no ano de 1971...
--- --- ---
veremos... logo... logo... adiante...
como uma dessas inúmeras metáforas...
teve um efeito...
especialmente transformador...
em relação à como eu percebia a realidade... em geral...
me despeço...
desejando tudo-de-bom... para você...
até já...
um grande abraço...
...luis antonio...
... necessariamente... seguir uma linha temporal...
... uma linha-cronológica...
... podemos dar uns passinhos para trás... nessa linha-do-tempo...
e... colocar uma pequena lente-de-aumento...
sobre o ano-anterior...
ou seja... sobre o ano de 1971...
... antes de "acontecer" o anglo...
... antes de "acontecer" a fabiana...
mas já "tendo-acontecido"... ( desde 1969...)... o professor-de-piano...
junto com suas aulas de altíssimo nível...
tanto do ponto-de-vista da técnica do piano-em-si...
como do ponto-de-vista cultural...
e... mais importante ainda:
do ponto-de-vista de uma real educação...
... ao descortinar... perante meus olhos...
uma nova visão-de-mundo...
--- --- ---
muito bem... estamos nós... no ano de 1971...
--- --- ---
a estrutura do esqueleto-de-concreto-armado...
que sustentava o prédio do curso-vetor...
na avenida nossa-senhora-de-copacabana...
quase na esquina...
diametralmente oposta à do cine roxy...
... deveria ser uma estrutura extremamente forte...
.... extremamente bem construída...
pois... todos os dias...
o prédio recebia em seu interior...
uma fração significativa... da população-jovem-carioca...
cada andar possuía duas salas-de-aulas... tamanho-gigante...
cada uma... com capacidade para uns 100 alunos...
ou seja... aproximadamente 200 por andar...
digamos que houvessem uns 6 andares...
nessas condições...
neste caso...
seriam mais de mil seres-humanos...
uniformemente distribuídos...
e sustentados pela estrutura-do-prédio...
parabéns... à firma-de-engenharia...
que o construiu...
não sei como aguentava...
tanta gente... ao mesmo tempo...
--- --- ---
comprimidos no meio dessa densidade populacional...
tentávamos anotar as fórmulas físicas...
as reações químicas...
as demonstrações matemáticas...
que constituíam cerca de 90% dos assuntos trabalhados...
quando um professor de geografia-econômica...
ou de português... era... eventualmente convidado...
para dar algumas aulas-extras...
... era um alívio para todos nós...
podermos contemplar uma área-do-conhecimento...
um pouco menos árida...
um pouco menos técnica...
o professor de português...
ao fazer algumas digressões...
sobre a história-da-música...
resolvia... no meio de seu relato...
incluir ao vivo...
exemplos do que seria...
uma finalização de um trecho de uma ópera-dramática...
enchia seus pulmões de ar...
e reproduzia... a todo volume...
numa voz... afinadíssima...
os acordes-finais de alguma ópera-famosa...
--- --- ---
a turma delirava...
para nós... receber um professor assim...
era um alívio...
era um refresco... para a maioria de nós...
cansados... exaustos... saturados...
com o excesso de fórmulas...
... da matemática...
... da física...
...e ... da química...
no recreio... aquela massa-humana...
se deslocava através do acesso-pela-escada...
rumo à poluição da avenida-nossa-senhora-de-copacabana...
para fazer um lanche...
ou descansar os olhos... no horizonte azul lá da praia...
uma rotina diária...
de certa forma... massacrante...
mas que... por outro lado...
nos permitia trabalhar um conhecimento-acadêmico...
numa intensidade... jamais experimentada...
--- --- ---
um pouco antes de iniciar o ano dessa "maratona"...
que seria o vestibular...
minha mãe...
muito sabiamente...
muito preventivamente...
muito objetivamente...
já havia se informado...
já havia tomado-conhecimento...
das "fofocas" relativas à política-de-distribuição das bolsas-de-estudo...
lá do curso-vetor...
descobriu que eles dariam bolsa-integral...
a quem participasse da turma-especial IME-ITA...
( instituto-militar-de-engenharia... instituto-tecnológico-da-aeronáutica...)
ou seja...
para os alunos que tivessem suficiente "back-ground" acadêmico...
para poder acompanhar o rítmo da tal turma-especial...
um dos diretores do curso...
responsável pela distribuição das bolsas-integrais...
era também... um cara prático e objetivo...
ao invés de fazer um exame-de-seleção... burocrático...
para ver quem merecia... ( ou não )...
as tais bolsas-integrais...
ele... muito sabiamente... percebeu que...
bastaria para isso... aceitar os interessados...
que viessem do colégio-militar... ou do santo-inácio...
e... embora eu tenha largado o colégio-militar...
em meados da quarta-série-ginasial... para ir pro andrews...
mesmo assim...
fui aceito na tal turma-especial...
--- --- ---
e... não foi só um ganho...
em termos de bolsa-de-estudos...
foi também um ganho... valiosíssimo...
em termos de uma super-qualidade-de-ensino...
bem superior... à das turmas-normais...
os professores eram excelentes...
o nível dos alunos também...
respirávamos uma atmosfera de muita sintonia acadêmica....
de muito interesse... por parte de todos...
o estímulo ao estudo era muito saudável...
embora... exageradamente intenso...
--- --- ---
mas... por que todo esse bla-bla-blá sobre o curso vetor...?...
porque... as aulas-de-piano continuavam...
e eu... dentro do espírito super-pragmático do curso-vetor...
percebia que havia uma certa dissonância-tonal...
entre as melodias exercitadas no ambiente-exagerado das ciências-exatas...
e minhas abençoadas aulinhas-de-piano...
onde eu desenvolvia com o professor...
as sutilezas da sonoridade de algumas músicas de chopin...
... beethoven... etc...
--- --- ---
em uma dessas aulas...
pressionado pela carga-diária dos exercícios-de-matemática...
falei pro professor:
( eu )...: " acho que vou ter que interromper as aulas-de-piano...
por causa do vestibular... "
( ele )...: " pois é... não sei se eu faria isso...
pois a concepção moderna do "descansar"...
não é ficar parado sem fazer nada...
a concepção moderna do descansar...
seria aquela onde nós mudamos-de-atividade...
quer fazer quinhentos exercícios de matemática...?...
ótimo... vamos lá... fazemos os quinhentos exercícios...
e... de repentemente... colocamos o calção-de-banho...
e damos um mergulho-na-praia...
uma corridinha na praia...
agora... com o relógio no pulso...
... estamos correndo no calçadão...
mas com o relógio no pulso...
quinze minutinhos... vinte minutos no máximo...
seria apenas para "quebrar"...
a tarefa metódica dos quinhentos-exercícios...
apenas para dar uma "interrompidazinha"...
um contraste àquilo que estávamos nos concentrando...
... ao que estávamos focalizando...
essa seria a concepção moderna do descanso:
a mudança de atividade...
seria o grande descanso...
depois da breve interrupção...
aí sim... aí volta... volta aos estudos...
e... nesse caso... o estudo vai render ainda mais...
pois a mente experimentou...
um banho-de-contraste...
pequeno...
mas o suficiente para revigorar..."
--- --- ---
tal metáfora foi suficiente para que eu percebesse...
que... continuar no piano...
seria uma boa decisão...
realmente... o professor tinha razão...
seus argumentos... sua metáfora...
me convenceram...
e... se... naquela época...
eu já sentia os benefícios dessa escolha...
hoje em dia... confirmo nos meus pensamentos...
como foi acertado...
como foi feliz...
o fato de tê-lo escutado...
em sua argumentação...
em sua linha-de-raciocínio:
para contra-balancear o excesso-excessivo...
da super-exagerada quantidade-excessiva...
do esquema-quase-neurótico...
... do... curso-vetor...
... as aulas-de-piano...
... só poderiam me fazer bem...
como de fato me fizeram...
pois além da técnica-do-piano...
existia um educador... ( com letras-maiúsculas...)
constantemente me contando metáforas...
metáforas essas que me ajudavam...
a me orientar...
nessa época conturbada...
do curso-vetor...
e da ditadura-militar...
no ano de 1971...
--- --- ---
veremos... logo... logo... adiante...
como uma dessas inúmeras metáforas...
teve um efeito...
especialmente transformador...
em relação à como eu percebia a realidade... em geral...
me despeço...
desejando tudo-de-bom... para você...
até já...
um grande abraço...
...luis antonio...
...24.1... os martelinhos das máquinas-antigas-de-datilografar...
ah... agora sim... posso morrer...
se eu morrer daqui a poucos minutos...
estou deixando um rastro aqui na Terra...
rastro esse que relata todos esses "besteiróis"...
impressos na memória do computador...
tal qual os martelinhos das máquinas-antigas-de-datilografar... faziam...
ao marcar...
ao carimbar...
... o papel...
rastros esses...
que pouquíssima gente vai ler...
a não ser minha mãe...
ou meia-dúzia de três ou quatro... amigos meus...
que talvez se interessem... em saber...
alguns detalhes de uma novela...
que eles conheceram ao vivo...
mas pelo menos...
de acordo com aquele gráfico-do-tempo...
i...........p.....f mencionado num texto anterior...
fico... mais-ou-menos... tranquilo...
em saber que a parte i.........p do gráfico...
foi bem aproveitada...
... não no sentido de ter feito grandes coisas... não...
mas sim no sentido de eu ter sido assaltado pelo privilégio...
de ter me empolgado em me lançar nesse processo...
de transferir os "bits" da minha memória...
para a do computador...
( segundo uma imagem já usada anteriormente...
... num desses bla-bla-blás...)
--- --- ---
agora sim... posso morrer em paz...
tento deixar um rastro aqui...
logo eu... aquele rapaz que vivia escondendo...
meus próprios rastros...
minha própria identidade...
mas tudo bem...
o mundo gira...
( e a lusitânia roda...)
( era o slogan-publicitário daquela firma de mudanças...
... impresso na parte lateral dos seus caminhões....)
o mundo girará...
até o dia em que o sol...
como todas as estrelas...
se apagará...
e portanto... a Terra se congelará...
sinto falta dos "replies" do tauê e do peter...
sinto falta de pegar onda com eles...
... na praia de sunset-beach...
adeus... morena do cabelo cacheado...
adeus...
( grande poeta ascenso-ferreira...)
isso sim... é poeta...
o resto é conversa-fiada...
até já...
um grande abraço...
...luis antonio...
se eu morrer daqui a poucos minutos...
estou deixando um rastro aqui na Terra...
rastro esse que relata todos esses "besteiróis"...
impressos na memória do computador...
tal qual os martelinhos das máquinas-antigas-de-datilografar... faziam...
ao marcar...
ao carimbar...
... o papel...
rastros esses...
que pouquíssima gente vai ler...
a não ser minha mãe...
ou meia-dúzia de três ou quatro... amigos meus...
que talvez se interessem... em saber...
alguns detalhes de uma novela...
que eles conheceram ao vivo...
mas pelo menos...
de acordo com aquele gráfico-do-tempo...
i...........p.....f mencionado num texto anterior...
fico... mais-ou-menos... tranquilo...
em saber que a parte i.........p do gráfico...
foi bem aproveitada...
... não no sentido de ter feito grandes coisas... não...
mas sim no sentido de eu ter sido assaltado pelo privilégio...
de ter me empolgado em me lançar nesse processo...
de transferir os "bits" da minha memória...
para a do computador...
( segundo uma imagem já usada anteriormente...
... num desses bla-bla-blás...)
--- --- ---
agora sim... posso morrer em paz...
tento deixar um rastro aqui...
logo eu... aquele rapaz que vivia escondendo...
meus próprios rastros...
minha própria identidade...
mas tudo bem...
o mundo gira...
( e a lusitânia roda...)
( era o slogan-publicitário daquela firma de mudanças...
... impresso na parte lateral dos seus caminhões....)
o mundo girará...
até o dia em que o sol...
como todas as estrelas...
se apagará...
e portanto... a Terra se congelará...
sinto falta dos "replies" do tauê e do peter...
sinto falta de pegar onda com eles...
... na praia de sunset-beach...
adeus... morena do cabelo cacheado...
adeus...
( grande poeta ascenso-ferreira...)
isso sim... é poeta...
o resto é conversa-fiada...
até já...
um grande abraço...
...luis antonio...
...25... filosofando... part twenty-five...
...
daremos agora... um bom salto para o futuro...
pois estávamos no ano de 1972...
e "voaremos" para 1978...
logo em seguida... devemos voltar para onde estávamos...
ou seja para 1972...
portanto...
apertem os cintos...
o avião-do-tempo... vai aterrizar...
... no primeiro semestre de 1978...
e também... dentro de um fusquinha vermelho...
que... além de servir como meio-de-transporte...
servia também como guarda-roupas...
guardávamos lá... vestidos... biquinis... toalhas... etc...
só faltavam uns cabides...
para deixar tudo penduradinho...
dentro de uma ordem quase-perfeita...
--- --- ---
naquele sábado-de-manhã...
quando estávamos passando pela avenida-niemeyer...
ao invés de irmos para a praia-de-são-conrado...
decidimos dobrar à esquerda...
"emburacando" ladeira-abaixo...
ou seja... na ladeira-em-espiral...
que nos leva...
ao estacionamento do hotel sheraton...
de lá... fomos para a piscina...
" moleza penetrar naquele hotel "...
( pensei com meus botões )...
... pensei com meus botões...
mas não coloquei...
tais pensamentos em palavras...
para a lenira...
pois estava assumindo...
que ela também já estava sentindo a mesma coisa...
ou seja...
aquela sensação gostosa...
de estarmos dentro de um mundo-moderno...
onde tudo é "chique'...
...onde tudo funciona... ( pelo menos.. deveria funcionar...)
num ambiente impecável...
que é o de um hotel...
de não-sei-quantas-estrelas...
e nós... naquela fase de pegar carona em tudo...
nós...
que havíamos nos conhecido...
na academia de ballet nino-giovanetti...
... achávamos isso tudo... muito interessante...
muito interessante a forma com que conseguimos...
meio na "cara-de-pau"... tranquilamente...
"penetrar" no hotel...
sem encontrar nenhuma resistência por parte dos seguranças...
e essa "penetração"...
tinha um simbolismo...
subir na vida...
da forma mais rápida possível...
"penetrando"... no mundo da "alta-society"...
mesmo sendo uma "alta-society'...
bem mixuruca...
onde bastaria ter uns dólares...
para se hospedar no tal hotel...
... de não-sei-quantas estrelas...
--- --- ---
eu... dentro da atmosfera do ballet...
percebia que a sensibilidade adquirida...
através dos inúmeros exercícios corporais...
criava condições para uma interação com as pessoas...
baseada num toque muitíssimo sutil...
como por exemplo...
o toque sutilíssimo...
de um pulsar de leves contrações-musculares...
que... ao contactarem discretamente... a pele do outro...
seriam capaz de emitir um convite...
à uma relação de amizade...
... à uma amizade direcionada a uma meta...
bem objetiva:... a cama...
normalmente a cama de um motel...
ou... a poltrona do banco-de-trás de um automóvel...
ou mesmo... um par-de-poltronas...
... no escurinho-do-cinema da rita-lee...
e... todo esse conjunto de toques-sutis...
faziam parte do repertório mais avançado...
da sequencia-oficial... dos exercícios-de-ballet...
a sedução indiscriminada...
a visão-de-mundo baseada no índice-estatístico...
da quantidade-de-relações-sexuais-por-minuto...
índice este... muito presente em nossa filosofia...
... na filosofia dos dançarinos profissionais...
e semi-profissionais...
da academia nino-giovanetti...
... onde... uma viagem ao sub-mundo...
fazia parte do dever-de-casa...
do aspirante às artes coreográficas...
--- --- ---
e eu... acostumado a levar a sério...
qualquer tipo de estudo...
levava também a sério...
a cartilha filosófica do ambiente artístico...
ao qual... estava envolvido...
--- --- ---
e... voltando ao "menu-principal"...
estávamos eu e lenira...
na piscina do sheraton...
perto do vidigal...
eu... "curtindo" o fato de estarmos num hotel de muitas estrelas...
aproveitando o lazer momentâneo de estar numa espécie de clube...
sem pagar a devida mensalidade...
... não imaginava que minha namorada lenira...
tinha outros planos bem mais ambiciosos...
--- --- ---
deitamo-nos num par daquelas super-cadeiras-reclináveis-brancas...
típicas dos hotéis-com-piscina...
e ficamos alguns minutinhos lá...
até o momento em que...
nossa atenção se dirige...
a um dos nossos vizinhos-de-cadeira-de-piscina..
... pelo fato de ele estar...
com uma câmera sofisticadíssima... de fotografar...
ou seja... uma nikon... ou coisa-parecida...
papo vai... papo vem...
exercitei meu inglês...
com nosso recém-conhecido amigo...
... que se chamava... chris...
e... após exercitar também...
a função de intérprete-tradutor...
decidimos os três... irmos ao seu quarto...
para fazermos um estudo-fotográfico...
visando retratar o corpo belíssimo... da lenira...
... dentro de seu biquini branco...
que contrastava com sua pele dourada do sol...
e eu... ainda entorpecido com aquela mentalidade-mesquinha...
de aproveitar tudo o que é... "de- graça"...
pensei com meus botões...
" pelo menos fazemos um ensaio-fotográfico da lenira...
podemos ficar com as fotos...
... é... legal... ficamos com as fotos "...
--- --- ---
além disso... existia a sensação...
de estarmos penetrando...
cada vez mais...
na essência física do hotel...
o progresso no dever-de-casa...
do estudante-número-um...
da academia nino-giovanetti...
estava indo... a todo-vapor...
... rumo às alturas do hotel...
naquele andar específico...
que o elevador nos deixou...
--- --- ---
nosso recém- "amigo" chris...
abre a porta de seu quarto...
entramos...
... op's... entramos... em termos...
pois lenira... havia sumido...
fomos até o corredor...
e vemos que um dos seguranças...
está conversando com ela...
no sentido de lhe explicar...
que não é permitida...
a entrada de estranhos... nos quartos...
--- --- ---
... nessa altura dos acontecimentos...
eu e o chris resolvemos esperá-la no quarto...
para não gerar um clima de discussão... ou tumulto...
... com a certeza de que... lenira saberia...
como convencer o guarda...
( que nós estávamos ali...
apenas para acompanhar nosso "amigo" chris...
no seu quarto... por um tempo rápido...)
dito e feito...
alguns minutos ( ou segundos ) mais tarde...
aparece lenira... tranquila...
dizendo que estava tudo resolvido...
( depois me contou os detalhes...
... de como a coisa foi "resolvida"... )..
--- --- ---
ok... ( voltando ao quarto )...
estávamos os três no quarto...
prontos para o ensaio-geral...
( da escola-de-samba-de-vila-isabel )...
ou seja...
prontos para o tal... ensaio-fotográfico...
o "fotógrafo" chris...
fez o que qualquer um faria em seu lugar...
simplesmente pegou a câmera...
focalizou... e... iniciou seu "trabalho"...
poses... e mais poses...
"cliques"... e mais "cliques"...
e eu... meio sem saber o que fazer...
naquela situação patética...
ficava me distraindo no espelho...
esticando alguns cachos do meu próprio cabelo...
evitando... desta forma...
olhar a realidade tal qual ela estava alí...
... se apresentando...
( essa era... em geral...
a atitude escolhida...
em situações desse tipo...)
--- --- ---
naquela época...
sempre que acontecia de existir uma situação...
onde eu... minha namorada... e um terceiro cara aparecia na "jogada"...
a minha tendência...
era a de evitar olhar para a situação...
eu preferia "pagar-pra-ver"...
preferia não interferir...
para ver até que ponto...
a coisa iria chegar...
seria... talvez... uma espécie de maneira...
de eu... de certa forma...
"testar"... até que ponto...
a lenira seria fiel... ( ou não )... a mim...
até que ponto ela seria...
uma espécie de "piranha"... ( ou não )...
só que esse conceito de ela poder ser uma "piranha"...
era algo que era expressamente proibido de entrar...
no meu leque de hipóteses...
eu... simplesmente descartava à força...
a possibilidade de tal hipótese... ser verdadeira...
para mim... tal hipótese não existia...
seria uma hipótese absurda...
--- --- ---
só que os fatos demonstravam que...
a probabilidade de existir... um parafuso-a-menos...
na engrenagem de raciocínio do matemático...
... era enorme...
os fatos demonstravam claramente...
que a hipótese deveria sim...
ser levada em consideração...
mas...
os olhos não veem...
o que o coração...
... se recusa a ver....
--- --- ---
em resumo...
eu... lenira... e o "fotógrafo" chris...
naquela situação esdrúxula...
eu... não sabendo para onde dirigir meu olhar...
a sequencia de fotos...
começa a entrar num ritmo...
cada vez mais intenso...
passo a desviar o meu olhar...
do espelho... para a cena- em- si...
percebo um volume extra...
debaixo da bermuda do chris...
começo a ficar meio... ( bastante )... chateado...
sem saber o que fazer...
diante de tal situação...
de repente o chris...
propõe que ela tire a parte do sutiã do biquini...
ela concorda...
... conto os segundos...
para que tudo termine...
e possamos sair daquele inferno...
o carretel-do-filme-de-36- fotos... acaba...
( naquela época não existia câmera-digital )...
peço o filme...
ele me dá...
tchau... tchau...
saímos da aventura...
--- --- ---
já no fusquinha-vermelho...
pergunto o que foi que houve...
com o segurança...
ela me conta que um beijo-na-boca...
resolveu o problema...
--- --- ---
essa foi a fase...
... pré-casamento...
um casamento que durou sete anos...
não me arrependo...
tivemos dois lindos filhos...
que os amo... muitíssimo...
--- --- ---
um casamento é sempre um casamento...
no meu caso...
começou com o pé-esquerdo...
--- --- ---
mas...
...não quero fazer dessa pequena estória...
um muro-de-lamentações...
... não !...
a lenira não era uma má pessoa...
no fundo... uma menina bem legal...
toda essa fofocada que acabei de contar...
se deu apenas...
na fase inicial do nosso relacionamento...
na fase... digamos... de namoro...
essa e outras estórias semelhantes...
ocorreram... partindo meu coração... inúmeras vezes...
mas... depois que nos casamos de fato...
no sentido de morarmos juntos...
a coisa... ( pelo menos aparentemente )...
se estabilizou...
éramos um casal tranquilo...
onde... ( pelo menos aparentemente... ( repito )...)...
um respeitava o outro...
os sete anos de casados...
não foram tão ruins assim...
eu trabalhava de "montão"...
dando aulas-de-matemática em vários colégios...
e ela... de certa forma...
cuidava bem da casa...
e das crianças...
éramos uma família... de certa forma...
... feliz...
portanto...
meu objetivo ao escrever...
essas pequenas "fofoquinhas"...
a respeito da fase pré-casamento...
... tem... como única intenção...
tentar dar continuidade... ao espírito-das-18-cartas...
ou seja...
um relato auto-biográfico... com várias digressões reflexivas...
sobre nós... seres humanos com nossas alegrias... e... dramas...
tal relato sofreria uma enorme mutilação...
caso eu me auto-censurasse...
e não incluísse...
estórias desse tipo...
cujo objetivo... é...
tentar descrever eventos ocorridos em minha vida...
eventos esses que naturalmente geram reflexões...
sobre como eu lidava com tais eventos...
e... essa minha "resposta"... ( ou "não-resposta" )... a tais eventos...
gera também... novas reflexões sobre as diversas abordagens...
que poderiam ser adotadas...
diante de situações desse tipo...
ou mesmo antes... ( preventivamente )... que tais situações aconteçam...
no caso... uma situação...
que foi consequência natural...
de uma visão-de-mundo... distorcida...
imatura...
patológica...
que se refletia na minha própria maneira de ver...
e de me relacionar... com minha companheira...
--- --- ---
nós seres-humanos somos... lindos... sensíveis... etc...
e... também... muitas vezes... bastante complexos...
... bastante complicados...
muitas vezes nos sentimos meio perdidos...
sem saber como nos conduzir...
perante certas situações...
como por exemplo...
quando eu me encontrava...
meio perdido...
acompanhado apenas...
da minha própria aflição...
eu... e minha aflição...
juntos...
perdidos...
... diante do espelho...
... do sheraton-hotel...
--- --- ---
me despeço...
desejando... muita paz... pra você...
um grande abraço...
...luis antonio...
daremos agora... um bom salto para o futuro...
pois estávamos no ano de 1972...
e "voaremos" para 1978...
logo em seguida... devemos voltar para onde estávamos...
ou seja para 1972...
portanto...
apertem os cintos...
o avião-do-tempo... vai aterrizar...
... no primeiro semestre de 1978...
e também... dentro de um fusquinha vermelho...
que... além de servir como meio-de-transporte...
servia também como guarda-roupas...
guardávamos lá... vestidos... biquinis... toalhas... etc...
só faltavam uns cabides...
para deixar tudo penduradinho...
dentro de uma ordem quase-perfeita...
--- --- ---
naquele sábado-de-manhã...
quando estávamos passando pela avenida-niemeyer...
ao invés de irmos para a praia-de-são-conrado...
decidimos dobrar à esquerda...
"emburacando" ladeira-abaixo...
ou seja... na ladeira-em-espiral...
que nos leva...
ao estacionamento do hotel sheraton...
de lá... fomos para a piscina...
" moleza penetrar naquele hotel "...
( pensei com meus botões )...
... pensei com meus botões...
mas não coloquei...
tais pensamentos em palavras...
para a lenira...
pois estava assumindo...
que ela também já estava sentindo a mesma coisa...
ou seja...
aquela sensação gostosa...
de estarmos dentro de um mundo-moderno...
onde tudo é "chique'...
...onde tudo funciona... ( pelo menos.. deveria funcionar...)
num ambiente impecável...
que é o de um hotel...
de não-sei-quantas-estrelas...
e nós... naquela fase de pegar carona em tudo...
nós...
que havíamos nos conhecido...
na academia de ballet nino-giovanetti...
... achávamos isso tudo... muito interessante...
muito interessante a forma com que conseguimos...
meio na "cara-de-pau"... tranquilamente...
"penetrar" no hotel...
sem encontrar nenhuma resistência por parte dos seguranças...
e essa "penetração"...
tinha um simbolismo...
subir na vida...
da forma mais rápida possível...
"penetrando"... no mundo da "alta-society"...
mesmo sendo uma "alta-society'...
bem mixuruca...
onde bastaria ter uns dólares...
para se hospedar no tal hotel...
... de não-sei-quantas estrelas...
--- --- ---
eu... dentro da atmosfera do ballet...
percebia que a sensibilidade adquirida...
através dos inúmeros exercícios corporais...
criava condições para uma interação com as pessoas...
baseada num toque muitíssimo sutil...
como por exemplo...
o toque sutilíssimo...
de um pulsar de leves contrações-musculares...
que... ao contactarem discretamente... a pele do outro...
seriam capaz de emitir um convite...
à uma relação de amizade...
... à uma amizade direcionada a uma meta...
bem objetiva:... a cama...
normalmente a cama de um motel...
ou... a poltrona do banco-de-trás de um automóvel...
ou mesmo... um par-de-poltronas...
... no escurinho-do-cinema da rita-lee...
e... todo esse conjunto de toques-sutis...
faziam parte do repertório mais avançado...
da sequencia-oficial... dos exercícios-de-ballet...
a sedução indiscriminada...
a visão-de-mundo baseada no índice-estatístico...
da quantidade-de-relações-sexuais-por-minuto...
índice este... muito presente em nossa filosofia...
... na filosofia dos dançarinos profissionais...
e semi-profissionais...
da academia nino-giovanetti...
... onde... uma viagem ao sub-mundo...
fazia parte do dever-de-casa...
do aspirante às artes coreográficas...
--- --- ---
e eu... acostumado a levar a sério...
qualquer tipo de estudo...
levava também a sério...
a cartilha filosófica do ambiente artístico...
ao qual... estava envolvido...
--- --- ---
e... voltando ao "menu-principal"...
estávamos eu e lenira...
na piscina do sheraton...
perto do vidigal...
eu... "curtindo" o fato de estarmos num hotel de muitas estrelas...
aproveitando o lazer momentâneo de estar numa espécie de clube...
sem pagar a devida mensalidade...
... não imaginava que minha namorada lenira...
tinha outros planos bem mais ambiciosos...
--- --- ---
deitamo-nos num par daquelas super-cadeiras-reclináveis-brancas...
típicas dos hotéis-com-piscina...
e ficamos alguns minutinhos lá...
até o momento em que...
nossa atenção se dirige...
a um dos nossos vizinhos-de-cadeira-de-piscina..
... pelo fato de ele estar...
com uma câmera sofisticadíssima... de fotografar...
ou seja... uma nikon... ou coisa-parecida...
papo vai... papo vem...
exercitei meu inglês...
com nosso recém-conhecido amigo...
... que se chamava... chris...
e... após exercitar também...
a função de intérprete-tradutor...
decidimos os três... irmos ao seu quarto...
para fazermos um estudo-fotográfico...
visando retratar o corpo belíssimo... da lenira...
... dentro de seu biquini branco...
que contrastava com sua pele dourada do sol...
e eu... ainda entorpecido com aquela mentalidade-mesquinha...
de aproveitar tudo o que é... "de- graça"...
pensei com meus botões...
" pelo menos fazemos um ensaio-fotográfico da lenira...
podemos ficar com as fotos...
... é... legal... ficamos com as fotos "...
--- --- ---
além disso... existia a sensação...
de estarmos penetrando...
cada vez mais...
na essência física do hotel...
o progresso no dever-de-casa...
do estudante-número-um...
da academia nino-giovanetti...
estava indo... a todo-vapor...
... rumo às alturas do hotel...
naquele andar específico...
que o elevador nos deixou...
--- --- ---
nosso recém- "amigo" chris...
abre a porta de seu quarto...
entramos...
... op's... entramos... em termos...
pois lenira... havia sumido...
fomos até o corredor...
e vemos que um dos seguranças...
está conversando com ela...
no sentido de lhe explicar...
que não é permitida...
a entrada de estranhos... nos quartos...
--- --- ---
... nessa altura dos acontecimentos...
eu e o chris resolvemos esperá-la no quarto...
para não gerar um clima de discussão... ou tumulto...
... com a certeza de que... lenira saberia...
como convencer o guarda...
( que nós estávamos ali...
apenas para acompanhar nosso "amigo" chris...
no seu quarto... por um tempo rápido...)
dito e feito...
alguns minutos ( ou segundos ) mais tarde...
aparece lenira... tranquila...
dizendo que estava tudo resolvido...
( depois me contou os detalhes...
... de como a coisa foi "resolvida"... )..
--- --- ---
ok... ( voltando ao quarto )...
estávamos os três no quarto...
prontos para o ensaio-geral...
( da escola-de-samba-de-vila-isabel )...
ou seja...
prontos para o tal... ensaio-fotográfico...
o "fotógrafo" chris...
fez o que qualquer um faria em seu lugar...
simplesmente pegou a câmera...
focalizou... e... iniciou seu "trabalho"...
poses... e mais poses...
"cliques"... e mais "cliques"...
e eu... meio sem saber o que fazer...
naquela situação patética...
ficava me distraindo no espelho...
esticando alguns cachos do meu próprio cabelo...
evitando... desta forma...
olhar a realidade tal qual ela estava alí...
... se apresentando...
( essa era... em geral...
a atitude escolhida...
em situações desse tipo...)
--- --- ---
naquela época...
sempre que acontecia de existir uma situação...
onde eu... minha namorada... e um terceiro cara aparecia na "jogada"...
a minha tendência...
era a de evitar olhar para a situação...
eu preferia "pagar-pra-ver"...
preferia não interferir...
para ver até que ponto...
a coisa iria chegar...
seria... talvez... uma espécie de maneira...
de eu... de certa forma...
"testar"... até que ponto...
a lenira seria fiel... ( ou não )... a mim...
até que ponto ela seria...
uma espécie de "piranha"... ( ou não )...
só que esse conceito de ela poder ser uma "piranha"...
era algo que era expressamente proibido de entrar...
no meu leque de hipóteses...
eu... simplesmente descartava à força...
a possibilidade de tal hipótese... ser verdadeira...
para mim... tal hipótese não existia...
seria uma hipótese absurda...
--- --- ---
só que os fatos demonstravam que...
a probabilidade de existir... um parafuso-a-menos...
na engrenagem de raciocínio do matemático...
... era enorme...
os fatos demonstravam claramente...
que a hipótese deveria sim...
ser levada em consideração...
mas...
os olhos não veem...
o que o coração...
... se recusa a ver....
--- --- ---
em resumo...
eu... lenira... e o "fotógrafo" chris...
naquela situação esdrúxula...
eu... não sabendo para onde dirigir meu olhar...
a sequencia de fotos...
começa a entrar num ritmo...
cada vez mais intenso...
passo a desviar o meu olhar...
do espelho... para a cena- em- si...
percebo um volume extra...
debaixo da bermuda do chris...
começo a ficar meio... ( bastante )... chateado...
sem saber o que fazer...
diante de tal situação...
de repente o chris...
propõe que ela tire a parte do sutiã do biquini...
ela concorda...
... conto os segundos...
para que tudo termine...
e possamos sair daquele inferno...
o carretel-do-filme-de-36- fotos... acaba...
( naquela época não existia câmera-digital )...
peço o filme...
ele me dá...
tchau... tchau...
saímos da aventura...
--- --- ---
já no fusquinha-vermelho...
pergunto o que foi que houve...
com o segurança...
ela me conta que um beijo-na-boca...
resolveu o problema...
--- --- ---
essa foi a fase...
... pré-casamento...
um casamento que durou sete anos...
não me arrependo...
tivemos dois lindos filhos...
que os amo... muitíssimo...
--- --- ---
um casamento é sempre um casamento...
no meu caso...
começou com o pé-esquerdo...
--- --- ---
mas...
...não quero fazer dessa pequena estória...
um muro-de-lamentações...
... não !...
a lenira não era uma má pessoa...
no fundo... uma menina bem legal...
toda essa fofocada que acabei de contar...
se deu apenas...
na fase inicial do nosso relacionamento...
na fase... digamos... de namoro...
essa e outras estórias semelhantes...
ocorreram... partindo meu coração... inúmeras vezes...
mas... depois que nos casamos de fato...
no sentido de morarmos juntos...
a coisa... ( pelo menos aparentemente )...
se estabilizou...
éramos um casal tranquilo...
onde... ( pelo menos aparentemente... ( repito )...)...
um respeitava o outro...
os sete anos de casados...
não foram tão ruins assim...
eu trabalhava de "montão"...
dando aulas-de-matemática em vários colégios...
e ela... de certa forma...
cuidava bem da casa...
e das crianças...
éramos uma família... de certa forma...
... feliz...
portanto...
meu objetivo ao escrever...
essas pequenas "fofoquinhas"...
a respeito da fase pré-casamento...
... tem... como única intenção...
tentar dar continuidade... ao espírito-das-18-cartas...
ou seja...
um relato auto-biográfico... com várias digressões reflexivas...
sobre nós... seres humanos com nossas alegrias... e... dramas...
tal relato sofreria uma enorme mutilação...
caso eu me auto-censurasse...
e não incluísse...
estórias desse tipo...
cujo objetivo... é...
tentar descrever eventos ocorridos em minha vida...
eventos esses que naturalmente geram reflexões...
sobre como eu lidava com tais eventos...
e... essa minha "resposta"... ( ou "não-resposta" )... a tais eventos...
gera também... novas reflexões sobre as diversas abordagens...
que poderiam ser adotadas...
diante de situações desse tipo...
ou mesmo antes... ( preventivamente )... que tais situações aconteçam...
no caso... uma situação...
que foi consequência natural...
de uma visão-de-mundo... distorcida...
imatura...
patológica...
que se refletia na minha própria maneira de ver...
e de me relacionar... com minha companheira...
--- --- ---
nós seres-humanos somos... lindos... sensíveis... etc...
e... também... muitas vezes... bastante complexos...
... bastante complicados...
muitas vezes nos sentimos meio perdidos...
sem saber como nos conduzir...
perante certas situações...
como por exemplo...
quando eu me encontrava...
meio perdido...
acompanhado apenas...
da minha própria aflição...
eu... e minha aflição...
juntos...
perdidos...
... diante do espelho...
... do sheraton-hotel...
--- --- ---
me despeço...
desejando... muita paz... pra você...
um grande abraço...
...luis antonio...
...26... filosofando... part twenty-six...
...
Depois dessa breve digressão ao futuro...
podemos voltar ao ponto onde estávamos...
ou seja... ao período entre 69 e 72...
--- --- ---
as influências que o richard... ( juntamente com sua mãe )...
tiveram sobre minha maneira de encarar o mundo foram...
de certa forma... muito benéficas...
conforme mencionado anteriormente... foi graças a eles...
que eu fui introduzido ao mundo da filosofia-oriental...
ou seja... ao mundo da yoga... da respiração-purificadora...
dos pensamentos de gandhi...
dentro desse "pacote" estava indiretamente incluído...
o cuidar-do-corpo...
( dentro do contexto "mens sana in corpore sano"...)...
sendo assim... quando eles me convidavam para almoçar lá...
eu assistia... ( e participava de )... toda aquela refeição...
não só super-vegetariana... como também...
repleta de suplementos naturais...
balanceados de acordo com os conhecimentos especializadíssimos...
que a mãe do richard tinha...
no campo da nutrição...
--- --- ---
ovo normal...?
nem pensar... o ovo teria que ser de capoeira...
feijão normal...?
nem pensar... teria que ser feijão-de-soja...
arroz...?
só integral...
salada...?
era aquela quantidade enorme de folhas...
antes da refeição...
lavadas usando toda uma técnica especial...
suco de laranja...?
só feito na hora... ( sem açúcar... é claro...)...
e deveria ser tomado meia-hora antes do almoço...
para ir abrindo o espaço para os alimentos...
mas... atenção...!
deveria ser tomado meia-hora antes da refeição-principal...
--- --- ---
eu... adorava toda essa novidade...
além da comida ser boa e saudável...
era também... saborosa...
aquele grão-de-bico... super delicioso...
sentia que os alimentos realmente traziam uma boa vibração...
uma energia boa para o organismo...
mens sana in corpore sano...
--- --- ---
o cuidado com o corpo...
exigia também uma seleção mais cuidadosa das praias que seriam...
as mais aconselháveis para frequentar...
ao invés de irmos para ipanema...
( que já era um pouco poluída... mesmo nessa época...)...
optávamos para ir ao recreio-dos-bandeirantes...
ou à praia vizinha... a praia-da-macumba...
onde a água... nessa época...
era... realmente... puríssima...
... um oceano... ainda virgem...
todos esses cuidados... aparentemente... "burgueses"...
tinham uma finalidade oposta:...
a espiritualidade...
... a meditação-yogue...
onde a mente se silenciaria...
e nós transcenderíamos o "sansara" do mundo material...
do mundo "profano"...
do mundo "mundano"...
... rumo ao "nirvana"...
--- --- ---
e... toda essa preocupação com a seleção-dos-alimentos...
... a seleção da praia...
o refúgio na vilazinha de mauá...
( na fronteira entre os estados de minas e rio...)...
... fazia com que... no fundo...
nós adquiríssemos um estilo-de-vida...
altamente sofisticado... altamente burguês...
e... paradoxalmente oposto...
àquilo que pregávamos...
ou seja:...
à simplicidade gandhiana...
--- --- ---
em resumo...
éramos dois rapazes de uns 16 anos-de-idade...
onde tentávamos selecionar as coisas que rotulávamos de "puras"...
das que eram desprezadas como... "impuras"...
e... o tipo-de-música não escapava à tal filtragem...
a música deveria ser boa...
uma música que servisse de inspiração...
às nossas meditações yogues...
é claro que... dentro desta perspectiva...
não iríamos considerar aquilo que... ( naquela época )...
estávamos julgando como... "lixo"...
como por exemplo... "coisas-barulhentas"...
como o rock-and-roll...
ou mesmo a música popular em geral...
e... em particular... a música popular brasileira...
deveríamos saber separar...
o "joio do trigo"...
--- --- ---
por outro lado... as aulas-de-piano continuavam a todo-vapor...
( as aulas aconteciam nas segundas-feiras )...
às 8 horas da manhã...
toco a campainha do apartamento do professor...
( ele ) :... luis !!... que beleza... !...
há quanto tempo... rapaz...
quais as novidades...
tudo bom...?...
( eu ) :... beleza... tudo tranquilo...
--- --- ---
a sessão-da-aula começava...
normalmente o tempo-de-aula era preenchido de uma forma bem solta...
... bem flexível...
o professor não se sentia constrangido em tomar...
às vezes... 80% do tempo-de-aula...
batendo altos papos sobre diversos assuntos...
assuntos bons...
assuntos relevantes...
( não era um papinho superficial...
... algo sem substância... )...
dentro desse estilo-de-aula...
podemos talvez dizer... ( muito a grosso-modo )...
que as aulas fossem... em média...
... 80% de papo...
... 20% de piano...
--- --- ---
embora na época... eu estivesse na maioria das vezes...
torcendo para que a aula tivesse 100% do seu tempo...
dedicado à prática do piano-em-si...
... hoje em dia... sou muitíssimo agradecido ao professor...
por ter aplicado tal fórmula...
(... 80% papo... 20% piano... )... comigo...
... pois... foram graças a esses preciosíssimos "papos"...
que eu... felizmente... tive a oportunidade de ver o mundo...
com outros olhos...
--- --- ---
numa dessas segundas-feiras...
minha mente ainda estava impregnada...
com aquela visão-de-mundo... bem separatista...
bem seletiva...
bem dentro do referencial... "joio-e-trigo"...
que falamos ainda há pouco...
e... durante a aula...
num dos nossos ( frequentes ) papos-filosóficos...
deixei "escapar" essa "preciosidade" de frase:
( eu ) :... " não gosto de música popular ...
só gosto de música clássica "...
( o professor ):.. " é... interessante essa sua observação...
agora... vamos imaginar o contrário...
suponha que chegue um outro aluno meu... aqui...
e diga: " não gosto de música-clássica...
só gosto de música-popular "...
não estaria ele...
deixando de ter a oportunidade...
de conhecer obras belíssimas...
dentro da esfera da música erudita...?
beethoven... schumann... chopin... mussorgsky...
obras lindíssimas que ele estaria deixando de apreciar...?
só porque ele... por algum motivo...
resolveu se fechar...
não se permitindo um acesso...
a esse mundo maravilhoso... da música clássica...?
--- --- ---
( tal inversão me pegou de jeito...
pois como eu... na época... amava a música clássica...
ele... ao fazer tal inversão...
fez com que eu sentisse na "própria pele"...
o quanto seria lastimável se alguém pensasse o contrário...
ou seja... se alguém detestasse música-clássica... )
--- --- ---
ele continuava... ( desta vez já "des-invertendo" a metáfora ):
( o professor ):... " analogamente se eu digo:
... " gosto de X... não gosto de Y "...
eu estaria me auto-excluindo...
da possibilidade de experimentar...
o que Y poderia me oferecer "...
( no caso... a música popular...)
--- --- ---
... essa explicação...
... essa metáfora...
... essa inversão... sobre o meu próprio discurso...
... foi o suficiente para que eu...
finalmente... acordasse para o mundo...
acordasse para um mundo de novas possibilidades...
deixasse... finalmente... de lado...
aquela visão super-seletiva... do tipo...
isso "presta"... aquilo "não-presta"...
tal metáfora foi o suficiente para que eu...
pudesse considerar que...
é possível encontrar também... na música popular...
obras lindíssimas...
... peças que "toquem" nossa alma...
tanto quanto a música erudita...
--- --- ---
e... essa abertura...
essa nova visão-de-mundo...
não era restrita apenas à bipolaridade...
música-popular... música-erudita...
aplicava-se também à outras áreas...
como por exemplo:
... arquitetura-clássica... barroca... etc...
... arquitetura-moderna... contemporânea... etc...
medicina-tradicional-milenar-chinesa...
medicina-ocidental-moderna-com-equipamento...
... matemática-pura-e-filosófica...
... matemática-aplicada... ( engenharia... etc...)...
cinema-de-arte...
cinema "não-tão-de-arte-assim"...
enfim...
a abertura passou a ser total e ampla...
a partir daquela aula histórica...
uma abertura que deixava para trás...
... os preconceitos anteriores...
--- --- ---
da mesma forma que havia um preconceito contra a música-popular...
endeusando apenas a música-clássica...
... eu provavelmente deveria estar também...
vendo minha irmã mais nova... a clarice...
com o mesmo olhar discriminatório...
não que eu a desprezasse...
mas... talvez não me interessasse em "perder-o-meu-tempo"...
dando um mínimo de atenção para ela...
numa época em que eu tinha 18 anos-de-idade...
e ela... 14...
mas... graças à abertura ampla-e-total...
todas essas coisas...
todos esses assuntos...
que antes não me despertavam interesse...
passaram a ter... dentro de mim...
um novo espaço no meu recém-adquirido...
leque-de-interesses...
e... dentro desse novo leque...
surgiu minha-própria-irmã-mais-nova...
como uma pessoa... que...
poderia ter várias coisas para trocar comigo...
papos... idéias...
era um ser-humano ali... do meu lado...
morando na mesma casa em que eu morava...
cheio de assuntos para trocar...
para conversar comigo...
... mas que antes... eu... simplesmente não percebia...
ao viver fechado... dentro daquele terreno estéril...
da mentalidade da eterna seleção-super-seletiva...
... da eterna discriminação...
... do "joio e do trigo"...
quando... na realidade...
o professor-de-piano habilmente me fez ver...
que esse negócio de "joio-e-do-trigo"...
é uma grande "palhaçada"...
isso não existe...
o que existe é...
música-boa... e... música-ruim...
independentemente de ser popular ou clássica...
--- --- ---
e... esse novo olhar...
onde tudo poderia ser considerado...
como uma possibilidade de um enriquecimento...
acabou por me fazer... perceber...
que... ali... diariamente morando comigo...
existia minha irmã... e... por que não... ( ? )...
além de irmã... uma amiga...
onde eu poderia trocar idéias...
me enturmar com seus amigos...
... com suas amigas...
--- --- ---
na medida em que eu me permiti...
considerar a turma dela...
como minha turma...
na medida em que eu...
me permití ser introduzido...
ao grupo dela...
... aconteceu algo inesperado na minha vida:
fui aceito de "braços-abertos" por todos...
e... a partir daí...
todos nós ficamos satisfeitos:
eles... por terem o prazer de conhecer um cara mais velho...
um cara interessante...
meio excêntrico...
mas que todos sabiam que essa excentricidade...
era superficial...
no fundo eu era que nem todos eles...
um cara estudioso...
com bons princípios... etc...
--- --- ---
e... como na época...
eu já namorava a fabiana...
... isso reforçava ainda mais...
a tendencia de o ambiente entre nós...
ficar bem descontraído...
( já que eu não estava no "perigo"...
ou... "desesperado"...
atrás de nenhuma namorada...)...
então... foi uma época boa...
houve um saldo-positivo para todos:
para mim... para minha irmã...
e... toda sua turma-de-escola...
--- --- ---
em resumo...
o "toque" do professor-de-piano...
naquela segunda-feira histórica...
foi realmente... revolucionário...
no bom sentido...
para citar apenas uma...
dentre as milhares de consequências da tal abertura...
pude experimentar a felicidade de viver num grupo-de-pessoas...
trocando idéias...
indo à festas... dançando...
... enfim... participando da turma-de-escola... super-legal...
... da minha irmã clarice...
--- --- ---
hora de dormir...?...
hora de dormir...
boa noite...
até já...
um grande abraço...
...luis antonio...
Depois dessa breve digressão ao futuro...
podemos voltar ao ponto onde estávamos...
ou seja... ao período entre 69 e 72...
--- --- ---
as influências que o richard... ( juntamente com sua mãe )...
tiveram sobre minha maneira de encarar o mundo foram...
de certa forma... muito benéficas...
conforme mencionado anteriormente... foi graças a eles...
que eu fui introduzido ao mundo da filosofia-oriental...
ou seja... ao mundo da yoga... da respiração-purificadora...
dos pensamentos de gandhi...
dentro desse "pacote" estava indiretamente incluído...
o cuidar-do-corpo...
( dentro do contexto "mens sana in corpore sano"...)...
sendo assim... quando eles me convidavam para almoçar lá...
eu assistia... ( e participava de )... toda aquela refeição...
não só super-vegetariana... como também...
repleta de suplementos naturais...
balanceados de acordo com os conhecimentos especializadíssimos...
que a mãe do richard tinha...
no campo da nutrição...
--- --- ---
ovo normal...?
nem pensar... o ovo teria que ser de capoeira...
feijão normal...?
nem pensar... teria que ser feijão-de-soja...
arroz...?
só integral...
salada...?
era aquela quantidade enorme de folhas...
antes da refeição...
lavadas usando toda uma técnica especial...
suco de laranja...?
só feito na hora... ( sem açúcar... é claro...)...
e deveria ser tomado meia-hora antes do almoço...
para ir abrindo o espaço para os alimentos...
mas... atenção...!
deveria ser tomado meia-hora antes da refeição-principal...
--- --- ---
eu... adorava toda essa novidade...
além da comida ser boa e saudável...
era também... saborosa...
aquele grão-de-bico... super delicioso...
sentia que os alimentos realmente traziam uma boa vibração...
uma energia boa para o organismo...
mens sana in corpore sano...
--- --- ---
o cuidado com o corpo...
exigia também uma seleção mais cuidadosa das praias que seriam...
as mais aconselháveis para frequentar...
ao invés de irmos para ipanema...
( que já era um pouco poluída... mesmo nessa época...)...
optávamos para ir ao recreio-dos-bandeirantes...
ou à praia vizinha... a praia-da-macumba...
onde a água... nessa época...
era... realmente... puríssima...
... um oceano... ainda virgem...
todos esses cuidados... aparentemente... "burgueses"...
tinham uma finalidade oposta:...
a espiritualidade...
... a meditação-yogue...
onde a mente se silenciaria...
e nós transcenderíamos o "sansara" do mundo material...
do mundo "profano"...
do mundo "mundano"...
... rumo ao "nirvana"...
--- --- ---
e... toda essa preocupação com a seleção-dos-alimentos...
... a seleção da praia...
o refúgio na vilazinha de mauá...
( na fronteira entre os estados de minas e rio...)...
... fazia com que... no fundo...
nós adquiríssemos um estilo-de-vida...
altamente sofisticado... altamente burguês...
e... paradoxalmente oposto...
àquilo que pregávamos...
ou seja:...
à simplicidade gandhiana...
--- --- ---
em resumo...
éramos dois rapazes de uns 16 anos-de-idade...
onde tentávamos selecionar as coisas que rotulávamos de "puras"...
das que eram desprezadas como... "impuras"...
e... o tipo-de-música não escapava à tal filtragem...
a música deveria ser boa...
uma música que servisse de inspiração...
às nossas meditações yogues...
é claro que... dentro desta perspectiva...
não iríamos considerar aquilo que... ( naquela época )...
estávamos julgando como... "lixo"...
como por exemplo... "coisas-barulhentas"...
como o rock-and-roll...
ou mesmo a música popular em geral...
e... em particular... a música popular brasileira...
deveríamos saber separar...
o "joio do trigo"...
--- --- ---
por outro lado... as aulas-de-piano continuavam a todo-vapor...
( as aulas aconteciam nas segundas-feiras )...
às 8 horas da manhã...
toco a campainha do apartamento do professor...
( ele ) :... luis !!... que beleza... !...
há quanto tempo... rapaz...
quais as novidades...
tudo bom...?...
( eu ) :... beleza... tudo tranquilo...
--- --- ---
a sessão-da-aula começava...
normalmente o tempo-de-aula era preenchido de uma forma bem solta...
... bem flexível...
o professor não se sentia constrangido em tomar...
às vezes... 80% do tempo-de-aula...
batendo altos papos sobre diversos assuntos...
assuntos bons...
assuntos relevantes...
( não era um papinho superficial...
... algo sem substância... )...
dentro desse estilo-de-aula...
podemos talvez dizer... ( muito a grosso-modo )...
que as aulas fossem... em média...
... 80% de papo...
... 20% de piano...
--- --- ---
embora na época... eu estivesse na maioria das vezes...
torcendo para que a aula tivesse 100% do seu tempo...
dedicado à prática do piano-em-si...
... hoje em dia... sou muitíssimo agradecido ao professor...
por ter aplicado tal fórmula...
(... 80% papo... 20% piano... )... comigo...
... pois... foram graças a esses preciosíssimos "papos"...
que eu... felizmente... tive a oportunidade de ver o mundo...
com outros olhos...
--- --- ---
numa dessas segundas-feiras...
minha mente ainda estava impregnada...
com aquela visão-de-mundo... bem separatista...
bem seletiva...
bem dentro do referencial... "joio-e-trigo"...
que falamos ainda há pouco...
e... durante a aula...
num dos nossos ( frequentes ) papos-filosóficos...
deixei "escapar" essa "preciosidade" de frase:
( eu ) :... " não gosto de música popular ...
só gosto de música clássica "...
( o professor ):.. " é... interessante essa sua observação...
agora... vamos imaginar o contrário...
suponha que chegue um outro aluno meu... aqui...
e diga: " não gosto de música-clássica...
só gosto de música-popular "...
não estaria ele...
deixando de ter a oportunidade...
de conhecer obras belíssimas...
dentro da esfera da música erudita...?
beethoven... schumann... chopin... mussorgsky...
obras lindíssimas que ele estaria deixando de apreciar...?
só porque ele... por algum motivo...
resolveu se fechar...
não se permitindo um acesso...
a esse mundo maravilhoso... da música clássica...?
--- --- ---
( tal inversão me pegou de jeito...
pois como eu... na época... amava a música clássica...
ele... ao fazer tal inversão...
fez com que eu sentisse na "própria pele"...
o quanto seria lastimável se alguém pensasse o contrário...
ou seja... se alguém detestasse música-clássica... )
--- --- ---
ele continuava... ( desta vez já "des-invertendo" a metáfora ):
( o professor ):... " analogamente se eu digo:
... " gosto de X... não gosto de Y "...
eu estaria me auto-excluindo...
da possibilidade de experimentar...
o que Y poderia me oferecer "...
( no caso... a música popular...)
--- --- ---
... essa explicação...
... essa metáfora...
... essa inversão... sobre o meu próprio discurso...
... foi o suficiente para que eu...
finalmente... acordasse para o mundo...
acordasse para um mundo de novas possibilidades...
deixasse... finalmente... de lado...
aquela visão super-seletiva... do tipo...
isso "presta"... aquilo "não-presta"...
tal metáfora foi o suficiente para que eu...
pudesse considerar que...
é possível encontrar também... na música popular...
obras lindíssimas...
... peças que "toquem" nossa alma...
tanto quanto a música erudita...
--- --- ---
e... essa abertura...
essa nova visão-de-mundo...
não era restrita apenas à bipolaridade...
música-popular... música-erudita...
aplicava-se também à outras áreas...
como por exemplo:
... arquitetura-clássica... barroca... etc...
... arquitetura-moderna... contemporânea... etc...
medicina-tradicional-milenar-chinesa...
medicina-ocidental-moderna-com-equipamento...
... matemática-pura-e-filosófica...
... matemática-aplicada... ( engenharia... etc...)...
cinema-de-arte...
cinema "não-tão-de-arte-assim"...
enfim...
a abertura passou a ser total e ampla...
a partir daquela aula histórica...
uma abertura que deixava para trás...
... os preconceitos anteriores...
--- --- ---
da mesma forma que havia um preconceito contra a música-popular...
endeusando apenas a música-clássica...
... eu provavelmente deveria estar também...
vendo minha irmã mais nova... a clarice...
com o mesmo olhar discriminatório...
não que eu a desprezasse...
mas... talvez não me interessasse em "perder-o-meu-tempo"...
dando um mínimo de atenção para ela...
numa época em que eu tinha 18 anos-de-idade...
e ela... 14...
mas... graças à abertura ampla-e-total...
todas essas coisas...
todos esses assuntos...
que antes não me despertavam interesse...
passaram a ter... dentro de mim...
um novo espaço no meu recém-adquirido...
leque-de-interesses...
e... dentro desse novo leque...
surgiu minha-própria-irmã-mais-nova...
como uma pessoa... que...
poderia ter várias coisas para trocar comigo...
papos... idéias...
era um ser-humano ali... do meu lado...
morando na mesma casa em que eu morava...
cheio de assuntos para trocar...
para conversar comigo...
... mas que antes... eu... simplesmente não percebia...
ao viver fechado... dentro daquele terreno estéril...
da mentalidade da eterna seleção-super-seletiva...
... da eterna discriminação...
... do "joio e do trigo"...
quando... na realidade...
o professor-de-piano habilmente me fez ver...
que esse negócio de "joio-e-do-trigo"...
é uma grande "palhaçada"...
isso não existe...
o que existe é...
música-boa... e... música-ruim...
independentemente de ser popular ou clássica...
--- --- ---
e... esse novo olhar...
onde tudo poderia ser considerado...
como uma possibilidade de um enriquecimento...
acabou por me fazer... perceber...
que... ali... diariamente morando comigo...
existia minha irmã... e... por que não... ( ? )...
além de irmã... uma amiga...
onde eu poderia trocar idéias...
me enturmar com seus amigos...
... com suas amigas...
--- --- ---
na medida em que eu me permiti...
considerar a turma dela...
como minha turma...
na medida em que eu...
me permití ser introduzido...
ao grupo dela...
... aconteceu algo inesperado na minha vida:
fui aceito de "braços-abertos" por todos...
e... a partir daí...
todos nós ficamos satisfeitos:
eles... por terem o prazer de conhecer um cara mais velho...
um cara interessante...
meio excêntrico...
mas que todos sabiam que essa excentricidade...
era superficial...
no fundo eu era que nem todos eles...
um cara estudioso...
com bons princípios... etc...
--- --- ---
e... como na época...
eu já namorava a fabiana...
... isso reforçava ainda mais...
a tendencia de o ambiente entre nós...
ficar bem descontraído...
( já que eu não estava no "perigo"...
ou... "desesperado"...
atrás de nenhuma namorada...)...
então... foi uma época boa...
houve um saldo-positivo para todos:
para mim... para minha irmã...
e... toda sua turma-de-escola...
--- --- ---
em resumo...
o "toque" do professor-de-piano...
naquela segunda-feira histórica...
foi realmente... revolucionário...
no bom sentido...
para citar apenas uma...
dentre as milhares de consequências da tal abertura...
pude experimentar a felicidade de viver num grupo-de-pessoas...
trocando idéias...
indo à festas... dançando...
... enfim... participando da turma-de-escola... super-legal...
... da minha irmã clarice...
--- --- ---
hora de dormir...?...
hora de dormir...
boa noite...
até já...
um grande abraço...
...luis antonio...
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