estávamos em saquarema no ano de 1974...
a minha decisão de alugar uma casinha-de-pescador lá...
era uma consequência inevitável...
de toda uma história ocorrida nos últimos anos anteriores...
ao me preparar para o vestibular no curso-vetor em copacabana...
durante o ano de 1971...
quando eu morava com meus pais e irmãos...
na rua jota-carlos no jardim-botânico... quase humaitá...
... minha vida era bem saudável...
embora a mente estivesse passando por uma fase... digamos... intensa demais...
pelo fato de estar... constantemente me exercitando...
nos exercícios-de-demonstração da matemática e física...
( que de certa forma... me davam um certo prazer... (confesso)...
... eu sempre gostei... sempre "curtí" poder acompanhar...
... entender... e contemplar...
.... a linha-de-raciocínio...
... exposta nessas demonstrações...)...
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entre 1971 e 1974...
muita coisa "rolou"...
muita coisa aconteceu...
principalmente no primeiro-semestre de 1972...
que foi o semestre onde... embora eu já tivesse passado no vestibular...
eu não precisava ir lá... na faculdade...
já que minha primeira-opção no ato-da-inscrição tinha sido...
a de só começar a faculdade no segundo-semestre de 1972...
conforme havíamos comentado em alguns textos anteriores...
muita coisa "rolou" entre 71 e 74...
mas tais acontecimentos serão... talvez...
detalhados em textos futuros...
nesse momento... talvez a melhor ideia seja a de...
nos transportarmos para o mes de julho de 1974...
onde eu... já com o ciclo-básico da PUC concluído...
resolvi dar um "tempo"...
dar uma "interrompida-zinha" na PUC...
ou seja... trancar-a-matrícula...
e... alugar uma casinha-de-pescador em saquarema...
uma idéia acertadíssima...
nunca em minha vida... passei por uma fase tão boa...
quanto àquela relativa aos dois anos em que "morei" em saquarema...
mais precisamente... "semi-morei"...
já que... um pé ficava no rio-de-janeiro...
e... o outro pé... em saquarema...
isso porque eu tinha que dar aulas no colégio-anglo-americano...
nas segundas... terças... e quartas...
chegava em saquarema quarta-à-noite...
tomava aquele banho-de-balde ao ar livre...
olhando para aquele céu fantasticamente estrelado...
da aldeiazinha de pescadores...
e... finalmente estava vivendo... saboreando a vida...
de um modo... como eu sempre havia sonhado...
surfando de quinta à domingo...
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nas quintas e sextas...
a vilazinha mantinha o seu astral...
super-tranquilo... típico das cidadezinhas pequenas do brasil...
nos finais-de-semana...
os poucos turistas traziam para o ambiente...
alguns aspectos típicos da turma que vivia no rio-de-janeiro...
às vezes traziam...
para a tranquila saquarema...
algumas "neuroses" ou... "histerias"...
como as que são manifestadas... por exemplo...
quando veem um inseto diferente... etc
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mas... na medida em que a pessoa passa a viver lá...
mais constantemente...
essas "deformações" que às vezes trazemos... da cidade-grande...
acabam desaparecendo...
portanto...
eu... naturalmente... me adaptei àquela vida-primitiva...
deliciosamente "selvagem" da vilazinha...
me sentia... de certa forma como sendo um cara da região...
... um "local"..
completamente adaptado àquele marzão maravilhoso...
andando descalço... pelo chão-de-terra-batida...
vivendo saudavelmente...
exercitando meu instinto-de-sobrevivência...
ao "enfrentar" aquelas ondas maravilhosamente grandes e generosas...
... volumosas... lá de itaúna...
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o surf era apenas uma das componentes super-benéficas...
dentro desse novo estilo-de-vida...
naquela época... ainda existiam peixes no mar...
o peixinho-frito que eu almoçava no "prato-feito" lá da vila...
tinha o sabor de um peixe super-saudável...
super-fresco... recém-saído do mar...
o ar- puro e o contato dos pés-descalços no chão...
propiciavam condições para um verdadeiro renascimento do meu ser...
desde criança... eu nasci com as perninhas tortas...
como se fosse... o garrincha...
e... com o passar dos anos...
o "pisar-de-uma-forma-errada" acaba gerando...
certos desalinhamentos estruturais no corpo da pessoa...
dentro de um contexto de uma postura-global...
( tão bem descrito no livro da ida rolf... "rolfing"...)...
por isso... sempre tive dificuldade em me adaptar...
com os sapatos em geral...
e lá... tudo o que eu precisava...
era de duas bermudas... duas camisas... um par de sandálias-havaianas...
e... mais nada...
a prancha e a parafina...
um pouquinho de dinheiro para me alimentar...
dinheiro esse que vinha do meu trabalho no anglo...
( o que significava estar com a consciência-tranquila...
...em todos os sentidos...)
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é por isso que eu digo...
que esses dois anos que passei lá...
foram um dos melhores anos da minha vida...
... sem preocupações...
só vivendo...
sentindo... e acompanhando...
as "lições-de-vida" que as ondas...
e o mar de saquarema... me davam...
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semelhantemente ao que acontecia no filme "la piscine"...
onde a vidinha do casal alain delon e romy schneider...
era... subitamente "invadida" por um grupo enorme de amigos...
chegando... de surpresa... em dois... três... quatro carros...
... tal fenômeno também acontecia lá...
na cabaninha-de-pescador de saquarema...
(quase) todos os sábados de manhã...
meus amigos lá da universidade rural...
(que conhecí através da fabiana...)...
chegavam em peso...
para curtir o final-de-semana em saquarema...
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se... por um lado... a "paz" acabava...
por outro lado... era bem legal...
repentinamente...
eu me via envolvido com toda aquela turma imensa...
um pessoal que trazia junto com eles... mil papos...
mil idéias... era legal...
sem querer... sem planejar... e... por acaso...
eu me via tendo uma vida social...
o que é algo sempre bom...
principalmente pelo fato de estarmos sempre trocando inúmeros papos...
saindo juntos... em grupo... para ver o pôr-do-sol... etc...
e... como eu sempre tive uma natureza introvertida...
se... dependesse de mim...
eu nunca iria ter a iniciativa de convidá-los para esse convívio...
muito provavelmente eu iria me acomodar ao meu estilo solitário...
eu... ...as ondas...
eu... e a natureza...
eu... e meus pensamentos...
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num desses dias...
a casa (cabana) ficou tão super-lotada...
que a turma do paranauinha teve a feliz ideia...
de trazer com eles... um pára-quedas...
que... na época... era costume usá-lo...
como se fosse uma barraca-imensa de acampamento...
e eu... como havia passado o dia no surf...
( e naquele dia as ondas estavam 'big"...)...
... quando deu umas 9... ( ou 10 ) horas da noite...
me "bateu" um sono danado...
uma vontade de dormir num lugar tranquilo...
lá em casa era impossível...
pois a "festa" estava a mil- por- hora...
som alto... milhões de pessoas dentro da casa... conversando...
aquela loucura...
impossível eu me recolher na minha caminha...
no meu cantinho habitual...
e... como o sono bateu que bateu...
peguei meu travesseiro... meu lençol...
e fui lá para o pára-quedas (acampamento)...
do paranauinha... para dormir...
ao chegar lá... estava todo o sub-grupo do paranauinha lá...
e... ao entrar no pára-quedas...
disse que estava indo lá para dormir...
porque lá em casa estava impossível...
nesse momento...
o paranauinha começa a rolar no chão de tanto rir...
" ha... ha... ha... ha... ha...
não acredito...
o bebê ( eles me chamavam de bebê...)...
não tá podendo dormir na própria casa...
ha... ha... ha... ha... ha... "
e ria... e ria... e ria...
aquela risada gostosa...
que só o paranauinha sabe dar...
ao ter os olhos para enxergar...
o lado engraçado da vida...
principalmente quando essa face-engraçada-da-vida...
é revelada através de alguma ação vinda por algum amigo dele...
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a partir dessa risada...
desse astral maravilhoso...
onde ele... sua irmã... seu cunhado...
seus amigos participaram...
... isso fez com que eu me sentisse bem...
me senti num ambiente...
onde todos... gostavam de mim...
aliás... essa turma da universidade-rural...
que conheci através da fabiana...
era... em geral... uma turma onde (quase) todos gostavam de mim...
era um pessoal que eu também me sentia completamente à vontade...
... e... de certa forma...
esse "me-sentir-à-vontade-com-a-turma-da-fabiana"...
era uma consequência perfeitamente natural...
do fato de eu ter me sentido sempre...
"completamente-à-vontade-com-a-fabiana"...
e... uma coisa leva... naturalmente... à outra...
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e... voltando ao acampamento no pára-quedas do paranauinha...
a sua risada...
geradora de todo aquele ambiente bom...
onde todos simpatizaram...
com aquela atitude engraçada...
onde o próprio morador...
abre- mão do seu conforto...
para não cortar-o-barato-da-festa...
essa atitude engraçada...
e ao mesmo tempo... simpática...
ao sinalizar uma não-resistência à algo que incomoda...
( no caso... o barulho infernal da festa...
... a confusão generalizada...)...
e... a atitude humilde...
e pacífica...
de me deslocar...
e me refugiar no acampamento...
... gerou... toda aquela atmosfera boa...
iniciada principalmente...
pela risada super-espontânea...
que só o paranauinha é capaz de dar...
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a fase em saquarema...
além de me trazer um contato profundo...
com sua belíssima natureza...
... me apresentou também duas "figuras"...
dignas de destaque:
o paranauinha...
e também o rousseau...
... cujas presenças estarão... provavelmente...
muito "presentes"... em alguns desses relatos futuros..
até a próxima...
me despeço...
lhe desejando... tudo-de-bom...
um grande abraço...
...luis antonio...