...29.1... hoje de manhã...

hoje  de  manhã  ao  me  espreguiçar  na  cama...
minha  mente  ficou  procurando  algo  de  interessante...
para  contar...  ...para  escrever...

esse  relato  sobre  o  máicol...
ficou  algo  um  pouco  maçante...
um  pouco  sem  graça...

em  outras  palavras...
ficou  um  relato  "chato"...
dá  vontade  de  dormir...
...  de  dar  um  "peteleco"  nessa  leitura...
e...  nunca  mais  voltar...

( talvez  esse  sentimento  de  enjoo...  em  relação  ao  texto  anterior...
  que  sinto...  sempre  que  dou  uma  re-lida  nele...
  seja  um  reflexo  direto  da  sensação  de  enjoo...
  que  eu  estava  sentindo  naquela  época...
  ao  entrar  para  a  segunda  fase  do  colégio  anglo-americano...

  digo  segunda  fase...
  pois  a  primeira  foi  realmente  emocionante...

  afinal...  foi  nessa  primeira  fase  que  se  deu...
  o  encontro  entre  eu  a  fabiana...)

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então...  dentro  desse  referencial...
de  achar  que  o  texto  anterior  estava  meio  sem-graça...  meio  "chato"...
acordei...  hoje  de  manhã...
com  a  mente  em  atividade...
fiquei  matutando...  pensando  com  meus  botões...
no  que  falar...

a  vontade  que  tive...
era  a  de  deixar  saquarema  (e  suas  ondas...)...  um  pouco  de  lado...
e  partir  direto  para  a  fase  pós-saquarema...
ou  seja...
no  rio-de-janeiro...  ainda  no  período  de  matrícula-trancada-na-faculdade...
( de  74  a  79  )...

devo  ter  passado  1 ano-e-meio-e-meio  em  saquarema...
usufruindo  do  esquema  das  turmas  de  dependência  no  anglo...
tão  bem  "arquitetado"  pelo  máicol...
já  que...  dentro  desse  "esquema"...
o  único  compromisso  que  eu  tinha  com  o  rio-de-janeiro...
era  dar  aquelas  "aulas"...
... (meio  fantasmas...  já  que  muitas  vezes  não  aparecia  ninguém...)...
apenas  nas  segundas...  terças...  e...  quartas...
possibilitando  portanto...
essa  maravilha  de  fase  na  minha  vida...
onde  minha  saúde  nunca  esteve  tão  nota-dez...
ao  descer  constantemente  em  ondas  de  cinco  metros...
no  "pico"  fantástico  de  itaúna...

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ao  me  espreguiçar  hoje  de  manhã...
minha  mente  se  viu  "forçada"...
a  mergulhar  nesses  anos  históricos...
procurando  algo  de  interessante  para  contar...

o  excesso  das  areias  brancas  de  saquarema...
poderia  trazer  um  clima  de  monotonia  à  narrativa...
clima  esse...  não  muito  bem-vindo...

mas...  ao  mesmo  tempo...
eu  não  queria  me  afastar  muito  desses  anos  históricos...

talvez  pudesse  ser  uma  ideia  interssante...
relatar  o  que  acontecia  quando  eu  estava  no  rio-de-janeiro...
nos  intervalos  das  minhas  idas  à  saquarema...

pensei  no  episódio  onde  eu...
ao  ser  colocado  dentro  da  escuridão...
da  parte-de-trás  de  um  camburão...
me  senti  como  se  estivesse  levando  um  "caldo"...
de  uma  dessas  ondas  poderosas  lá  de  itaúna...

depois...  pensei  em  descrever  a  trajetória  em  que  eu  e  o  rousseau...
caminhamos  juntos  em  77  e  78...

e...  ao  "mergulhar"  nesse  período...
naturalmente  veio  à  tona...
a  estrutura  da  interação  entre  eu  e  o  rousseau...

e...  para  minha  surpresa...  percebi  agora...
que  existia  uma  espécie  de  característica  parecida...
com  a  descrita  no  texto  anterior...
ou  seja...
com  a  maneira  com  que  eu  e  o  máicol  interagíamos...
ou  seja...
o  máicol  fazia  as  coisas  acontecerem...
enquanto  que  eu...
me  limitava  a  ser  seu  "ouvinte-oficial'...
de  suas  (infinitas)  divagações...

no  caso  do  rousseau...
havia  também  uma  "troca"...
o  que  ele  recebia  de  mim...
até  hoje  não  está  muito  claro...  para  mim...

mas  o  que  eu  recebia  dele...  isso  sim...
tenho  uma  consciência  plena  do  que  era...
(que  será  descrita  num  texto  futuro...)...

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conhecí  o  rousseau  em  saquarema...
ele  fazia  parte  da  turma  da  minha  irmã  clarice...
turma  essa  que  também  ia  em  peso...
me  "visitar"...  em  saquarema...
( a  outra  turma  era  o  pessoal  da  rural...
    ... que  conheci  através  da  fabiana...)...

após  a  fase  de  saquarema...
( e  antes  da  fase  do  "rousseau"...)...
houve  a  fase  do  "paranauinha"...
também  no  rio...  onde...  graças  à  sua  influência...
comecei  a  mexer  com  fotografia...  (em  preto-e-branco)...
revelando  os  filmes  no  laboratório  do  grêmio-estudantil  lá  da  PUC...
o  famoso  CUF...  (centro universitário de fotografia)...
numa  daquelas  casinhas  lá  do  diretório  acadêmico...

às  vezes...  eu  "virava"  a  noite  lá...
revelando  os  filmes...
e  também  ampliando  os  melhores  negativos...

todo  esse  ritual  da  manipulação  artesanal...
com  os  líquidos  químicos  da  kodak...
é  coisa  do  passado...

hoje  em  dia...
... a  tecnologia  digital  das  câmeras...
      cujas  imagens  podem  ser  tranquilamente  transferidas...
        para  o  computador...
fez  com   que...  toda  aquela  fase  da  fotografia  tradicional...
ficasse  praticamente  extinta...

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durante  esses  cinco  anos  de  matrícula  trancada  na  faculdade...
minha  vida  passou  por  diversos  tipos  de  "aprendizagens  extra-curriculares"...
aprendizagens  essas  em  que  fui  me  envolvendo...
de  uma  forma  puramente  acidental...
...  puramente...  por  acaso...

não  houve  um  "planejamento"...
tipo:... vou  ficar  em  saquarema  pegando  onda  durante  1 ano-e-meio...
depois  vou  "estudar"  foto-jornalismo  em  preto-e-branco  durante  1 ano...
...  etc...   etc...

é  óbvio  que  isso  não  aconteceu...
as  coisas  foram  acontecendo  de  uma  forma  puramente  acidental...
sem  nenhum  planejamento...   ( é  claro...)...

hoje...  posso  resumir  as  diversas  "fases"  pelas  quais  passei...
nesses  cinco  anos  de  matrícula-trancada...  ( 74  a  79  )...

1...   a  fase  do  surf  em  saquarema...
2...   a  fase  da  fotografia...
3...   a  fase  do  desenho...
4...   a  fase  do  ballet...

a  fase-do-desenho  foi  uma  consequência  natural  da  fase-da-fotografia...
pois  quando  eu  ampliava  as  fotos  em  preto-e-branco...
às  vezes...  errava  no  tempo  de  exposição  da  luz...
( proveniente  do  equipamento-de-ampliação...)
que  incidia  sobre  o  papel-fotográfico...

às  vezes...  colocava  pouco  tempo...
o  que  não  era  suficiente  para  "queimar"  os  grãos  do  papel...
de  uma  forma  ideal...
e  por  isso...
a  foto  ficava  anormalmente...  clara  demais...

e...  ao  manipular  com  o  tempo...
ao  expor  o  papel  a  diferentes  tempos...
dava  para  perceber  como  é  que  cada  "grão"  do  papel  fotográfico...
se  comportava  de  acordo  com  o  tempo-de-exposição...
da  luz  emitida  pelo  ampliador...

toda  essa  experiência  prática  no  laboratório  de  fotografia...
ensinava  indiretamente  o  que  é  uma  imagem  em  preto-e-branco...

... percebia  que  era  um  retângulo...
uma  matriz  retangular  de  grãos...
onde  cada  um  deles  poderia  se  apresentar  num  certo  tom  de  cinza...
uns  claros  e  outros  mais  escuros...

e...  o  entendimento  desse  princípio  básico...
me  possibilitou...  num  certo  dia...
pegar  um  lápis  e  papel...
e  tentar  copiar  um  desenho  do  pintor  di cavalcanti...
me  preocupando  apenas  em  usar  uma  técnica...
que  seria  a  de  "pontilhar"  o  papel...
de  acordo  com  a  "densidade-de-pontos"...
do  desenho  original...

enquanto  estava  "pontilhando"  o  papel...
eu  não  estava  muito  preocupado...
onde  tal  pontilhamento  iria  chegar...
( estava  apenas  tentando  copiar...
  a  densidade  do  pontilhamento  original...)...

quando  terminei...
para  minha  surpresa...
a  cópia  estava  bem  precisa...
bem  parecida  com  a  gravura  original...

a  partir  daí...
fui  fazendo  novos  experimentos...
que  foram...  dando  certo...

e...  daí  em  diante...
entrei  numa  nova  fase...
que  era  a  de  tentar  desenhar  objetos  do  mundo  real...
saindo  portanto  da  fase  de  copiar  outros  desenhos...
outras  pinturas...

mas...  dentro  desse  universo  de  objetos  reais...
nada  se  compara  ao  mundo...  do  corpo  humano...
...  braços...  pernas...  costelas...
a  expressão  de  um  olhar...
de  um  sorriso...
de  uma  cara  triste...   etc...

descobri  o  mundo  fantástico...
do  desenho  do  corpo  humano...

fui  ao  parque  lage...
estava  acontecendo  um  curso  de  desenho...
muitíssimo  maravilhoso...  muitíssimo  didático...
muitíssimo  interessante...  com  pessoas  muito  boas...
lá  estudando...  e  dando  aulas...

me  inscrevi  no  curso  
que  era  aberto  ao  público  em  geral...
através  de  uma  matricula-zinha  bem  simbólica...

além  do  curso-de-desenho-e-pintura...
haviam  oficinas  de  escultura...   de  barro...   etc...

enfim...   era  um  mundo  espetacular...
onde  se  "respirava"  uma  atmosfera...
voltada  ao  exercício  das  artes  plásticas...

as  aulas  eram  diárias...   de  manhã...
ao  chegarmos  lá  na  ex-casa  da  cantora  lírica  gabriela...
encontrávamos  sempre  uma  pessoa  posando  nua...

...  para  que  nós  alunos...
desenhássemos  sua  anatomia...

era  uma  experiência  única...

momentos  inesquecíveis  na  história-da-minha  vida...
onde  o  exercício-do-desenho  era  feito...
sobre  um  "objeto"  que  não  era  um  objeto...
era  um  ser-humano  de  carne-e-osso...
expondo  para  nós...
a  beleza  de  seu  corpo...
   para  que  pudéssemos
      construir  sua  imagem....
        ... no  papel...

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até  a  próxima...?
então  tá...
até  já...

me  despeço...
respirando...  junto  com  você...
uma  respiração-completa-yogue...

um  grande  abraço...
                                ...luis antonio...